Emirados Árabes negam que princesa Latifa esteja desaparecida
Governo diz que filha do rei está em Dubai com a sua família; grupos de direitos humanos dizem que ela desapareceu após tentar fugir de seu país.
Os Emirados Árabes Unidos disseram nesta segunda-feira (24) que a princesa Sheikha Latifa bint Mohammed al-Maktoum, filha do rei, xeque Mohamed Bin Rashid al Maktum, está em casa e morando com sua família – negando acusações de que ela desapareceu após tentar fugir de seu país.
O mistério da princesa que desapareceu após tentar fugir de seu país
Grupos de defesa dos Direitos Humanos exigiam que os Emirados Árabes revelassem o paradeiro e as condições de Sheikha Latifa, após reportagens na mídia internacional dizerem que ela estava desaparecida.
A agência oficial de notícias do país "WAM" citou um comunicado do Ministério das Relações Exteriores, que por sua vez indica um comunicado enviado ao Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, em Genebra.
Nessa carta, a missão do país na ONU rejeita as "falsas denúncias" sobre o sequestro da jovem e "oferece evidências" de que Latifa está em sua casa e vivendo com a sua família em Dubai.
Além disso, de acordo com a carta e a pedido da família real, em 15 de dezembro Mary Robinson, ex-alta comissária de Direitos Humanos da ONU, se reuniu com Latifa na sua casa dela, em Dubai.
"Mary Robinson recebeu garantias de que a princesa Latifa está recebendo o cuidado necessário e o apoio que ela requer", diz a nota.
Junto com o comunicado, foram divulgadas duas fotos da jovem com uma roupa informal, calças jeans e casaco, cumprimentando Mary Robinson em um salão e sentada à mesa lanchando com ela e com outras pessoas que não são identificadas.
Denúncia
Em maio deste ano, a organização Human Rights Watch (HRW) denunciou que a filha do primeiro-ministro Mohamed Bin Rashid al Maktum, tinha sido sequestrada e levada para um lugar desconhecido há dois meses.
Segundo a organização, a jovem teria sido detida por forças dos Emirados Árabes perto da Índia, quando tentava fugir de navio. Uma testemunha contou à HRW que Latifa disse a amigos que desejava fugir por causa das restrições impostas por sua família.
Vídeo
Em um vídeo de 40 minutos publicado no Youtube, ela relatou que sua irmã Shamsa fugiu em 2000 para o Reino Unido, mas foi detida e enviada de volta para casa, e que ela mesma tentou fugir pela primeira vez em 2002 para Omã, mas foi detida na fronteira e depois "torturada".
Na gravação ela diz temer pela sua vida e afirma que seu pai "só se preocupa com a sua reputação" e "com o seu ego".
"Olá, meu nome é Latifa Maktoum, eu nasci em 5 de dezembro de 1985. Eu preciso me lembrar de falar tudo, porque esse pode ser o último vídeo que eu faço (...) E se vocês estão vendo esse vídeo, não é nada bom. Significa que ou eu estou morta ou em uma situação muito, muito, muito ruim.", diz no vídeo.
O vídeo teria sido gravado poucos dias antes de ela ter tentado fugir. "Muito em breve, eu vou fugir para algum lugar. E eu não tenho certeza se isso dará certo, mas estou 99% otimista de que vai funcionar", disse Latifa no vídeo, gravado em segredo com o objetivo de somente ser divulgado por seus amigos caso o plano de fuga não desse certo, segundo a BBC. O depoimento era como um pedido de ajuda para o futuro.