Eduardo Leite diz que irá renunciar ao governo do RS e confirma permanência no PSDB
Nome do tucano continua sendo cogitado para a disputa à Presidência da República
Em evento realizado na tarde desta segunda-feira (28), Eduardo Leite anunciou que irá renunciar ao cargo de governador do Rio Grande do Sul e confirmou que irá continuar filiado ao PSDB. As informações foram antecipadas pela âncora da CNN Daniela Lima.
Com a decisão, o tucano recusou o convite do presidente do PSD, Gilberto Kassab, que já havia deixado clara a intenção de filiar Leite ao partido e lançá-lo como pré-candidato ao Palácio do Planalto.
Deixando aberta a possibilidade de concorrer à Presidência da República, Leite confirmou que deixará o cargo de governador por atender ao que a lei eleitoral obriga. “Vou renunciar a um poder para não renunciar à política”, disse em vídeo exibido no Palácio Piratini. Durante o pronunciamento, no entanto, o governador gaúcho não afirmou se irá concorrer à Presidência ou a outro cargo nas eleições deste ano.
De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o dia 2 de abril marca a última data para desincompatibilização de candidatos à Presidência. Por força de lei, governadores, magistrados, secretários estaduais, ministros e demais donos de mandato eletivo devem deixar suas funções para que possam concorrer a outros cargos.
Agora, quem assumirá o cargo de governador do Rio Grande do Sul é o delegado Ranolfo Vieira Júnior, então vice de Eduardo Leite. Elogiando a queda de indicadores criminais no estado diante da gestão de Ranolfo à frente da Secretaria de Segurança Pública, Leite afirmou que o novo governador do estado acompanha cada dado e projeto do governo.
“Tenho absoluta confiança na condução do Ranolfo. O histórico dele, o currículo dele e a trajetória dele atestam isso e me dão total certeza e convicção de que Ranolfo está por dentro de cada um dos assuntos”, disse o tucano.
Leite considerou que deixa a aberta a “disponibilidade e liberdade para me movimentar em qualquer direção necessária no Brasil ou no Rio Grande do Sul”. Ele ainda afirmou que sente a necessidade de “participar ativamente deste momento tão decisivo no nosso país”.
“Esse movimento que faço é para me apresentar para que eu esteja aonde mais eu possa dar contribuição nesse momento político que considero crítico para o Brasil”, disse. O governador gaúcho disse que continua na política e que “renunciar ao mandato abre muitas possibilidades”.
Leite ainda revelou que ligou para João Doria, atual pré-candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, antes de seu pronunciamento na sede do governo gaúcho. “Tivemos uma conversa amistosa, no tom cordial que sempre nos tratamos e reafirmamos que estamos com o mesmo sentimento, de viabilizar uma alternativa para o Brasil”, disse.
O gaúcho foi superado pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), nas prévias dos tucanos para escolha do concorrente ao Palácio do Planalto, em novembro do ano passado.
Candidatura à Presidência da República
Os dois tucanos, Doria e Leite, pontuam em patamares semelhantes nas pesquisas eleitorais, com Doria numericamente à frente, mas com uma colocação que não lhe dá assento confortável no posto de indicado do partido para o Planalto.
Leite, que tem o apoio de figuras renomadas dentro do PSDB, como Aécio Neves e Tasso Jereissati, fica na legenda para desafiar o governador de SP como presidenciável. Para isso, pretende mobilizar outras siglas de centro, encorpando a faixa da terceira via.
Doria, no entanto, chegou a afirmar que as tentativas de parte do PSDB de reverter sua candidatura à Presidência da República seriam um “golpe”. O governador de São Paulo defendeu o processo de prévias realizado pelo partido e a homologação de seu nome como o candidato tucano.
“As prévias foram realizadas durante três meses em todo o Brasil, 44 mil eleitores do PSDB votaram. Houve a homologação, um ato celebrado em Brasília com os três candidatos que disputaram, o senador Arthur Virgílio, o governador Eduardo Leite e eu, com a presença do presidente nacional do PSDB”, disse Doria. “Qualquer outro sentimento diferente disso é golpe.”
No evento desta segunda-feira, Leite reforçou que respeita as prévias realizadas pelo partido, mas afirmou que conversas com outros partidos para a formação de bases de apoio estão abertas. “Não é sobre as prévias, não é sobre um projeto pessoal, é sobre o Brasil”, disse.