Ibama nega envolvimento com proliferação de cobras em Mata Grande
Agente de Fiscalização esclarece que não houve soltura de espécimes na região
Agentes de fiscalização do Ibama negaram, em entrevista para o 7Segundos, que tenha ocorrido soltura de cobras na zona rural de Mata Grande. Os moradores da comunidade conhecida como Barreiro estavam atribuindo o surgimento de um grande número de cascavéis ao Instituto.
"Falo com segurança que nunca houve soltura de cobras na região, nem cascavel e nenhuma outra espécie", declarou o agente de fiscalização e integrante do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama, Roberto Correia. Ele afirma ser responsável pela soltura desses répteis e a região de caatinga próximo a Mata Grande não é local escolhido para devolver à natureza esse tipo de animal.
"A soltura desses animais é feita em áreas que ficam próximas a rios e bem longe de regiões habitadas. Chegamos a percorrer até 40 quilômetros para fazer a soltura de cobras peçonhentas, para ter a certeza de que não há risco para a população e nem para elas", explicou.
Cascavel é o nome genérico dado a cobras peçonhentas que possuem como característica um chocalho na cauda. Geralmente se alimentam de roedores e de outros pequenos animais, mas pode atacar humanos se provocada ou caso se sinta ameaçada. O veneno liberado é capaz de matar uma pessoa adulta, caso a picada não seja tratada.
Segundo Roberto Correia, os habitat preferido das cascavéis são locais com muitas pedras, como na região do Alto Sertão alagoano e que a saída das cobras da caatinga para localidades povoadas está relacionada à invasão humana nas regiões de mata. "O desmatamento é a principal causa da invasão de animais silvestres em regiões habitadas, porque eles perdem suas moradias e vão procurar outro lugar para viver. Nesse caso específico, as cobras podem estar em busca de alimento", declarou.
Segundo moradores da região, que no final de semana alertaram para o surgimento de um grande número de cobras cascavéis e fizeram um apelo para que as unidades de saúde da região sejam abastecidas com soro antiofídico, as cobras são originárias de uma área de caatinga preservada, conhecida como Serra da Lagoa. Um dos limites da área é uma pista asfaltada, que tem na outra margem o povoado Barreiros. As cobras estariam atravessando a estrada e entrando em propriedades rurais. Muitas delas acabam sendo atropeladas por motoristas que passam pela rodovia, mas um morador afirma ter avistado cobras dentro de sua propriedade e uma delas bem próximo à residência de sua família.
O grande número de cobras, de acordo com Roberto Correia, pode sinalizar que a maioria dos répteis avistados podem ser filhotes. "Geralmente as fêmeas põem dezena de ovos de uma única vez, algumas das espécies chegam a colocar até 50 ovos e quando as cobras nascem, vão à procura de alimento", justificou.