Cultura

Preysla Savana se destaca com produção de peças que retratam a cultura de Arapiraca e do Nordeste

Há cinco anos a artista plástica abandonou a engenharia civil para se dedicar à arte

Por Vilceia Melo 03/04/2022 16h04 - Atualizado em 04/04/2022 06h06
Preysla Savana se destaca com produção de peças que retratam a cultura de Arapiraca e do Nordeste
Preysla Savana - Foto: Redes Sociais

O olhar expressivo e curioso como aqueles que se surpreendem com cada nova descoberta, associado a um sorriso largo e sincero revelam muito mais do que a beleza de uma mulher. Preysla Savana Sousa, 29 anos, que já nasceu com nome artístico, tem traços físicos e a essência de uma adolescente que quer desbravar o mundo.

E é exatamente para todo o mundo, literalmente, que essa artista plástica quer expandir sua arte com a identidade cultural de Arapiraca e do Nordeste impressa em  bolsas, acessórios, roupas, calçados e murais. 

A reportagem do Portal 7 segundos esteve no @ateliesavana para saber um pouco mais sobre essa arapiraquense que largou a profissão de engenheira civil para viver integralmente da arte.


Preysla Savana contou que cresceu em meio de linhas, tecidos e máquinas de costurar: a avó, a mãe e uma tia são costureiras. Mas apesar desse ambiente têxtil ter cercado toda a infância e adolescência, o primeiro dom que ela desenvolveu foi o da pintura.

"Eu comecei a personalizar t-shirts, tênis e outras peças pessoais na época em que eu cursava engenharia civil no campus da Ufal em Delmiro Gouveia, no Sertão de Alagoas. Meu colegas achavam bonito e elogiavam o que eu fazia mas nunca tinha pensado em transformar aquilo em um negócio", revelou.

Ainda na época da Ufal, Preysla conta que presentou uma amiga com uma das camisetas. O marido dessa amiga - que é suiço -  gostou tanto que fez uma encomenda de 10 camisas para presentear os parentes no exterior. Mesmo assim, a vida da então graduanda de engenharia civil  seguiu sem a visão empreendedora desabrochar.



A forma artesanal de costurar que já estava na genética familiar, surgir quando ela fez com as próprias mãos um colar com tecido, fibra e uma pedra.

" Eu pedi um pedaço de tecido para minha avó e fiz o colar. Um dia uma cliente dela foi pegar uma roupa e perguntou onde eu tinha comprado aquele colar tão bonito. Eu disse que eu mesma tinha feito o colar. Então, essa cliente da minha avó, encomendou uma peça.

Presla afirmou que foi a partir daí que a "chave virou". Até então,  ela só tinha pintado algumas peças para amigos. Mas se alguém que ela não conhecia gostou de um produto, isso poderia se transformar em um negócio.


Ainda estudante de engenharia e apenas com R$ 7,00 no bolso ela investiu todo esse dinheiro em cordas para fazer novos colares e não parou mais. Após a publicação das peças no instagram, os pedidos foram surgindo e ela começou a ter ganhar dinheiro para ajudar na manutenção das despesas durante o último ano de conclusão da universidade.

Depois de formada, começou a trabalhar em uma obra comercial e depois em um condomínio residencial. Mas nessa mesma época, a recém-formada enfrentou uma das piores fase da sua vida: a precoce morte do pai durante um acidente de trânsito aos 45 anos de idade.

"A obra que eu estava trabalhando era do lado da empresa que meu pai trabalhava. Era muito difícil, doloroso e eu pedi demissão. Antes de terminar o curso eu já não conseguia encontrar muita identificação na engenharia civil com minha essência pessoal. Então, esse foi o momento de desistir da profissão e dar vazão à minha arte", revelou.


A produção de colares feito à base de corda e outros elementos se intensificaram, porém ainda de forma 'tímida". A virada no negócio aconteceu quando ela, mais uma vez, de forma intuitiva comprou corvim - uma espécie de couro ecológico - e costurou à mão uma bolsa com a pintura da "Frida", sua cadela de estimação.

A bolsa personalizada com o pet foi um sucesso e as encomendas não paravam de chegar. Preysla conta que chegou a ter 40 pedidos de uma única vez . "Foi na época de natal e todo mundo queria presentear alguém com a bolsa com a imagem e o nome do animal de estimação", lembrou a artista plástica.

Preysla Savana disse que depois começou a produzir roupas e calçados com modelos e detalhes exclusivos que também bastante encomendados por quem já conhece sua arte e por novos clientes que desejam algo mais natural e que saia da linha industrial dos produtos manufaturados. 

As peças produzidas pelo ateliê Savana tem elementos da cultura arapiraquense e nordestina com um toque mais sofisticado.


"A gente já recebeu encomendas de clientes de Portugal, Estados Unidos, Suíça. Já fizemos parcerias com lojas que atuam no segmento turístico de São Miguel dos Milagres e recentemente na praia de Ipioca, em Maceió", revelou. 

A jovem estudante que começou a empreender quando investiu R$ 7,00 para produzir os primeiros colares em escala de venda, agora produz seu próprio tecido. A empresária desenha as coleções de roupas com temas específicos e o tecido é impresso nas fábricas do eixo sudeste do país. Além da Preysla, Pâmela Souza e Hugo Napoleão, integram a equipe do @ateliêsavana

Além disso, o estilo "Savana" também está impresso nos murais do prédios públicos da Prefeitura de Arapiraca. A artista plástica foi convidada para expandir sua arte com as pinturas que remetem elementos da cultura de Arapiraca, da diversidade de pessoas e dos direitos das crianças e dos adolescente. Um mural cronológico que conta a história de Arapiraca também faz parte dos projetos culturais dessa artista plástica arapiraquense. 

"Eu já tinha feito um mural em um bar temático de Maceió e também em uma fachada de uma loja de tintas em Arapiraca. No ano passado surgiu esse convite que é um novo desafio. É muito gratificante ver a minha arte que foi iniciada nas pinturas das camisas lá na época da universidade e agora está presente em prédios públicos da minha cidade", finalizou.