Saúde

Incidência de câncer de colo do útero no Brasil se assemelha aos países com baixíssimo desenvolvimento

70% dos casos registrados no país são causados pelo HPV

Por Grupo SOnHe 21/01/2019 09h09
Incidência de câncer de colo do útero no Brasil se assemelha aos países com baixíssimo desenvolvimento
Vacinação contra o HPV acontece em todo o Brasil. - Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil

Para cada 100 mil mulheres, 14 terão câncer colo do útero no mundo. Em países menos desenvolvidos esse número cresce para 15,7 casos a cada 100 mil mulheres e, nos mais desenvolvidos, 9,9. De acordo com o relatório estatístico do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Brasil possui uma taxa de 15,43 casos, bem próxima aos países menos desenvolvidos no mundo.

“A situação no Brasil é ainda mais preocupante quando analisamos os dados da Região Norte (25,62/100 mil), Nordeste (20,47/100 mil) e Centro-Oeste (18,32/100 mil), locais em que o aumento é significativo”, afirma o oncologista clínico de Campinas/SP David Pinheiro Cunha, do Grupo SOnHe - Sasse Oncologia e Hematologia.

O vírus Papiloma Vírus Humano, conhecido por HPV, é o responsável por cerca de 630.000 casos deste tipo de câncer por ano no mundo. Desde o lançamento da vacina contra o HPV, em 2006, mais de 200 milhões de doses foram aplicadas no mundo e diversos estudos – que monitoraram durante anos centenas de milhares de pessoas vacinadas na Austrália, Europa e América do Norte – excluíram a ocorrência de eventos adversos graves ou permanentes. 

O cenário no Brasil é alarmante. Em 2017, somente 41,8% das meninas elegíveis à vacinação tomaram a segunda dose e este número é ainda pior nos meninos, chegando somente a 13%. Por isso, o Ministério da Saúde está convocando frequentemente os adolescentes para a vacinação. 

“Importante destacar que para uma proteção eficaz é necessário receber duas doses da vacina. E, ainda, reforçar que a vacina utilizada no país é capaz de prevenir 70% cânceres do colo útero, 90% de cânceres anal, 63% do câncer de pênis, 70% dos cânceres de vagina, 72% dos cânceres de orofaringe e 90% das verrugas genitais. Além disso, as vacinas HPV protegem contra o pré-câncer cervical em mulheres de 15 a 26 anos, associados ao HPV16 /18.  São vacinas seguras e não aumentam o risco de eventos adversos graves, aborto ou interrupção da gravidez”, explica Dr. David.

Janeiro é o mês de conscientização do câncer de colo do útero, que dentre os tipos de tumor, é a neoplasia com altíssimo potencial de prevenção, atingindo a cura em mais de 80% dos casos quando diagnosticado em fases iniciais. Para o rastreamento e diagnóstico precoce é recomendado o exame citopatológico, conhecido popularmente como exame de Papanicolau. 

Outra forma de prevenção é a vacinação contra o HPV recomendada para meninas entre 9 e 14 anos e meninos entre 11 e 14 anos. Mulheres e homens fora dessa faixa etária também podem tomar a vacina no sistema privado, apesar da eficácia ser reduzida em caso de exposição prévia ao vírus.