Seminário discute direito a liberdade religiosa em Arapiraca
Com a presença da juíza Juliana Batistela, adeptos das religiões afrodescendentes trataram do direito ao culto religioso
Aconteceu na tarde desta segunda-feira (17), na Casa da Cultura, em Arapiraca, o Seminário Políticas Públicas em Defesa da Liberdade Religiosa. O evento contou com a presença da juíza Juliana Batistela, titular da 14ª Vara Criminal da Capital, que julga crimes contra vulneráveis, incluindo a intolerância religiosa. “É importante a gente manter esse movimento de discutir, de falar sobre isso. A presença do Poder Judiciário eu considero que é de extrema importância,” afirmou a magistrada.
Falando ao portal 7segundos, a juíza Juliana Batistela lembrou que “o poder judiciário é um dos pilares da república, mas que vinha distante da população, um poder mais de elite e a gente vem quebrando isso há alguns anos. Eu vejo que o Poder Judiciário participando desse tipo de discussão traz mais legitimidade e fortalece a reivindicação das pessoas que estão em busca de igualdade.”
Salientou o trabalho que vem sendo realizado pelo presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL), desembargador Tutmés Airan, que tem buscado aproximar a justiça da população. “Ele tem uma preocupação com o social, de aproximar o judiciário de demandas, em busca de mais fraternidade, de mais humanização e isso é muito importante. A gente não pacifica a sociedade só impondo sentença. E o desembargador Tutmés Airan está solidificando uma nova mentalidade, de conciliação e observância dos diretos humanos,” concluiu.
Presença
O Seminário contou com a presença de representantes da religião afro de Arapiraca e outras cidades do estado, além de professores e pessoas interessadas no tema. Na avaliação do professor Clébio Araújo, do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade Estadual de Alagoas, o tema precisa ser amplamente discutido. Ele lembrou que, apesar de o estado ser oficialmente laico, atualmente existem predominâncias de determinadas religiões, o que resulta numa imposição sobre as minorias.
Clébio Araújo acredita que o seminário também poderá deflagrar a vinda para cidade de Arapiraca do projeto Caravanas em Defesa da Liberdade Religiosa, instituído pelo TJ-AL. A proposta da Caravana é que sejam feitas as denúncias relacionadas a intolerância religiosa, além de oferecer outros serviços à comunidade.
O professor universitário lamentou os casos de agressão e discriminação religiosa. Mas também salientou que pela primeira vez na história um presidente do Tribunal de Justiça se antecipou e, mesmo antes de ser provocado, já está ouvindo as demandas dos adeptos das religiões afrodescendentes.