Justiça

Ex-policial é condenado a 18 anos de prisão pelo assassinato de Edler Lira em 2008

A irmã de Edler, Micheline Lira, disse a reportagem do Sete Segundos que a família agora está aliviada

Por 7 Segundos 06/02/2020 17h05
Ex-policial é condenado a 18 anos de prisão pelo assassinato de Edler Lira em 2008
Edler Lira estava chegando ao posto de combustíveis onde trabalhava quando foi assassinado em 2008 - Foto: divulgação

O ex-policial civil Jadielson dos Santos Nunes foi condeando há 18 anos de prisão, nesta quinta-feira (06), pelo assassinato de Edler Lira dos Santos. O homicídio aconteceu no dia 18 de junho de 2008 em um posto de combustíveis no município de Coité do Noia, onde a vítima trabalhava como gerente. O júri popular foi conduzido pelo juiz da 8ª Vara Criminal Geneir Marques de Carvalho Filho e aconteceu no Fórum de Arapiraca.

A família compareceu em peso a sessão. A irmã de Edler, Micheline Lira, disse a reportagem do Sete Segundos que a família agora está aliviada, uma vez que se sentiam ameaçados com o ex-policial em liberdade.

"Eu gostaria de agradecer a Deus, a gente saiu de casa hoje, a família inteira reunida, os filhos, mãe as irmãs, viemos clamar pela justiça e a gente sabe que diante de fatos não há argumentos a gente clamou muito o nome de Deus, porque sabíamos que tinha sido que tinha matado o meu irmão, o Edler Lira, há 12 anos  atrás, mas perante a justiça tem que ter provas, foi um júri muito bem articulado, e o promotor Sergio foi maravilhoso na sua conduta e mostrou perante ao júri que ele precisa ser condenado. Graças a Deus, e só peço que nesse momento Deus alimente a mente dele para que ele venha se tornar uma pessoa boa, porque uma pessoa igual a ele é um ameaça para a sociedade, nós nos sentíamos ameaçados enquanto ele estava solto, mas graças a Deus a justiça do homem foi feita", disse Micheline Lira.

O juiz da 8ª Vara Criminal Geneir Marques de Carvalho Filho informou que a condenação foi dada pelo júri e que a ele coube a dosagem da pena. "A respeito do julgamento ao Juiz Presidente cabe apenas conduzir a sessão, e assegurar que as partes tenham tratamento igualitário, as prerrogativas dos direitos da acusação e da defesa devem ser segurados, e acabe ao Juiz Presidente exercer o poder de polícia da sessão. O julgamento cabe aos senhores jurados que definem se o réu deve ser condenado ou inocentado, no caso de hoje os senhores jurados entenderam por bem condenar o réu pelo homicídio ocorrido em 2008 e a mim apenas coube a tarefa de lavrar a sentença e dosar a respectiva pena. Foi dosada uma pena de 18 anos de reclusão, mas o mérito em si é dos senhores jurados".

Porém a defesa do ex-policial civil Jadielson dos Santos Nunes recorreu à decisão, e o réu deve aguardar o parecer em liberdade. 

Entenda o caso

Edler Lira foi executado a tiros no momento em que chegava para trabalhar no posto de combustíveis, localizado na rodovia AL-110. As filmagens das câmeras de segurança mostram dois homens chegando ao estabelecimento em uma motocicleta. Um deles aponta uma arma para um frentista enquanto o segundo se dirige para a vítima e atira várias vezes na direção dela. Em seguida, o outro também se aproxima da vítima, que já estava caída, e efetua mais disparos. Em seguida a dupla foge.

Durante as investigações sobre o homicídio, os autores do crime foram identificados como Antônio Ananias dos Santos e o então policial civil Jadielson dos Santos Nunes. Durante a fuga do local do crime, eles chegaram a ser abordados por policiais militares que se dirigiam para o local do crime, mas foram liberados após Jadielson se identificar como policial.

Conforme o inquérito policial, Antônio Ananias contratou o policial para executar o crime com ele e teria efetuado pagamento de R$ 1 mil e um aparelho de som ao cúmplice. A motivação do crime teria sido vingança em decorrência de uma rixa entre ele e a vítima, ocorrida em 1998, motivada pelo empréstimo de um veículo.

Edler Lira teria emprestado uma motocicleta para o cunhado de Antônio Ananias, que devolveu o veículo com avarias após se envolver em um acidente. A vítima exigiu que fosse efetuado o pagamento do conserto da motocicleta e Antônio Ananias esteve na residência dele, fez ameaças e chegou a efetuar um disparo de arma de fogo. O caso chegou ao conhecimento da polícia e o acusado foi preso por porte de arma, mas respondeu pelo crime em liberdade. 

No decorrer das investigações, a dupla chegou a cumprir prisão preventiva, mas depois foram liberados para responder pelo crime em liberdade. "A gente passou a ter medo de sair de casa. Teve uma vez que minha irmã e eu encontramos com o mandante do crime na rua e chegamos em casa apavoradas. Essa sensação de perseguição acabou atingindo meu pai, que sofreu um infarto e faleceu", relata Michele Lira.

Antônio Ananias morreu em junho do ano passado, durante um confronto com a polícia após um assalto a um posto do Banco do Brasíl em Pindorama, município de Coruripe. No veículo dele, a polícia encontrou corrente de grampos, que são utilizadas para evitar pserguições policiais e roupas camufladas que foram usadas no assalto.

O ex-policial Jadielson dos Santos sentou no banco dos réus após outras três tentativas de julgamento, que foram suspensas em decorrência de recursos judiciais.