Funcionários demitidos durante pandemia acusam empresa de calote em Arapiraca
Após demitir 80 trabalhadores, firma suspende pagamento de acordo de indenizações trabalhistas
O pesadelo dos trabalhadores assalariados durante a pandemia é a realidade para 80 ex-funcionários da Araforros, em Arapiraca, que além de não ter perspectiva de conseguir um novo trabalho, também não sabem quando irão receber seus direitos trabalhistas.
“A gente só não entrou em desespero ainda por conta do seguro desemprego, mas as parcelas vão chegar ao fim e ninguém sabe como vai ser depois. Com a pandemia, todas as empresas em crise, arrumar trabalho vai ser quase impossível”, afirmou um dos ex-funcionários da empresa, que entrou em contato com o 7Segundos para denunciar a situação. Ele pediu pra não ter o nome divulgado porque acha que pode sofrer algum tipo de retaliação.
Ele e outros 79 trabalhadores foram demitidos no dia 23 de abril. Eles sacaram o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), deram entrada no seguro-desemprego e foram convidados pela empresa para fazerem acordos para o pagamento das indenizações trabalhistas. Assinaram documentos concordando em receber o valor total a que tinham direito dividido em parcelas mensais, mas na data prevista para receber a segunda, o dinheiro não havia sido depositado na conta.
“Os valores foram bloqueados. A empresa não cumpriu a parte dela no acordo e deu calote na gente. Quando buscamos informações, somos tratados mal. Parece que a gente não vale nada para eles”, declarou.
O ex-funcionário conta que no final de março, quando houve o primeiro decreto de emergência em decorrência da pandemia de coronavírus, a Araforros mandou os funcionários para casa. Na época, de acordo com ele, acreditava-se que o retorno à “normalidade” ocorreria em poucas semanas, mas como a previsão não se concretizou, a empresa encaminhou aviso ao grupo de trabalhadores pedindo que eles comparecessem à sede da empresa, na AL-110.
“Quando entraram em contato, achava que era para voltar a trabalhar. Mas quando cheguei lá fui surpreendido com a notícia que estava sendo demitido. Quando ofereceram o acordo para pagar o tempo de trabalho parcelado, todo mundo aceitou, porque era melhor receber de pouco em pouco do que correr o risco de não receber nada. Acreditamos na empresa que trabalhamos por tantos anos e ela falhou conosco”, conta o trabalhador.
Segundo ele, a situação já foi denunciada ao Ministério Público do Trabalho e os ex-funcionários estão se reunindo para contratar advogados para mover ações judiciais contra a empresa. “Entramos em contato com a imprensa porque não podemos ficar calados diante da injustiça que estamos sofrendo”, ressaltou.
A reportagem entrou em contato com a Araforros, mas não conseguiu falar com a pessoa designada para prestar informações sobre o assunto.