Chuvas em Minas e no Espírito Santo já mataram 23 pessoas
Tempestades causaram vários deslizamentos nos dois estados do Sudeste, deixando pelo menos 6 mil pessoas desabrigadas
A Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Minas Gerais confirmou a morte de pelo menos catorze pessoas em decorrência das chuvas fortes que atingem o Estado nos últimos dois dias. Somando com a tragédia provocada pelos recentes temporais de verão no Espírito Santo, o número de vítimas na região Sudeste sobe para 23 pessoas. O Corpo de Bombeiros divulgou na manhã deste sábado a morte da nona pessoa que morreu soterrada no Espírito Santo, no município de Conceição do Castelo.
Pouco tempo antes, já havia sido confirmada mais uma morte, que também é de uma criança, na cidade de Iúna. O estado já contabiliza, desde o último dia 17, quando começou a chover forte em vários municípios, mais de 3800 pessoas fora de casa. Em Minas, a situação se agravou nos últimos dois dias. Além mortes confirmadas, há dezesseis pessoas desaparecidas, 2599 desalojadas e outras 911 desabrigadas em todo o Estado.
Os temporais em Minas, além das mortes já registradas, provocaram alagamentos e transtornos em pelo 36 municípios em todo o Estado, sendo a região Leste e a Grande Belo Horizonte as mais prejudicadas, segundo a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec). Em Betim, Região Metropolitana de Belo Horizonte, um deslizamento provocou a morte de quatro pessoas na madrugada deste sábado. Foram duas casas atingidas pela forte enxurrada: em uma delas estavam um casal e uma criança, e na outra, um homem sozinho. As autoridades informaram que duas pessoas não resistiram sob escombros de uma casa no bairro Jardim Teresópolis, também em Betim. Outras três mortes aconteceram na Zona da Mata mineira, uma em Matipó, outra em Manhuaça e a terceira em Pedra Bonita.
Na manhã deste sábado, o Corpo de Bombeiros já havia comunicado que duas pessoas morreram em consequência de um deslizamento de terra na Vila Bernadete, na Região do Barreiro, na capital mineira. A corporação registrou outras três mortes, uma mãe e seus dois filhos – um deles bebê –, por causa de deslizamentos causados pelas tempestades em Ibirité, na Região Metropolitana. As vítimas ainda não tiveram a identidade divulgada. Nessa região, onde um cano da Companhia de Águas de Minas Gerais (Copasa) também se rompeu, as buscas seguem e há informações de que uma mulher continuaria desaparecida. Segundo os bombeiros, o trabalho também prossegue em Vila Bernadete. O Corpo de Bombeiros ainda trabalha no bairro Jardim Alvorada, em Belo Horizonte, onde cinco pessoas são procuradas sob os escombros. De acordo com informações preliminares dos agentes que trabalham no local, seriam três crianças e dois adultos.
Hoje pela manhã o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, sobrevoou as cidades de Governador Valadares, Carangola e Manhuaçu com representantes da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros para avaliar os estragos provocados pelas chuvas. Segundo o governador, os pontos de maior atenção estão sendo monitorados, como também as áreas de risco. Pelas redes sociais, lamentou a tragédia e reafirmou que os órgãos estaduais trabalham para minimizar os impactos causados. “Lamento profundamente pelas mortes ocorridas, especialmente de uma criança, decorrentes da maior chuva já registrada em toda história de Belo Horizonte e Região Metropolitana. Ressalto que o governo está trabalhando e os órgãos responsáveis monitorando todas as regiões. É imprescindível que todos sigam as recomendações da Defesa Civil para se protegerem”, escreveu.
Ainda neste sábado, o presidente em exercício, Hamilton Mourão, determinou a ida amanhã do ministro de Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, às áreas atingidas pelas chuvas em Minas Gerais. Ele vai sobrevoar o local e, em seguida, discutir com o governador Romeu Zema o plano de trabalho, que já está em análise no ministério e que deverá ser divulgado na segunda-feira. A equipe técnica do governo federal discute os valores necessários para reparação das cidades e atendimento às vítimas. A Defesa Civil Nacional decretou estado de emergência nas cidades de Belo Horizonte e Contagem em Minas Gerais. Nos últimos dias, também foi decretado estado de calamidade pública para os municípios capixabas de Alfredo Chaves, Iconha, Rio Novo do Sul e Vargem Alta. Após o reconhecimento federal, os municípios devem elaborar um plano de trabalho e encaminhar para a aprovação de recursos do ministério.
Ainda há muita apreensão em Minas Gerais. O instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) informou que Belo Horizonte teve ontem o dia mais chuvoso da história da cidade, desde que começou a medição climatológica há 110 anos. Durante 24 horas, o acumulado de chuva chegou a 171,8 milímetros na cidade. Na manhã deste sábado, além de Belo Horizonte e Ibirité, bombeiros também moram mobilizados para atender ocorrências de desabamentos e soterramentos em Betim, na Região Metropolitana. Um dos casos é na Rua Londres, no bairro Duque de Caxias. Há buscas também no bairro de Teresópolis, mas ainda não há informações de mais desaparecidos no local. À tarde, a Defesa Civil informou que há risco de deslizamentos em nove cidades da Região Metropolitana de BH: Sabará, Rio Acima, Brumadinho, Contagem, Nova Lima, Ribeirão das Neves, Ibirité, além de Betim e a própria capital mineira.
A previsão de tempo ruim para hoje no Estado preocupa a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil de Belo Horizonte. De acordo com o serviço meteorológico, a capital mineira deve ter o céu encoberto com chuvas a qualquer hora do dia. Nesta sexta, a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec) elevou o status de operação do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad) para alerta máximo por contas das tempestades que atingem as regiões Sudeste e Centro-Oeste do país.
Em decorrência das fortes chuvas que atingiram Minas Gerais e Espírito Santo nos últimos dias, pelo menos sete cidades das regiões do Norte e Noroeste do Estado do Rio também enfrentam problemas. Os temporais nos estados vizinhos contribuíram para a elevação e transbordamento de pelo menos três rios nos municípios fluminenses. Cidades como São Jesus do Itabapoana, Italva, Itaperuna, Porciúncula, Laje do Muriaé, Natividade e Cardoso Moreira apresentam vários pontos de alagamento e já há na região pelo menos 600 pessoas desabrigadas ou desalojadas.