Em novos áudios, Queiroz fala de Bolsonaro, PSL e funcionária fantasma
O áudio foi enviado pelo ex-assessor a um interlocutor não identificado, por meio do WhatsApp
O jornal Folha de S.Paulo teve acesso a novos áudios enviados através WhatsApp pelo ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL), Fabrício Queiroz. Os dois são alvos de inquérito do Ministério Público por suspeita de desvio de dinheiro público com a prática de “rachadinha” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Nos áudios divulgados pela Folha, Queiroz fala em voltar a trabalhar na política, “assumir” o partido da família Bolsonaro, o PSL, revela que tratou com o presidente da República, Jair Bolsonaro, sobre a demissão de uma funcionária fantasma da família e comenta as acusações do MP.
O áudio foi enviado pelo ex-assessor a um interlocutor não identificado, por meio do WhatsApp. A fonte que repassou as gravações à reportagem pediu para não ter o nome divulgado.
Nas conversas, Queiroz se diz “agoniado” para voltar a trabalhar. "Torcendo para essa pica passar. Vamos ver no que vai dar isso aí para voltar a trabalhar, que já estou agoniado. Estou agoniado de estar com esse problema todo aí, atrasando a minha vida e da minha família, a porra toda."
Além de afirmar que está "tudo bagunçado aqui no Estado [Rio]", Queiroz se oferece para “blindar” Jair Bolsonaro, de quem se diz amigo. O presidente disse recentemente que não tem contato com o ex-assessor.
"Politicamente, eu só posso ir para partido. Trabalha isso aí com o chefe aí. Passando essa ventania aí, ficamos eu e você de frente. A gente nunca vai trair o cara. Ele sabe disso. E a gente blinda, a gente blinda legal essa porra aí. Espertalhão não vai se criar com a gente", diz Queiroz em um dos áudios.
O ex-policial aposentado também comenta, em um dos áudios, o caso de Cileide Barbosa Mendes, empregada doméstica da família Bolsonaro e “laranja” na empresa do ex-marido de Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente.
“Na época, o Jair falou para mim que ele ia exonerar a Cileide porque a reportagem estava indo direto lá na rua e para não vincular ela ao gabinete. Aí ele falou: ‘Vou ter que exonerar ela assim mesmo’. Ele exonerou e depois não arrumou nada para ela não? Ela continua na casa em Bento Ribeiro?”, diz o ex-assessor em áudio gravado em março deste ano.
A gravação não revela quando ocorreu a conversa entre o presidente e Queiroz. Jair e Flávio Bolsonaro afirmam que não conversam com o ex-assessor desde o final do ano passado, quando foi revelado que o Coaf (Conselho de Controle das Atividades Financeiras) identificou uma movimentação financeira atípica nas contas de Queiroz, semelhantes a um processo de lavagem de dinheiro.
Queiroz é acusado de repartir o salário que ganhava como funcionário público na Assembleia do Rio com o chefe, o então vereador Flávio Bolsonaro. Ambos negam a prática, conhecida como “rachadinha”. A investigação foi paralisada pelo Supremo Tribunal Federal, a pedido da defesa de Flávio, que ordenou a suspensão de todas as apurações envolvendo dados obtidos com o Coaf.
Comentando o cenário político
Nos áudios enviados em março, Queiroz também comenta o noticiário envolvendo a família Bolsonaro e o próprio presidente. “Estão fazendo chacota do governo dele. Rodrigo Maia está esculachando. Rodrigo Maia… As declarações dele humilha [sic] o Jair. Jair tinha que dar uma porrada nesse filha da puta. Botar o [ministro da Justiça] Sergio Moro para ir no calço [sic] dele. Tem p.... na bunda dele aí, antiga”, afirmou Queiroz.
Ele também criticou a atuação do presidente nas redes sociais. “Tem que falar com ele para parar com esse lance de Twitter. Tá pegando mal pra caralho. Ciro botou agora: ‘Elegeram um garotinho de 13 anos twitteiro.’ Aí vem um milhão de comentários. ‘Tem garoto de 13 anos mais inteligente’, não sei o quê. Focar no governo e esquece essa porra de internet de lado. Ta pegando mal.”
“Se eu não estou com esses problemas aí, cara, a gente não é de bobeira, não ia ter que fazer muita coisa com eles lá em Brasília, podia estar igual a você andando. Dava para investigar, infiltrar, botar um calunga no meio deles entendeu? Para levantar tudo. A gente mesmo levantava essa parada aí”, disse em Queiroz em um áudio de julho deste ano.
“É o que eu falo, o cara lá está hiperprotegido. Eu não vejo ninguém mover nada para tentar me ajudar aí. Ver e tal… É só porrada. O MP [Ministério Público] tá com uma pica do tamanho de um cometa para enterrar na gente. Não vi ninguém agir”, diz Queiroz em um áudio de julho, sem identificar de quem se trata o “protegido”.
O advogado de Queiroz, Paulo Klein, disse que o áudio em que seu cliente fala sobre voltar ao diretório do PSL diz respeito, apenas, a uma conjectura baseada na experiência que ele detém. "É fruto do capital político que [Queiroz] amealhou legitimamente, em razão de sempre ter pautado sua atuação dentro da ética e sem ter cometido qualquer crime.”
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