Justiça

Julgamento de motorista que matou Bruna Carla deve se estender até o fim do dia

Ministério Público defende tese de homicídio qualificado com dolo eventual, quando acusado assume o risco de matar

Por 7Segundos 26/04/2022 14h02 - Atualizado em 26/04/2022 15h03
Julgamento de motorista que matou Bruna Carla deve se estender até o fim do dia
Bruna Carla cursava Administração Pública na Ufal - Foto: Reprodução Internet

O tribunal popular que julga José Leão da Silva Júnior pela morte da estudante arapiraquense Bruna Carla da Silva Cavalcante deve prosseguir durante toda a tarde, antes que os jurados dêem o veredito. O motorista está sendo julgado por homicídio qualificado e pode ser condenado de 12 a 30 anos de reclusão.

O julgamento, presidido pelo juiz da 7ª Vara Criminal da Capital, Ewerton Carminati, teve início por volta das 9h, no Fórum do Barro Duro. Ao longo do dia serão ouvidas cinco testemunhas, pessoas que estavam trabalhando em estabelecimentos próximos ao local onde a jovem de 19 anos foi atropelada, em 13 de agosto de 2011. Após essa fase, defesa e Ministério Público terão um período de tempo para fazer sustentação oral e em seguida os jurados se reúnem para decidir que o motorista é culpado ou inocente pela morte de Bruna Carla.

O promotor Paulo Victor Zacarias, que representa o Ministério Público no julgamento explicou que a morte de Bruna Carla demorou quase 11 anos para ir à júri popular porque a defesa do réu ajuizou vários recursos, dirigidos até ao Superior Tribunal Federal, para que a pena fosse definida por um juiz com base no Código Brasileiro de Trânsito. O promotor defende a condenação de José Leão por homicídio com colo eventual. Ou seja, o réu assumiu o risco de matar uma pessoa no momento em que pegou no volante após supostamente consumir bebidas alcoólicas.

Já o advogado de defesa do réu, Altair Costa, alegou que não houve dolo eventual, ou "intenção de matar". "Entendo que houve culpa consciente, entretanto ele não esperava o resultado, até porque estava escuro no local e ele não viu a garota. Pensou que se tratava de uma caixa ou outra coisa", declarou.

Familiares e amigos de Bruna Carla estão acompanhando o julgamento no Fórum do Barro Duro e disseram ter ficado chocados com o semblante insensível do réu, enquanto o promotor afirmava que a estudante morreu porque, além de ser atropelada, foi arrastada pelo veículo em movimento, que provocou o esmagamento do fígado e do baço da jovem.

"Nossa expectativa é que a Justiça seja feita, porque não foi um acidente de trânsito. Foi assassinato", declarou o pai da vítima, José Carlos Cavalcante.

Relembre o caso


Bruna Carla da Silva Cavalcante tinha 19 anos e cursava o 4º período de Administração Pública na Ufal, em Arapiraca. Ela estava passando o final de semana em Maceió com a família e estava se dirigindo para a casa de uma tia, na Jatiúca, no dia 13 de agosto de 2011.

Ao atravessar a avenida Júlio Marques Luz, na faixa de pedestres, com o sinal fechado para os veículos, foi violentamente atingida por um carro de passeio, que era guiado por José Leão.

De acordo com informações, o motorista teria ingerido bebida alcoólica antes de assumir a direção do veículo. O réu estaria em alta velocidade e avançou no sinal vermelho e, após atingir a estudante, desligou os faróis e passou por cima do corpo, arrastando a vítima por alguns metros e, em seguida fugiu do local sem prestar socorro. 

Bruna Carla chegou a ser socorrida com vida, mas morreu pouco depois, no hospital.