Com a paralisação dos Correios, mais de 2 mil encomendas podem ficar retidas em Arapiraca
Greve é por tempo indeterminado

Os funcionários dos Correios em todo o país decretaram greve por tempo indeterminado a partir desta terça-feira (18). Em Arapiraca, os carteiros e atendentes da agência central, localizada na Praça Luis Pereira Lima, e do Centro de Distribuição Domiciliária (CDD), localizado na Rua Maurício Pereira, ambas no Centro, estão com os serviços paralisados. Com essa greve, cerca de 2 mil encomendas que chegam diariamente ao CCD devem ficar retidas.
A greve nacional é para reivindicar a manutenção do acordo coletivo firmado no ano passado e quem tem validade até 2021, dentre outros direitos trabalhistas. A equipe do Portal 7Segundos esteve na agência dos Correios, em Arapiraca, e conversou com Marcelo Nunes, diretor estadual do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios em Alagoas (Sintec/AL).
Marcelo Nunes informou que no ano passado foi realizada uma greve e por meio de um dissídio coletivo no Tribunal Superior do Trabalho (TST) ficou estabelecido um acordo trabalhista cujas cláusulas deveriam ser válidas por dois anos.
Mas para a surpresa e indignação dos trabalhadores, a direção nacional dos Correios recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que concedeu parecer favorável aos Correios reduzindo o acordo para apenas um ano, e ainda retirou 70 das 79 cláusulas previstas no acordo coletivo.
Os funcionários dos Correios ressaltam que a fragilização dos direitos trabalhistas torna mais fácil realizar a privatização da empresa, que inclusive já foi anunciada pelo governo federal.
Marcelo Nunes relatou que há 5.500 agências no Brasil, e desse total, 324 dão tanto lucro aos Correios que compensa o funcionamento das outras. Com a privatização, a grande maioria das agências no interior será fechada.
"Os Correios não obedeceram o acordo e nós não tivemos outra opção a não ser fazer greve", afirmou Marcelo Nunes.

James Magalhães, diretor de imprensa do Sintec/Al, afirmou que o CDD de Arapiraca é responsável pela distribuição de encomendas para 14 municípios do Agreste, o que acaba gerando uma sobrecarga de trabalho. " Tem carteiro que pra atender essa demanda, é preciso trabalhar em até quatro cidades. Como ele não conhece muito esses municípios o serviço é prejudicado", revelou.
Ele afirmou também que a população que depende dos serviços do órgão é a mais prejudicada com esse sucateamento imposto pela direção nacional dos Correios. James Magalhães afirmou que um mesmo atendente trabalha em três municípios, a exemplo de Jacaré dos Homens, Campo Grande e Traipu. " O atendente a abre a agência dois dias em um município, fecha e depois vai pra os outros dois. Muitos moradores que saem da zona rural e quando chega no município a agência está fechada. É um absurdo", justificou.
Ele afirmou também que nesse período de pandemia, o volume de entrega aumentou 25%, e o que já era precário se tornou mais defasado ainda. Falta estrutura e principalmente mão de obra.
"O último concurso foi realizado em 2011 e a última contratação aconteceu em 2013. Além disso, nos últimos anos, ocorreram três Programas de Demissão Voluntária (PDVs), reduzindo ainda mais o quadro de funcionários. Quando a encomenda atrasa, não é culpa do carteiro, nem dos atendentes. É culpa da empresa", desabafou o diretor de imprensa do Sintec/Al.
James Magalhães concluiu afirmando que o governo não pode justificar a privatização dos Correios alegando prejuízo. A cada ano, o lucro da empresa só aumenta em detrimento a usurpação dos direitos trabalhistas. Nos últimos três anos o lucro dos Correios chegou a atingir a cifra de R$ 1 bilhão.
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