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Filho homenageia mãe em pedalada de 365 km até Aparecida

Treinador de ciclismo Bruno Goia, de 31 anos, pedalou para prestar homenagem a mãe que morreu em 2019

Por G1 Sorocaba e Jundiaí 27/06/2021 10h10 - Atualizado em 27/06/2021 10h10
Filho homenageia mãe em pedalada de 365 km até Aparecida
Ciclista pedala 365 km de Sorocaba a Aparecida em homenagem à mãe que morreu - Foto: Arquivo Pessoal

Um ciclista de Sorocaba (SP) pedalou 365 quilômetros até Aparecida (SP) em 24 horas para prestar uma homenagem à mãe Antônia, que morreu de complicações de uma doença em dezembro de 2019.

O treinador de ciclismo Bruno Goia, de 31 anos, contou ao G1 que se preparou durante três semanas para o desafio e, na véspera do aniversário da mãe, se lançou ao 'caminho da Toninha', nome que ele deu ao percurso.

"Foi difícil. É um pouco complicado se preparar, porque é muito mais psicológico. Tem que estar preparado fisicamente, mas administrar a cabeça é muito maior. Eu parti com um sentimento de tristeza por homenagear alguém que não está mais entre nós", comenta.


Bruno Goia e a mãe Antônia quando era criança, em Sorocaba — Foto: Arquivo Pessoal



Segundo Bruno, Antônia já havia se curado de um câncer de mama em 2005 e tratava uma outra doença há alguns anos. Ela tinha uma complicação intestinal inflamatória e crônica que afeta o revestimento do trato digestivo, chamada de doença de Crohn. No fim de agosto de 2019, a mãe teve uma infecção urinária e isso fez com que ela ficasse muito fraca.

"Ela estava muito fraca, voltou do hospital com quase 10 quilos a menos e piorou. Eu cuidei dela por uns dois ou três meses em casa, mas ela não aguentou, foi internada de novo e não voltou mais", explica Bruno.

Na mesma época da morte de Antônia, o ciclista também realizou um pedal e, neste ano, queria fazer uma homenagem com algo que era importante para a mãe. "Somos católicos e ela sempre foi devota de Nossa Senhora", comenta.

Superação

Com o objetivo de completar os 365 quilômetros em 24 horas, Bruno saiu de Sorocaba no dia 11 de junho, às 6h, rumo a Aparecida.

Um amigo do ciclista o incentivou a registrar o momento com fotos e vídeos. Por isso, junto com ele foram quatro pessoas, divididas em dois carros, para capturar imagens. A cada duas horas, a equipe e o ciclista faziam uma pausa para as refeições.

"Eu fiz o percurso com tempo, foi algo de performance e a gente parava para comer a cada duas horas. A competição mesmo era comigo, me superar a cada hora".

A poucos quilômetros de Monte Verde (MG), na região de Joanópolis (SP), depois das 18h, a equipe teve que se separar e Bruno seguiu sozinho. Foram estes momentos que o ciclista relatou como os mais difíceis.

"Estava escuro, era 2h30, logo depois da represa, tinha uma serração e isso foi até umas 4h. Foi 100% psicológico. Nesse momento, eu acho que é quando você vai estar mais frágil, você coloca a dificuldade em primeiro plano e foi nessa hora que eu senti minha mãe. Da mesma forma que ela sofreu, eu estava vivendo aquilo, eu senti aquela força que ela teve."

Os últimos 15 quilômetros até a Basílica de Aparecida pareciam nunca chegar e a emoção tomou conta do ciclista nos minutos finais.

"Foi naquela rampa, deve ter um 200 metros para chegar à igreja, eu já desabei, chorei e agradeci. A conta veio, tudo aquilo que eu estava tendo que fingir que não estava passando, segurando, eu soltei, não tinha força nem para subir", continua.

'Caminho da Toninha'

Segundo Bruno, muitas pessoas já enviaram mensagens a ele pedindo o "Caminho da Toninha" para realizá-lo também. Por isso, ele está correndo atrás de apoio para sinalizar o percurso.

"Recebi muitas mensagens, muitos pedindo o caminho para realizar. Eu mesmo montei a rota, tomei o cuidado de colocar as melhores rotas e disponibilizei com a opção de carro, bike, de qualquer jeito."

O ciclista está esperançoso com um possível reconhecimento do caminho, pois ele já virou uma rota tradicional e Bruno acredita que algumas variações desta rota surgirão no futuro.

"Com essa aventura, me senti feliz. Com o tanto de pessoas que me agradeceu, senti que eu fiz a diferença. Foi uma forma de lembrar dela e ajudar as pessoas também, muitas pessoas se identificaram. Mesmo que a pessoa tenha partido, ainda tem um pouco dela em você."

"Procure abraçar mãe e pai, aproveite esses momentos, vale muito mais que um bem material, trocar um fim de semana por balada do que ficar junto. Ficar junto vale muito mais que qualquer coisa", finaliza o ciclista.