Divergências entre partidos de esquerda fragilizam oposição a Maia
PSB (32 deputados), PDT (28) e PC do B (9) têm reunião marcada para esta quarta-feira (16) para definir como o grupo que construíram para se opor ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) vai se posicionar na disputa no Legislativo
Divergências entre os três partidos de esquerda que formaram um bloco de oposição do governo podem fragilizar a estratégia de enfrentar a candidatura de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à reeleição como presidente da Câmara.
PSB (32 deputados), PDT (28) e PC do B (9) têm reunião marcada para esta quarta-feira (16) para definir como o grupo que construíram para se opor ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) vai se posicionar na disputa no Legislativo.
Acontece que cada um deles tem apontado para soluções diferentes e incompatíveis. Inicialmente, as três siglas caminhariam junto com Maia, que tenta comandar a Câmara dos Deputados pela terceira vez consecutiva.
No entanto, com o ingresso do PSL (52) na chapa de Maia, no início do ano, as legendas começaram a rediscutir seus posicionamentos.
Na semana passada, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, disse que a adesão do partido de Bolsonaro inviabilizou "completamente" o apoio a Maia.
A solução apontada pela sigla foi juntar os outros dois partidos do bloquinho de oposição a PP (37), MDB (34), PT (56) e PTB (10) e lançar várias candidaturas para forçar que a disputa caminhe para o segundo turno.
Destas siglas já estão lançados os nomes de JHC (PSB-AL), Arthur Lira (PP-AL), Ricardo Barros (PP-PR), Fábio Ramalho (MDB-MG) e Alceu Moreira (MDB-RS).
Mas o abalo ao favoritismo de Maia começou a dar sinais de reversão menos de 48 horas depois. Em reunião realizada no fim de semana, o PDT indicou apoio ao deputado do DEM.
O PC do B se reúne na manhã desta terça-feira (15), em Brasília, para definir que rumo seguirá. O líder da legenda na Câmara, Orlando Silva (SP), amigo de Maia, já descarta a ideia do PSB de lançar múltiplas candidaturas.
"Esta ideia é natimorta. Quem tem muitas candidaturas não tem nenhuma. Tem que construir outro caminho. Não existe corpo sem cabeça, é uma equação que não tem ponto de chegada", afirmou Silva à reportagem.
O PT, que foi excluído do bloquinho de oposição, mas pode integrar o bloco aumentado, ainda não chegou a uma decisão final. O partido se reuniu nesta segunda em Brasília.
Segundo lideranças da bancada, o martelo só deve ser batido no dia 31 de janeiro, véspera do pleito. "Com o PSL nós não iremos", afirmou a presidente do partido, senadora Gleisi Hoffmann (PR), eleita em outubro deputada federal.
"Nós hoje reafirmamos a mesma estratégia que vem sendo o norte da ação da nossa bancada, nossa prioridade continua sendo a construção de um bloco com os partidos de um campo democrático popular", disse o líder do PT na Casa, Paulo Pimenta (RS).
Segundo ele, os diálogos avançam bem com PSB e PSOL, que teriam se mostrado irredutíveis na posição de não apoiar um bloco composto pelo PSL. O PT também tem expectativa de composição com PDT e PC do B.
"Esperamos que o PDT e o PC do B não fiquem com o PSL, nós achamos que é muito importante sinalizar para a sociedade brasileira que existe aqui na Casa um bloco que é a favor da democracia, da nossa soberania, e que o lugar do PDT e do PC do B é junto conosco", afirmou.
Pimenta não descartou apoio a nenhum dos outros candidatos, deixando a porta aberta para um possível acordo com candidaturas fora do campo da esquerda, como um do PP ou do MDB.
O PT tem dificuldade em chegar a um consenso. Enquanto o grupo mais ideológico quer manter o discurso de oposição e é refratário à possibilidade de uma composição com Maia, a ala mais pragmática do partido defende aliança com quem tiver mais chances de vencer.
Este segundo grupo teme repetir o que aconteceu em 2015, quando o partido lançou Arlindo Chinaglia (PT-SP) à presidência da Câmara e ele perdeu para Eduardo Cunha (MDB-RJ), que fustigou o governo de Dilma Rousseff até chegar ao impeachment da então presidente.
Agora que o PT não é governo, o receio é ficar sem posições de destaque na Câmara e acabar apagado como oposição.