Baixo São Francisco

Mãe de Roberta Dias não consegue liberação dos restos mortais da filha, apesar da autorização judicial

Antiga certidão de óbito perdeu a validade e a mãe de Roberta Dias vai precisar tirar um novo documento

Por 7segundos com Aqui Acontece 28/10/2021 18h06 - Atualizado em 28/10/2021 18h06
Mãe de Roberta Dias não consegue liberação dos restos mortais da filha, apesar da autorização judicial
Roberta Dias tinha 18 anos e estava grávida quando foi assassinada - Foto: Reprodução

Mesmo depois do juiz Nelson Fernando de Medeiros Martins autorizar que o Instituto Médico Legal (IML) libere os restos mortais da jovem Roberta Dias, assassinada em 2012 aos 18 anos de idade e grávida, a mãe da jovem, Mônica Reis, ainda terá que aguardar um pouco mais para poder realizar o sepultamento da filha.

A espera da mãe de Roberta Dias deverá durar até a semana que vem. Pelo menos essa a expectativa de Mônica Reis, que esteve nesta quarta-feira (26) no fórum de Penedo para saber sobre o procedimento que deveria adotar para os restos mortais da filha serem liberados quando recebeu a informação de que seria necessária a solicitação de uma nova certidão de óbito da filha.

Mônica Reis contou que foi ao cartório tentar tirar uma nova certidão de óbito, mas, ao chegar ao local, foi informada que a certidão estava cancelada. “Hoje fui ao fórum novamente e o juiz me explicou que tem que dar entrada no suprimento de óbito para fazer a certidão. Agora vou ter que esperar mais tempo porque tem esse feriado. Deveriam ter me explicado antes, aí fico nesse desespero”, desabafou Mônica Reis.

Na terça-feira (26), o juiz Nelson Fernando de Medeiros Martins autorizou a liberação da ossada de Roberta Dias pelo Instituto Médico Legal (IML) durante audiência sobre o caso realizada no Fórum da cidade de Penedo, na Região do Baixo São Francisco, o Ministério Público de Alagoas (MP/AL) acrescentou à acusação a qualificação de feminicídio ao processo criminal.

O defensor público de Penedo, Thiago Carniatto Marques Garcia, disse que conversou com a Mônica Reis e explicou a ela que a certidão não foi emitida por conta do prazo para a lavratura do documento, que expirou.

“Pelo que a mãe da Roberta comentou, a tabeliã fez a certidão, mas depois viu que tava fora do prazo e foi até a casa dela pegar de volta. Dei entrada no suprimento de óbito, com pedido de antecipação de tutela para autorizarem o sepultamento imediato, só que foi distribuída para a Vara em que o juiz pediu diligências antes de analisar a tutela antecipada, e a assessora disse que ele não decidiria antes de dar vistas ao MP. Como nesta quinta-feira (28) é feriado, eu já ajuizei de novo o pedido no plantão daqui da Circunscrição. Estou esperando dar uma folga no Júri que estou pra tentar falar com o Juiz plantonista para ver se ele decide o quanto antes”, explicou o defensor público.

Uma decisão judicial emitida no dia 20 de julho deste ano impediu que o sepultamento da jovem fosse realizado porque o juiz do caso entendeu que a ossada de Roberta Dias ainda interessava ao processo e por esse motivo, não poderia ser liberada para sepultamento.

Amostras de fragmentos de ossos e dentes foram enviadas pelo setor de DNA do IML de Arapiraca ao Laboratório de Genética do Instituto de Criminalística (IC). A perita criminal realizou o confronto genético com o material biológico da mãe de Roberta e constatou que a ossada encontrada na região de Piaçabuçu, em abril deste ano, é de Roberta Dias.

A jovem Roberta Dias desapareceu em abril de 2012, na cidade de Penedo, onde morava, quando tinha apenas 18 anos. Uma testemunha do rapto da jovem, inclusive, foi morta meses após o crime. A suspeita é a de que a jovem tenha sido assassinada após se recusar a interromper a gestação de três meses.

Os réus denunciados no processo são Karlo Bruno Pereira Tavares, amigo do então namorado de Roberta Dias à época, Saulo Araújo, e Mary Jane Araújo Santos, mãe de Saulo. Karlo Bruno e Mary Jane foram denunciados por homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima), ocultação de cadáver e aborto provocado por terceiro.

O pai de Roberta Dias, Ademir Dias, que buscava justiça e exigia a elucidação do crime, foi executado em um ponto de ônibus na Zona Rural de Piaçabuçu, em 2014.