Projeto de extensão da Ufal leva informações sobre covid-19 para idosos
Idosos da UBS João Paulo II são contactados por telefone
Mesmo com a proximidade que as redes sociais nos trazem, ainda existe uma parcela significativa da população que não tem uma afinidade tão grande com essas tecnologias. Diante disso, um projeto de extensão desenvolvido pelo curso de Enfermagem do Campus Arapiraca da Universidade de Alagoas (Ufal), usa ligações telefônicas para orientar idosos assistidos pela Unidade Básica de Saúde (UBS) João Paulo II, em Arapiraca, vinculado à secretaria de saúde do município.
Coordenado pela professora Andreivna Kharenine Serbim, docente do curso de Enfermagem do Campus Arapiraca da Ufal o projeto “Tele cuidado: desenvolvendo a alfabetização em saúde e apoiando os idosos usuários de uma unidade básica de saúde no enfrentamento ao covid-19 no município de Arapiraca/Alagoas” consiste em ligações telefônicas e produção de material educativo para idosos. Além da docente, cinco estudantes participam do projeto, sendo elas que realizam ligações telefônicas e estão envolvidas na produção de material educativo para os idosos, conforme as necessidades deles e situações específicas (escolaridade, uso de celular, como deseja receber a informação em saúde para o melhor entendimento, entre outros).
A professora Andreivna explica como surgiu a ideia do projeto: “a ideia de realizar as ligações telefônicas surgiu no momento da pandemia de covid-19, quando alunos, professores e a população idosa estão em casa. Percebemos a necessidade de acessar esses idosos que residem na comunidade para orientá-los e apoiá-los nesse momento. O projeto tem com o intuito de ajudar os idosos a desenvolver as habilidades de alfabetização em saúde, além de apoiar no enfrentamento à covid sem deixar de respeitar as regras de isolamento social”, conta a professora.
Todos os idosos que utilizam a UBS João Paulo II (Município de Arapiraca/AL) foram incluídos (analfabetos, problemas de comunicação, presença de algum tipo de demência). Para aqueles que não podem receber a ligação, as orientações estão sendo destinadas para um familiar ou cuidador. Conforme a necessidade e especificidade de cada participante idoso, as alunas estão desenvolvendo conteúdo exclusivo e individual através de desenhos, mensagens de texto, postagens pelo WhatsApp, dentre outros.
Mesmo na era em que as mídias sociais e dispositivos tecnológicos fazem parte de realidade atual, muitos ainda não possuem o domínio dessa ferramenta, o que dificulta ainda mais o acesso a essas pessoas “A dificuldade maior foi em acessar esses idosos por meio das ligações telefônicas. Os números de telefones deles foram fornecidos pela equipe de saúde da UBS João Paulo II. Pensando na realidade local desta população idosa vulnerável, que possui baixa escolaridade e baixa renda, fica evidente a dificuldade de acesso aos recursos tecnológicos, além de ser limitado o uso do aparelho celular, pois muitos idosos são analfabetos”, conta umas das discentes.
Atualmente o projeto atende 50 idosos assistidos pela UBS, moradores dos bairros Primavera, São Luíz II, Olho D’água dos Cazuzinhos e majoritariamente aos moradores do bairro João Paulo II. Os estudantes contam que no começo das ligações os idosos tiveram o certo receio, mas após a explicação de como o projeto iria funcionar e que haveria a participação de profissionais da UBS, houve um acolhimento maior, e nas ligações seguintes eles já puderam reparar num maior engajamento por parte dos idosos.
Por conta de algumas barreiras, o projeto ainda não pôde se expandir tanto “ Pensamos em criar um projeto inovador e considerando que esta modalidade de atendimento (via ligação telefônica) ainda é recente para a Enfermagem, pensamos desenvolver somente em uma UBS para poder avaliar quais são as dificuldades e potencialidades do projeto. A ação já funciona em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Arapiraca e pode ser futuramente ampliada para outras comunidades”, explica Andreivna.
Um diferencial desse projeto é que ele corre “fora da curva” quando se trata de atendimento remoto, já que em grande maioria os atendimentos são feitos através das redes sociais, por meio de lives por exemplo, mas o projeto faz uso de uma ferramenta mas “antiga” para atender aqueles que não tem tanta afinidade com as novas tecnologias, levando em consideração que nesse bombardeio de informações, uma parte grande delas pode ser falsas, por isso um contato mais próximo e por meio de um profissional de saúde (funcionários da UBS) e futuros profissionais, no caso dos alunos, pode ajudar a frear a disseminação dessas informações, as famosas Fake News.
Além das ligações telefônicas, são produzidos material educativo e informativo diário, de acordo com o tema a ser desenvolvido naquela semana em específico, que é compartilhado com os idosos e/ou familiares e cuidadores. O material diário a ser compartilhado considera as necessidades dos idosos e as especificidades de cada um, como por exemplo, a escolaridade, o uso/ não uso das redes sociais, a preferência por desenhos e informações mais ilustrativas. Caso o idoso não tenha como receber as informações diárias através de rede social, WhatsApp, mensagem de texto ou através de algum contato de uma pessoa que resida com ele, as mensagens diárias são adaptadas e impressas para que o Agente Comunitário de Saúde possa entregar na residência do idoso.