Saúde

Investigadores do Porto desenvolvem vacina em forma de iogurte e sumo contra a Covid-19

Uma equipa de investigadores do Instituto Politécnico do Porto (IPP) decidiu quebrar a regra e produzir uma contra a Covid-19 comestível, em formato de iogurte e sumo de frutos

Por O Jornal Económico 12/11/2021 09h09 - Atualizado em 12/11/2021 09h09
Investigadores do Porto desenvolvem vacina em forma de iogurte e sumo contra a Covid-19
Vacina contra a Covid-19 - Foto: Reprodução

Esta ideia, que está a ser maturada desde o aparecimento da pandemia começou a ganhar forma há cerca de seis meses e, desde então, muito já foi feito. Neste momento, estão a decorrer os ensaios `in vitro´ e, brevemente, começam aqueles feitos em animais, contou à Lusa um dos responsáveis pelo Laboratório de Biotecnologia Médica e Industrial – LaBMI do IPP, Rúben Fernandes.

Os ensaios vão ser feitos em ratos, peixes e numa espécie de minhoca muito pequena, salientou.

Falando num projeto “completamente inovador em Portugal”, o biólogo explicou que esta vacina, que finalizada poderá ser ingerida em iogurte ou sumo de frutas, tem como particularidade ter por base plantas de frutos e probióticos geneticamente modificados, referiu.

Realçando que a ideia desta vacina é que ela chegue facilmente ao utilizador final, o investigador apontou as diferenças entre as atuais e esta: as atuais estimulam a neutralização do vírus e esta estimula a imunidade.

“Portanto, ambos são produtos preventivos, mas neste caso a vacina, vou dizer convencional, neutraliza uma infeção e as vacinas comestíveis têm a propriedade de poderem potenciar as outras vacinas comuns”, explicou.

As vacinas vão poder conjugar os probióticos ou plantas geneticamente modificadas ou usar apenas um deles, frisou.

O biólogo adiantou que usando apenas probióticos esta vacina poderá ser uma realidade entre “seis meses a um ano” porque são bactérias que podem ser rapidamente transformadas.

Já utilizando os frutos, a sua concretização “será bastante mais longa” porque as plantas têm de crescer e dar frutos para que possam ser utilizados na indústria e transformados em sumo, elucidou.

Ressalvando que a vacina está a ser financiada exclusivamente com fundos próprios, Rúben Fernandes observou que vão, numa fase final, ter de se unir a parceiros industriais da área alimentar para a vacina chegar ao consumidor final e ganhar escala. “Vai ser a indústria que vai decidir que tipo de produto é que vai querer, nós vamos é poder oferecer-lhes várias opções”, sustentou.

Apesar de estar a ser direcionada para a Covid-19, Rúben Fernandes acredita que a mesma poderá vir a ter interesse para tratar outros tipos de doenças infeciosas.