Saúde

Cirurgia bariátrica possui efeitos positivos que vão muito além da perda de peso

Março é o mês de combate à obesidade

Por 7Segundos 26/03/2023 16h04 - Atualizado em 26/03/2023 18h06
Cirurgia bariátrica possui efeitos positivos que vão muito além da perda de peso
Natália Santana perdeu 70 quilos após o procedimento que, segundo ela, mudou sua vida - Foto: Reprodução

Nos últimos anos, o acesso à cirurgia bariátrica tem ajudado pacientes que lutam contra à obesidade. Entretanto, a perda de peso não é o único efeito positivo causado pelo procedimento.

Para a arapiraquense Natália Santana, de 28 anos, a luta contra a obesidade sempre existiu.

"Foram inúmeras tentativas, profissionais e métodos de emagrecimento, mas nenhum desses foram capazes de solucionar a doença. O maior motivo que me fez decidir pela cirurgia foi ter chegado ao ápice do meu peso, 150kg aproximadamente, e no quanto isso estava interferindo na minha qualidade de vida, ao ponto de não conseguir amarrar um cadarço ou brincar com minha filha", disse ela.

Para Natália, sua vida mudou para melhor em todos os sentidos, pois agora ela tem disposição, autoestima e consegue compreender que a obesidade é uma doença e precisa ser tratada de forma séria, e com uma equipe multiprofissional qualificada.

"Foi um processo gradativo, mas ao mesmo tempo muito prazeroso, onde em cada meta alcançada pra mim era mais uma vitória. Hoje sigo num peso de manutenção e mantendo a organização da alimentação e a disciplina", explicou a jovem, que eliminou 70 quilos.

Um estudo publicado em 2021 relata que a bariátrica, além de ajudar na perda de peso, pode proteger o fígado. O trabalho avaliou um grupo composto por cerca de 1.100 pacientes que tinham uma grave doença hepática gordurosa e que foram submetidos à cirurgia.

O resultado foi muito positivo. Além de perderem peso, os participantes reduziram o risco de gordura no fígado em quase 90%.

Dentre os 650 pacientes que foram submetidos à cirurgia, apenas cinco desenvolveram algum problema relacionado à gordura no fígado, enquanto dos 508 que não foram submetidos ao procedimento, 40 desenvolveram problemas.

Os pacientes avaliados durante o estudo também apresentavam risco menor de doenças cardiovasculares. Eles tinham 70% menos probabilidade de sofrer derrame ou insuficiência cardíaca ou morte de doença cardíaca.

De acordo com o diretor do Instituto Bariátrico e Metabólico da Clínica Cleveland, dr. Ali Aminian, principal autor do estudo, o impacto foi causado sobretudo pela drástica perda de peso.

“A obesidade é o principal fator do fígado gorduroso. O excesso de gordura deflagra inflamação, o que leva à cirrose. Quando um paciente perde peso, a gordura sai de todos os lugares, inclusive do fígado; a inflamação relacionada e parte do tecido cicatricial pode se reverter e melhorar”, explicou o especialista.

RISCOS DA CIRURGIA

Assim como quaisquer procedimentos cirúrgicos, na bariátrica também é possível ter complicações. Porém, o risco de óbito é considerado baixíssimo - 0,2% a 0,5%, o que representa de 2 a 5 mortes entre 1.000 cirurgias -, o que torna ainda menor quando o paciente passa por acompanhamento de uma equipe multidisciplinar.

PELO SUS

De acordo com o Ministério da Saúde, estão aptos a cirurgia pacientes com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 50kg/m2, independente da presença de comorbidades; pessoas com IMC entre 35 e 40 kg/m2 com comorbidades; e indivíduos com IMC entre 30 e 35 kg/m2 na presença de comorbidades que tenham obrigatoriamente a classificação grave atestada por um médico.

Para ser submetido à cirurgia pelo Sistema Único de Saúde, o usuário deve procurar a Unidade Básica de Saúde de referência e ter esgotado as possibiliades de tratamento clínico da obesidade - com medicamentos e alterações comportamentais - e cumprir os requisitos impostos pelo Ministério da Saúde.

Depois disso, a pessoa será encaminhada para o preparo pré-operatório, que inclui acompanhamento psicológico, nutricional e avaliação médica com especialistas. O tempo de espera varia a depender da cidade ou estado.

O tempo de recuperação, no caso da cirurgia minimamente invasiva, costuma ser de de quinze dias, e é fundamental que o indivíduo siga todas as instruções da equipe e do seu nutricionista que, no início, indicará uma dieta líquida, evoluindo gradualmente para pastosa, com alimentos cremosos e depois sólida, com comidas mais consistentes.