Pessoas idosas merecem respeito e cuidado do Estado e da sociedade, afirma Crismédio Costa
Psicanalista e gerontólogo chama a atenção para a violação dos direitos humanos dos idosos

A conscientização contra a violência à pessoa idosa é lembrada mundialmente no dia 15 de julho, mas o cuidado com a população que já ultrapassou a fase produtiva da vida deve ser uma política pública e pessoal todos os dias, segundo o psicanalista e gerontólogo Crismédio Costa.
Em entrevista para a Rede Antena7 [ouça na íntegra aqui], o ativista pelos direitos humanos da pessoa idosa afirma que além o etarismo - preconceito contra as pessoas de mais idade - os idosos também sofrem com a falta de proteção social em suas pluraridades.
“A velhice hoje tem múltiplas faces e se, para a sociedade, a pessoa idosa considerada normal já não é valorizada porque não produz tanto, imagine o que acontece com o idoso LGBTQIA+, o idoso negro, o idoso com deficiência, o idoso pobre, que mora à beira da lagoa, nas grotas. Essas minorias têm uma expectativa de vida bem menor e precisam ser vistas pela sociedade e pelo Estado, isso ficou muito claro durante a pandemia, porque essas foram as populações que mais sofreram”, explica.
As pessoas idosas dentro dessas minorias são também as que mais são vítimas de violência e de injustiça social. Invisíveis para a sociedade, e em muitos casos com acesso à informação limitado, são mais vulneráveis aos variados tipos de violência, principalmente a chamada violência financeira e patrimonial, que se refere a condutas criminosas de subtração ou retenção de bens, recursos econômicos ou documentos pessoais, que geralmente acontece combinada ao abandono ou até mesmo maus tratos a pessoa idosa.
“Muitos idosos, principalmente dessas minorias, moram sozinhos, o que, por si só, já é um sinal de fragilidade. Quando essa pessoa não tem família, não tem acesso à informação, ela passa a depender de uma terceira pessoa, que na visão e no coração delas é de extrema confiança. Mas é essa mesma pessoa com quem o idoso criou uma relação de afeto que comete a violência, seja aplicando golpes, com maus tratos ou desdém. É preciso ter atenção também para as pessoas idosas que estão nas ruas. Nesse caso muita gente critica dizendo que esse idoso tem o LOAS [benefício assistencial do INSS], mas é preciso se perguntar: quem está com o cartão do benefício? É obrigação do Estado garantir a dignidade, a moradia digna, a saúde pública eficaz, que acolha as pessoas pelo ser e não por ter plano de saúde ou sobrenome de peso”, afirma.
Por conta disso, explica Crismédio Costa, há a necessidade da constante conscientização da sociedade para o respeito à velhice, tanto para buscar melhor qualidade de vida para a pessoa idosa, como também para cobrar dos gestores públicos a adoção de medidas de proteção e também combater a violência a esse público, levando em consideração que a população brasileira está envelhecendo e está a caminho de se tornar o sexto país mais velho do mundo.
O reconhecido ativista e palestrante - que está concorrendo ao Prêmio Zilda Arns - integra a campanha “Pessoas idosas pobres importam”, iniciada no dia 15 de junho, que entre as iniciativas busca popularizar a hashtag #AporofobiaNão, que é a aversão e desprezo às pessoas pobres, com uma forma de despertar nas pessoas o respeito e a proteção à velhice, além de também combater a violência contra esse público, que é subnotificada, além de incentivar os gestores para a criação de órgãos como uma delegacia de proteção à pessoa idosa e observatório da pessoa idosa.
“Se você tiver conhecimento sobre algum idoso que está sendo vítima de violência ou negligência deve buscar primeiro a rede de proteção mais próxima, como Creas, Iras, igreja ou associação, ou ainda pelo telefone 181, que tem o modo idoso protegido. Lá é possível fazer denúncia sem se identificar”, completou.

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