Projeto Cinema no Campus da Uneal exibe filmes neste fim de semana
Dois curtas metragens produzidos em Alagoas serão exibidos neste sábado (29) pelo canal da Universidade no you tube
Neste sábado (29), o projeto Cinema no Campus, promovido pela Uneal (Universidade Estadual de Alagoas), que está em sua 7ª edição, exibirá dois curtas metragens: Teresa (2017) e Avalanche (2017).
Para além do primor estético de suas produções, os filmes têm as suas diferenças acentuadas na medida em que ambos representam duas temáticas e duas distintas linguagens cinematográficas, pois, enquanto o roteiro de Teresa, vai estar se desenvolvendo a partir de uma linguagem intimista, Avalanche vai estar voltado para uma ficção situada em contexto repletos de ambiguidades e de tensões entre o universo rural e o urbano. As transmissões dos filmes serão feitas pelo youtube através do canal oficial da Uneal na plataforma.
Registro do filme Teresa. Foto: reprodução
Teresa
Para quem não sabe, o curta-metragem Teresa de Nivaldo de Vasconcelos, foi um roteiro construído a partir da espanhola Teresa de Ávila (1515 -1582), uma freira mística do século XVI a qual posteriormente seria consagrada uma santa – Santa Tereza de Ávila, -, a qual, em decorrência de sua vida contemplativa e espiritual e também por sua atuação durante a Contra Reforma (seria ela que, juntamente com o místico São João da Cruz, uma das fundadora da Ordem dos Carmelitas Descalços), ela também se destacaria em virtude de seus poemas repletos de um erotismo sagrado, poemas dentre os muitos deles, pode-se ler em “Sobre aquelas palavras: ‘dilectus Meus Mihi (Ct 2,16)
Entreguei-me toda, e assim
Os corações se hão trocado:
Meu Amado é para mim,
E eu sou para meu Amado.
Quando o doce Caçador
Me atingiu com sua seta,
Nos meigos braços do Amor
Minh’alma aninhou-se, quieta
E foi a partir desta diferencialidade que o diretor Nivaldo Vasconcelos construiu o roteiro de seu curta-metragem Teresa, nele tensionando a trajetória do erotismo místico da santa, trajetória através da qual, o desempenho da performance vai situar o corpo desejante de Teresa, agora a personagem, enquanto um corpo transplantado em epifanias na modernidade, situando-se neste contexto, um corpo fragmentado na multiplicidade se seus desejos e conflitos.
Diretor Leandro Alves em diálogo com atores do curta Avalanche. Foto: reprodução
Avalanche
Já Avalanche, produzido pela NAVI (Núcleo de Áudio Visual de Arapiraca) e de toda uma efervescência de se fazer cinema em Arapiraca, o curta tem o seu roteiro articulado através de fragmentos de conflitos entre o rural e o urbano – dicotomia típica das cidades emergentes – contraste geográfico que se acentua pelo aparecer de devotos, procissões, imagens do sagrado e fragmentos de vivências urbanas, as quais, durante o desenrolar da ficção, vão como que, se contrapondo em diferentes contextos, de resto , contradições e pano de fundo que vão sedimentar as diferentes subjetividades, fundamentando a partir daí, o final trágico do filme.
Diferenças à parte, pode-se pensar estarmos diante de um momento de maturidade de jovens diretores, pois enquanto em Teresa pode-se como que sentir quase que sinestesicamente um artefato atravessado por temporalidades antagônicas, Avalanche, assim como outras produções de Leandro Alves, em sua contenção de excessos, é uma produção situada em um local, a qual, em suas particularidades vem sinalizando para construção de um desenho e contorno de uma espécie de estética do Agreste. No mais, é ver e conferir.
Os diretores
Leandro Alves é Alagoano, diretor e roteirista Arapiraquense, Mestre em Cinema pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), graduado em Produção Audiovisual pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas (PB) e administração pela Universidade Estadual de Alagoas (UNEAL), escreveu e dirigiu seu primeiro filme, o documentário Hoje tem espetáculo? (AL/PB - 2010) que participou de mais de 10 Festivais Nacionais e várias Mostras, ganhando diversos prêmios, escreveu e dirigiu outros filmes, começou a trabalhar com cinema em 2010.
Como principais premiações de Avalanche, destacamos: Melhor Contribuição Técnica na VIII Mostra Sururu de Cinema Alagoano, Menção Honrosa no II Festival de Cinema do Paranoá – DF e Melhor Filme, Destaque Direção de Arte na II Mostra de Cinema SESC Alagoas, Destaque desenho de Som na II Mostra de Cinema SESC Alagoas, Júri Popular No 11º Festival do Cinema Brasileiro do Circuito Penedo de Cinema.
Nivaldo Vasconcelos é alagoano é uma das revelações do audiovisual alagoano nos últimos anos. Entre seus filmes Mwany levou vários prêmios na Mostra Sururu de Cinema Alagoano em 2013 incluindo o de melhor Diretor, já A Gente Não Combina Com Essa Sala ganhou dois prêmios: Melhor Ator e Melhor Direção de Arte.