Acidentes

Professora se emociona com surpresa feita por alunos durante aula online e vídeo viraliza: ‘Chorei muito’

Estudantes de Sorocaba (SP) abriram as câmeras durante a aula como homenagem aos professores

Por G1 30/08/2020 15h03
Professora se emociona com surpresa feita por alunos durante aula online e vídeo viraliza: ‘Chorei muito’
Professora se emociona com surpresa feita por alunos durante aula online e vídeo viraliza: ‘Chorei muito’ - Foto: redes sociais

“Eu e o pessoal do meu ano resolvemos abrir a câmera para os professores porque eles se sentem muito sozinhos”. Assim começa a descrição do vídeo feito pela estudante de Sorocaba (SP) do primeiro ano do ensino médio Marina Cacace, de 15 anos, ao registrar a homenagem que viralizou na internet com mais de 1 milhão de visualizações.


O simples ato de ligar a câmera durante a aula online emocionou estudantes e professores, já que cerca de 45 alunos participaram da surpresa na quarta-feira (26). Até a manhã de sábado (29), o vídeo estava com 1 milhão e 100 mil visualizações, 310 mil curtidas e mais de 10 mil comentários no Tik Tok. A repercussão chegou até a ex-BBB Rafaela Kalimman.


Em entrevista ao G1, Marina conta que teve a ideia após assistir a um vídeo parecido e sugeriu para a classe de fazer com todos os professores. “Alguns desabafaram bastante porque moram sozinhos e não veem a família e alunos desde março”, conta a estudante.

Segundo Marina, os sorrisos nos rostos e a presença virtual não substituem a vivência do ambiente escolar, mas tornou a experiência mais acolhedora. Uma das reações que foi destaque no vídeo é da professora Carolina Aparecida Rosa, 33 anos, que chorou na gravação.


"Por incrível que pareça isso é extremamente emocionante. Quando começaram a abrir as câmeras, comecei a chorar. Foi muito inesperado, todo mundo estava com um sorrisão no rosto. Pude ver como estão lindos e alguns até cresceram”, contou Carolina.


Os sons das conversas, do sinal da escola tocando anunciando o intervalo, da presença das pessoas, foram algumas das coisas que os estudantes mais sentiram falta durante a quarentena.


“A última vez que vi tantos rostos assim foi em março. Fiquei muito impactada. A gente gosta de barulho, de gente e, até de dar bronca quando precisa”, comentou aos risos a professora.


Se por um lado as relações foram distanciadas durante a pandemia da Covid-19, por outro, a conexão entre professor e aluno aumentou.


“Hoje eu recebo mais mensagem de aluno do que antes. No online tá todo mundo à disposição. Essa conexão por meio de tecnologia cresceu. Se for falar dos vínculos, a gente faz o possível para mantê-los, mas a distância afeta.”


Para Marina, a repercussão foi surpreendente. “Fui dormir e tinha 45 curtidas, quando acordei estava com 44 mil. Os alunos ficaram chocados. Estudantes de outras escolas e professores de todo país estavam parabenizando. Fiquei muito feliz”, relata.


‘Saudade absurda’

O maior sonho da adolescente Marina é ser atriz. Ela já produzia vídeos de humor e danças desde 2019. Há mais de um ano está no Tik Tok e conta que sua maior paixão é atuar. Mas o que a jovem não imaginava é que esse trabalho iria impactar dessa forma.


Sudeste>Sao_Paulo_(Sorocaba)_3" title="3rd party ad content" name="" scrolling="no" marginwidth="0" marginheight="0" width="970" height="250" data-is-safeframe="true" sandbox="allow-forms allow-pointer-lock allow-popups allow-popups-to-escape-sandbox allow-same-origin allow-scripts allow-top-navigation-by-user-activation" data-google-container-id="4" data-load-complete="true" style="box-sizing: inherit; margin: 0px; padding: 0px; border: 0px; font: inherit; vertical-align: bottom;">


“Eu quase chorei com ela (professora), confesso. Foi muito bonito. Eu consegui sentir a emoção. Acho que é uma questão de empatia e amor ao próximo", afirma.




"Fui dormir e tinha 45 curtidas, quando acordei estava com 44 mil. Os alunos ficaram chocados. Estudantes de outras escolas e professores de todo país estavam parabenizando. Fiquei muito feliz”.


Além da saudade dos professores, Marina comenta que também sente falta do ambiente escolar, principalmente do contato com os amigos.


“Dá uma saudade absurda, mas não digo só pelas aulas. Era muito mais legal, porque estava ali com muita gente. Às vezes eu penso em como eu queria ter aproveitado mais”, desabafa a estudante.


‘Um carinho virtual’


Com Sorocaba na fase amarela do Plano São Paulo de flexibilização, a escola onde Marina estuda reabrirá no dia oito de setembro com apenas 20% do fluxo de alunos. O local oferecerá plantão de dúvidas, reforço escolar e acolhimento na readaptação e orientação dos novos protocolos de segurança.


Em outubro, a previsão é de que aumente para 40%, mas as aulas continuarão sendo online. Para a professora Carolina, a volta para a sala de aula ainda causa insegurança, devido ao coronavírus.


“Tenho um pouco de medo, mas como é opcional esse retorno, as famílias têm autonomia de escolha. Não dá para esquecer que a gente está em momento de instabilidade no número de mortes”, conta.


Já Marina viu de perto o efeito da pandemia dentro de casa, quando os pais dela testaram positivo para Covid-19.




“Meu pai e minha mãe pegaram e tiveram os sintomas. Já eu e meu irmão não pegamos. Minha mãe é médica e meu pai trabalha na área da educação. Fiquei um pouco preocupada e com medo do que podia acontecer.”



De acordo com a professora Carolina, durante a pandemia, muitos alunos relataram sofrer crises de ansiedade, o que também a afetou.


“Eu cheguei a ter crise de ansiedade e precisar de orientação da minha coordenadora. Tive esses momentos de perder o controle, de não saber como começar, de criar material online, e preencher protocolos que não existiam antes.”


A escola fornece atendimento com uma psicóloga aos alunos e professores, o que acabou ajudando. Com a repercussão do vídeo, muitos ex-alunos de Carolina entraram em contato e mandaram mensagens de apoio.


“Gente do Brasil todo comentaram sobre abrir as câmeras para acolher os professores e isso mostra como é impactante. Estamos há muito tempo assim e acho que todo mundo precisava de um carinho virtual, isso me tocou demais”, relata.


A professora acredita que após o vídeo, vão surgir outros exemplos. “Vi pessoas comentando sobre fazer também. Acho que pode ter criado uma corrente do bem. Agora, os alunos quererem assistir a aula com a câmera ligada, se tornou um padrão”, finaliza Carolina.