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Gêmeas que só dormem após ver caminhão do lixo passar fazem festa de Natal para garis

Segundo a avó, Ana Cecília e Ana Letícia sempre esperam a passagem dos amigos garis, em Vitória de Santo Antão

Por G1 PE 16/12/2021 10h10 - Atualizado em 16/12/2021 11h11
Gêmeas que só dormem após ver caminhão do lixo passar fazem festa de Natal para garis
Gêmeas Ana Letícia e Ana Cecília, de 3 anos, ao lado dos garis que trabalham na limpeza da rua da casa família - Foto: Valéria Malheiros/Acervo pessoal

Uma pequena dupla de moradoras do bairro de Livramento, na cidade de Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata do estado, só vai dormir depois de ver o caminhão do lixo passando. É assim que as gêmeas Ana Cecília e Ana Letícia, de 3 anos, se divertem nas noites. Como homenagem, elas pediram à avó, Valéria Malheiros, para fazer uma festa de Natal para os amigos garis .

“Eu sou naturalmente de fazer festa e quando elas pediram um bolo para os garis, eu me juntei com a minha nora, a gente comprou umas coisinhas e fez a comemoração”, contou a avó.

Segundo ela, as pequenas ficaram muito felizes ao homenagear os quatro trabalhadores que alegram as noites na rua da família. A festinha foi feita na noite da quarta-feira (15), de surpresa para os trabalhadores.

"É tão engraçado, porque eu não moro com elas, eu moro só. Uma vez, quando eu fui na casa delas, a gente estava lá brincando e elas disseram ‘vovó, o carro do lixo’, e foram para a porta olhar. Achei aquilo tão bonitinho", contou.

Além do bolo decorado com bonequinhos uniformizados de gari e caminhões, a família também deu panetones e salgados para os trabalhadores.

Avó coruja, Valéria disse que as meninas são muito comunicativas e que é só verem os garis para quererem conversar com eles.

"A gente leva elas para falarem com eles e eles sempre tratam com muito carinho. Aquilo toca meu coração, porque apesar do trabalho difícil, eles estão ali, de sorriso aberto", declarou Valéria.

A avó contou, ainda, que mesmo quando o caminhão demora a passar, as meninas não pregam o olho enquanto não encontram os amigos trabalhadores.

"Às vezes eles vêm só perto de meia-noite. E tu achas que elas dormem? Ficam acordadas brincando, quase pregando o olho, mas não querem dormir até eles passarem", disse.

Segundo ela, as meninas são um xodó na família e passaram, ainda recém-nascidas, por um processo difícil de recuperação, após terem nascido prematuras, com 28 semanas de gestação.

"Elas passaram mais de quatro meses no hospital, a gente só podendo visitar. Foi uma agonia em incubadora, cuidados médicos, mas deu tudo certo com a graça de Deus", afirmou.

As pequenas fazem aniversário em 17 de abril e, segundo Valéria, a vontade atual é de fazer uma festa maior, com o mesmo tema. "Fico muito feliz que elas estejam crescendo assim, olhando com carinho para as pessoas. É um orgulho mesmo que me dá", afirmou.

* Estagiária sob a supervisão de Bruno Marinho e Pedro Alves, editor e repórter do g1 PE, respectivamente.