"Hacker de Araraquara" usado por Moro é estelionatário com várias passagens pela polícia
O "hacker" Walter Delgatti Neto, que teria invadido o celular do ministro Sérgio Moro
O "hacker" Walter Delgatti Neto, que teria invadido o celular do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, é acusado de vários crimes, dentre eles estupro e estelionato. O ex-juiz usa Neto na tentativa de se livrar de envolvimento das irregularidades da Operação Lava Jato reveladas pelo Intercept Brasil. A fonte do site pode não ser a que foi apresentada pelas autoridades.
De acordo com o jornalista Glenn Greenwald, o primeiro contato com a fonte que repassou os diálogos do ex-magistrado a ele ocorreu no início de maio, ou seja, um mês antes da denúncia feita por Moro. E o hacker só apareceu em cena depois que Moro disse ter sido hackeado.
O curioso é que vida de ostentação de Neto chamou atenção da polícia. Segundo informações do programa Fantástico, em 2015, a administração de um hotel o acusou de ter ido embora sem pagar R$ 1 mil. Em outro hotel, foi acusado de pagar a conta com cartão de outra pessoa. O hotel procurou o dono do cartão e, segundo ele, Walter era um estelionatário. "O perfil dessas pessoas é relacionado a estelionato bancário eletrônico", afirma o coordenador de Inteligência da Polícia Federal João Vianey Xavier Filho, durante coletiva de imprensa.
Também acusado de hackeamento, Danilo, amigo de Neto, contou apoliciais que Walter às vezes aparecia com carros luxuosos, o que chamava atenção da polícia. Afirmou que não sabe dizer como Walter conseguia dinheiro para pagar as extorsões nem para comprar os veículos.
Em depoimento, Danilo afirmou que emprestou o nome para Walter alugar o imóvel, em nome da amizade, sem receber pagamento ou vantagem por isso, que a internet do apartamento ficou em seu nome, Danilo, e que emprestou para Walter uma conta bancária. Pediu um cartão extra e só Walter movimentava essa conta.
Danilo também confirmou que fez operações de câmbio a pedido de Walter, que disse ter extrapolado o limite de compra de dólares. Danilo disse que não conhece ocupação profissional alguma exercida por Walter, ao longo dos anos.
Outro detalhe é que a Polícia Federal já tinha encontrado operações financeiras suspeitas, feitas em 2016 por Walter e Danilo. Os dois compraram dólares e euros em casas de câmbio dos aeroportos de Natal (RN) e do Rio de Janeiro (RJ), em um total de R$ 90 mil.
Segundo a polícia, os dois teriam comentado que usariam o dinheiro para comprar armas. "Cartões de crédito e débito, o que é muito comum. E a Polícia Federal já tem alguma expertise nesse tipo de investigação", afirmou Xavier Filho, da inteligência da PF.
Estupro
Walter não estaria apenas ligado a crimes de estelionatário. Em 2015, a Delegacia da Mulher de Araraquara (SP) recebeu uma jovem de 17 anos, a namorada do irmão de Walter. Ela contou que foi dopada e estuprada pelo hacker.
Depois a jovem mudou o depoimento, negou o estupro e o caso foi arquivado.
Antes do arquivamento, a polícia foi até o apartamento de Walter e descobriu outro crime. Foram apreendidos vários medicamentos controlados, receitas médicas e uma carteirinha de estudante de Medicina da Universidade de São Paulo. Na época, Walter afirmou que usava a carteirinha pra pagar meia entrada no cinema e para enganar meninas, dizendo que era estudante de medicina. Foi preso por documento falso e tráfico de substâncias.
Na casa em que Gustavo e Suelen foram presos, a polícia encontrou quase R$ 100 mil em dinheiro.
Gustavo contou à Polícia Federal que estava com Walter quando ele foi preso com cartões de banco e cheques falsos. Na ocasião, segundo Gustavo, Walter tinha um extrato bancário de R$ 1,8 milhão na conta. Gustavo afirmou que Walter tinha fraudado o extrato, com o objetivo de se vangloriar.
A investigação da Polícia Federal descobriu que Gustavo e a mulher, Suelen, movimentaram R$ 627 mil em 5 meses. Mas o casal declarou renda mensal de R$ 5 mil.
Gustavo diz que é investidor de criptomoedas, principalmente bitcoin. Perguntado onde estão as senhas e chaves de acesso de suas contas, permaneceu em silêncio.
"O meu cliente nega, o Gustavo nega que tenha hackeado, ele nega veementemente, [diz] que não tem envolvimento nenhum com isso, né, a Suelen, fica difícil até de ela negar, porque todas as perguntas que foram feitas pra ela, ela nem entendia do que se tratava, né?", afirma Ariovaldo Moreira, advogado de Gustavo e Suelen.
Em depoimento, Suelen também não soube dizer qual a profissão ou ocupação de Walter. Declarou que ele aparentava possuir recursos financeiros, porque sempre frequentava bons restaurantes e hotéis de qualidade.
Mas a vida de ostentação virou caso de polícia em São Paulo. Em 2015, a administração de um hotel o acusou de ter ido embora sem pagar R$ 1 mil. Em outro hotel, foi acusado de pagar a conta com cartão de outra pessoa. O hotel procurou o dono do cartão, que disse que Walter era um estelionatário.
A jovem de Araraquara que conheceu Walter foi vítima de hackeamento, este ano.
"Exatamente no dia 22 de maio, eu recebi uma ligação do meu próprio número. E aí o Telegram também me enviou uma mensagem, dizendo que eu estava querendo o código de acesso... é uma coincidência muito estranha mesmo, ter o telefone hackeado no mesmo período, uma semana antes que o Sérgio Moro teve."
Ela chegou a desconfiar que Walter pudesse ser o responsável por isso.
"Pode ser que tenha uma relação, sim, eu creio que sim."
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