Prisão de Queiroz deixa Bolsonaro mais dependente do Centrão
O cenário, segundo deputados e senadores, dependerá do impacto popular das acusações que Queiroz

Acuado com a prisão do seu amigo Fabrício Queiroz, ex-assessor de seu filho Flávio Bolsonaro, o presidente Jair Bolsonaro ficará mais isolado politicamente e exposto à pressão de sua incipiente base no Congresso, formada pelo Centrão (bloco informal de partidos de centro e direita).
A avaliação é de parlamentares ouvidos pelo Congresso em Foco, que esperam maior agressividade da parte do presidente. O cenário, segundo deputados e senadores, dependerá do impacto popular das acusações que Queiroz e sua esposa, Márcia Oliveira de Aguiar, que ainda é considerada foragida, venham a fazer contra a família Bolsonaro.
“Temos de esperar para ver se o presidente vai se abraçar com o filho e levar o governo para dentro da crise ou vai manter distância. Devemos ainda considerar que do ponto de vista jurídico são fatos anteriores ao mandato. Mas é óbvio que conturba ainda mais o ambiente político”, afirmou o vice-líder do PL na Câmara Marcelo Ramos (AM). “Ou tende a tornar ele mais aberto a ceder a todos os pedidos dos partidos que aderiram ao governo”, acrescentou.
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O presidente tem acelerado as nomeações feitas a partir de indicação de partidos do Centrão. Na última terça, por exemplo, Bolsonaro oficializou a entrega de uma diretoria do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) a um nome do PP. O órgão tem orçamento previsto de R$ 30 bilhões para este ano e será presidido por outro indicado também pelo PP.
Para o vice-líder do PSD na Câmara, Fábio Trad (MS), Bolsonaro tende a ficar mais exposto às pressões do Centrão. Mas essa dependência, ressalta o deputado, é perigosa para o presidente. “É uma hipótese muito plausível, porém se a deterioração da imagem do governo se agravar e com ela arrastar a opinião pública, o Centrão desembarca”, considera. Para ele, parlamentares e partidos que compõem o bloco podem se afastar do Planalto se perceber que a opinião pública está majoritariamente contra o presidente.
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