Sofrer violência doméstica, passar por medida protetiva da justiça e recomeçar a vida não é tarefa fácil, porém, mulheres de Arapiraca que já sofreram o trauma da violência praticada geralmente em casa pelo companheiro ou ex-companheiro, estão trilhando esse caminho. Durante o processo da medida protetiva elas foram convidadas a participar de cursos profissionalizantes promovidos por meio de uma parceria entre o Juizado de Combate à Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher em Arapiraca e o Senac (Serviço Nacional de Apredizagem Comecial).

Na tarde desta terça-feira (08), Dia Internacional da Mulher, foi realizada a solenidade de entrega dos certificados de conclusão dos cursos profissionalizantes ofertados para as mulheres vitimas de violência doméstica em Arapiraca que passaram por medida protetiva. A solenidade foi realizada no auditório do Complexo Integrado de Justiça Especializada, onde fica o Juizado de Defesa da Mulher, Bairro Santa Edwiges, em Arapiraca. 

Dezesseis mulheres nessa condição receberam os certificados de conclusão dos cursos de Salgadeiro e de Depilação das mãos do Juiz Titular do Juizado de Combate à Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, Alexandre Machado, da Assistente Social do Juizado, Jaqueline Lima, da Gerente do Senac em Alagoas, Rosely Alves, além de instrutoras da instituição. A Cabo Débora, do 3º BPM (Batalhão de Polícia Militar), integrante da Patrulha Maria da Penha em Arapiraca, também participou da solenidade.  

Solenidade de entrega dos certificados de conclusão de cursos profissionalizantes para mulheres vítimas de violências em Arapiraca. Foto: Giovanni Luiz-7Segundos 

O objetivo da oferta dos cursos para as mulheres que sofreram violência doméstica é dar apoio a elas e ajudá-las a superar o trauma da violência com a perspectiva de recomeçar a vida de maneira mais independente, já que muitas dessas mulheres também tornam-se vítimas de maus tratos e violência por manterem um vínculo de dependência financeira em relação ao ex-companheiro. "Essa dependência financeira acaba por acentuar a questão da violência poque o homem geralmente se utiliza dessa condição para tentar exercer um domínio maior sobre a mulher, como se fosse propriedade dele", destacou o Juiz Alexandre Machado.

Essas foram as duas primeiras turmas formadas pelos cursos, que são ofertados de acordo com o perfil econômico e social das alunas, explicou a assistente social do Juizado, Jaqueline Lima. "A gente avalia a situação financeira das mulheres que queiram participar dos cursos e diante disso a gente procura ofertar algo que elas possam levar a diante em suas vidas, até mesmo como empreendedoras, alcançando a sua independência", destacou Jaqueline.

Para a Gerente do Senac-AL, Rosely Alves, a parceria visa também proprcionar a essas mulheres uma nova luz, uma expectativa de vida, de recomeço. "É como se elas tivesse aprendendo a andar sozinhas agora e de fato, estão porque estão deixando para trás toda uma condição de domíncio e dependência", explicou.

Aluna mostra o certificado de conclusão de um dos cursos oferecidos atavés da parceria entre o Juizado e o Senac. Foto: Giovanni Luiz-7Segundos  

As professoras dos cursos se emocionaram ao falarem sobre o processo de execução das aulas teóricas e práticas, da força de vontade das alunas em não desistir no meio do caminho. "A gente aprendeu também muito com elas através da determinação dessas mulheres, a gente pensa que é forte, mas elas é que são porque superar tudo o que passaram e ainda se dedicar como se dedicaram, isso já uma vitória e agora elas podem fazer o que quiserem, trabalhar em casa abrindo o próprio negócio sem depender de ninguém, ganhando o próprio dinheiro, isso é liberdade", disse Eliane Fonseca, instrutora do Senac.

A emoção também tomou conta das concluintes dos cursos na hora de receber os certificados. Em cada semblante, em cada palavra, havia a esperança do recomeço para uma vida melhor e mais tranquila. "Houve dias em que o pensamento me direcionou para desistir de tudo, mas a força de vontade me moveu e me fez seguir em frente e hoje estou aqui, aprendendo mais e podendo me sustentar e sustentar meus filhos com o que aprendi", disse uma das alunas com os olhos cheios de lágrimas.

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