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Casais abandonam empregos para ganhar dinheiro viajando pelo mundo

Por Exame 05/07/2018 14h02
Casais abandonam empregos para ganhar dinheiro viajando pelo mundo
Viagens pelo mundo - Foto: Reprodução

Quem nunca pensou, num dia estressante no trabalho, em largar tudo e viajar? Foi o que Adriano Castro, de 33 anos, e Gisele Rocha, de 29, fizeram em 2016. Ele, formado em Ciências da Computação, tinha um emprego confortável, com bom salário, mas não estava feliz. Já Gisele, recém-formada em Jornalismo, tinha perdido todas as economias após contratar um intercâmbio para Paris e levar um golpe da empresa. Foi então que os dois resolveram criar um blog e cruzar, num Jeep, a costa da Flórida à Califórnia, nos Estados Unidos, durante seis meses: essa seria a viagem-teste para um novo estilo de vida.
A aventura tornou-se viável por causa de um trabalho freelancer de Adriano, além de rendimentos do blog viajeibonito.com.br com publiposts e afiliados.

— Não estávamos ganhando dinheiro com o blog, mas o objetivo era não ficar no vermelho — explicou Gisele.

Entre vôos e retornos à cidade-base — Juiz de Fora (MG) —, os dois já visitaram, juntos, 21 países e se casaram em sete, respeitando as tradições de cada local: Lituânia, Vietnã, Tailândia, Bahamas, Estados Unidos (Las Vegas), Cuba e Patagônia. De acordo com Gisele, a ideia surgiu porque eles queriam celebrar a união sem gastar muito dinheiro, o que é comum em casamentos brasileiros.

Para isso, definiram o teto de U$ 100 por união, que é sempre realizada com a ajuda dos moradores locais. Além de dar dicas de pontos turísticos e hotéis, o casal expõe no blog o valor médio necessário para viajar por cada país.

Também em 2016, o casal de namorados Sabrina Chinelato, de 25 anos, e Henrique Fonseca, de 32, abandonou o conforto da rotina para conhecer novas culturas. A jovem jornalista deixou um mestrado — e o economista vendeu sua franquia de vestuário — para que eles passassem, a princípio, três anos e meio numa Land Rover, dando a volta ao mundo.

A preparação durou dois anos, período no qual fizeram trabalhos extras e venderam tudo o que não poderiam levar. O cálculo inicial indicava que gastariam R$ 7.500 por mês, mas a despesa tem sido um pouco maior, devido à variação cambial. Segundo Sabrina, antes de embarcar, eles arrecadaram 70% do valor necessário. Entretanto, gastaram R$ 40 mil dessa quantia somente com a montagem do motorhome.

— A gente pensou em montar uma estrutura melhor e depois economizar na hospedagem. Muitas vezes, um camping já é suficiente. Mas, às vezes, precisamos de hotel por estar muito frio ou estarmos muito cansados — explicou ela.

O casal esperava que imprevistos acontecessem, mas não imaginava o tamanho do prejuízo que eles poderiam gerar. O carro, por exemplo, quebrou quatro vezes e, além de ficar sem transporte, os dois ficaram temporariamente “sem teto”.

Para cobrir os gastos extras, Sabrina trabalha como designer gráfico, remotamente, para um hospital de Minas Gerais, e Henrique presta consultoria para cursos universitários. Além disso, os dois vendem fotos da viagem para bancos de imagem e também alimentam um blog, o www.terraadentro.com, que gera retorno.

Depois de cruzar as Américas de um extremo ao outro e lançar um livro vendido por meio do site próprio, o casal segue conhecendo a Europa, sem data para retorno.

— Já são 19 países visitados. A viagem mudou nosso conceito de rotina e de liberdade, e já enxergamos o "Terra Adentro", cujo objetivo era de só documentar a viagem, como um empreendimento — disse Sabrina.

Viajar sem previsão de volta também era plano do jornalista Rafael Coelho, mas a ideia foi vetada pela mulher dele, Amanda Vidal. Os dois chegaram a pensar em separação, mas entraram em consenso: fazer um mochilão por um ano.

O casal, que havia viajado de avião pela primeira vez em 2010, embarcou para o ano sabático no fim de 2013: vendeu o apartamento em Niterói e arrecadou R$ 80 mil para visitar cinco continentes. Devido ao bom planejamento e à ausência de luxos, eles gastaram R$ 77 mil, sendo a metade com transporte.

— Na Ásia, gastamos só R$ 10 mil em seis meses. Nós pagamos para dormir apenas em 35% das noites. Como era ano de Copa no Brasil, fazíamos amizade e dormíamos de graça em várias casas. Nas outras noites, hospedávamos em hostels — contou Rafael.

Quando retornaram, eles enxergaram belezas que não viam antes em Guapimirim — cidade natal de ambos — e abriram uma empresa de turismo. A intenção, agora, é conseguir comandar o negócio à distância para, em 2020, embarcar numa nova expedição.