Menina de 12 anos cria projeto para combater violência contra a mulher
Aos 12 anos e cheia de ideias, a estudante paulistana Teresa Batlickova gosta de ler, de teatro e de tocar ukulelê. Mas ser uma criança não a blinda dos problemas da sociedade. “Já sofri machismo. Nada tão sério como estupro ou assédio, mas já ouvi de um garoto que eu deveria aprender a lavar louça porque sou mulher”, conta a menina à Universa. "Além disso, sempre que vou jogar futebol com os meninos, eles dizem que sou café com leite".
Em um projeto da escola particular onde estuda, em São Paulo, as crianças deveriam encontrar um problema social e criar uma proposta para combatê-lo, Teresa compartilhou sua indignação com outras quatro colegas, também de 12 anos. O grupo decidiu falar sobre violência contra a mulher e, ao pesquisar, encontrou dados que, segundo a menina, precisavam ser divulgados. “Ao nos reunirmos, descobrimos que, a cada dois minutos, cinco mulheres são espancadas, e que são os parceiros ou ex-parceiros os responsáveis em mais de 80% dos casos reportados”, afirma.
“Percebemos que os dados mais alarmantes eram os de violência contra a mulher, os de assédio e os de estupro. Por isso, criamos panfletos informativos sobre esses casos e distribuímos na estação Butantã do metrô”, explica Teresa. No Brasil, em 2017, 164 casos de estupro foram registrados por dia.
Além de distribuir os panfletos, Teresa e uma das colegas explicaram aos inúmeros adultos que por ali passaram a importância de denunciar casos de assédio e abuso. Elas também criaram uma página no Instagram (@femininaconsciencia) em que publicam informações sobre como pedir ajuda em casos de assédio e como denunciar qualquer tipo de violência. “Criamos a página para atingir um público maior, falar de situações como o machismo silencioso, por exemplo. Não dava para escrever tudo em panfletos, senão ficaria muita coisa. A gente também avisa quais são os lugares com maiores índices de estupro para as mulheres ficarem ligadas”, conta.
O projeto deixou o âmbito escolar e se tornou uma meta para Teresa e as amigas: “Mesmo com o fim do trabalho, continuaremos abastecendo o Instagram e programamos novas panfletagens nos metrôs. A conscientização é a melhor forma de mudar uma realidade”, ela diz.