Adoção tardia é uma prova viva de que não existe idade para o amor
Interesse em um perfil específico de crianças gera demora na fila de adoção

Adoção é um gesto de amor incondicional, capaz de transformar vidas e criar laços eternos. No entanto, muitas vezes, crianças e adolescentes que estão mais crescidos acabam sendo deixados de lado, à espera de uma família que esteja disposta a acolhê-los. É nesse contexto que surge a adoção tardia, um ato de generosidade que abre as portas para um futuro repleto de esperança e felicidade.
A adoção tardia refere-se à adoção de crianças ou adolescentes com idade acima de 3 anos, que já passaram por experiências em instituições de acolhimento ou abrigos. Esses jovens muitas vezes carregam histórias de vida marcadas por adversidades e incertezas, mas dentro deles há um potencial imenso para crescer, se desenvolver e se tornar parte de uma família amorosa.
É o caso do adolescente Claudistone, mais conhecido como Clau, que tem 14 anos e atualmente mora no abrigo Mãe Rainha, em Arapiraca. O rapaz sonha com a chance de ter uma família.
Em depoimento para a Campanha Adotar é Amor, promovida pelo Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL), Clau se emociona ao imaginar o futuro. Para ele, não importa se for adotado por uma família humilde, contanto que receba amor e cuidado.
Claudistone chegou pela primeira vez no abrigo em 2017, mas retornou para a família biológica em 2018. Com o falecimento de sua mãe, em 2019, ele voltou ao abrigo, uma vez que o pai já era falecido.
Assim como Claudistone, várias outras crianças e adolescentes seguem no aguardo da adoção tardia no Brasil, enfrentando, muitas vezes, os sentimentos de abandono e esquecimento.
Embora seja comum que as pessoas sejam mais inclinadas a adotar bebês ou crianças pequenas, é essencial compreender que a idade não é um obstáculo para o amor. Cada criança, independentemente da idade, merece ter um lar onde se sinta amada, protegida e valorizada. A adoção tardia oferece a oportunidade de dar uma nova chance a esses jovens, proporcionando-lhes a estabilidade e o afeto que tanto necessitam.
O perfil das crianças e adolescentes acolhidos em Alagoas foi tema de um bate-papo durante o 12º Encontro Estadual de Adoção, realizado no Maceió Shopping durante de 24 a 26 de maio.
A discussão foi conduzida pela coordenadora da Casa Lar, Rickelane Gouveia e pela psicóloga do Lar Batista Marcolina Magalhães, Denise Barros.
Segundo Rickelane Gouveia, é muito importante desmitificar a forma como as pessoas veem as crianças acolhidas em abrigos. “Mostramos as estatísticas, o perfil dessas crianças, faixa etária, etnia. Hoje temos uma faixa etária entre 10 e 17 anos, na maioria meninos. Estamos conseguindo desmitificar um pouco, a adoção tardia está sendo divulgada, temos pais que optaram pela adoção tardia e viram que não tem nenhum mistério”, explicou a coordenadora.

Rickelane Gouveia destacou a importância de desmitificar o perfil das crianças acolhidas. Foto: Adeildo Lobo.
É importante ressaltar que a adoção tardia não é apenas benéfica para a criança ou adolescente, mas também para a família adotiva. Através desse ato altruísta, as famílias têm a chance de expandir seu amor e construir uma relação única, baseada no respeito, no cuidado e na compreensão mútua. O processo de adaptação pode ser desafiador, mas a recompensa é imensurável: a construção de um vínculo afetivo profundo e duradouro.
Para que a adoção tardia seja bem-sucedida, é fundamental que os futuros pais estejam preparados para os desafios que possam surgir. Acompanhamento psicológico, suporte social e a participação em cursos de preparação para adoção são etapas importantes nesse processo. A adoção tardia requer paciência, dedicação e uma disposição genuína de criar um ambiente de amor e segurança.
Por incrível que pareça, atualmente existem mais pretendentes a pais do que crianças e adolescentes para adoção. Segundo dados de 2022 do Conselho Nacional de Justiça, de um lado 3.751 crianças e adolescentes disponíveis para adoção no Brasil. Do outro, 33.046 pretendentes. Mas, porque a fila de quem espera por uma família não acaba?
Para a psicóloga Denise Barros, a maioria dos pretendentes tem interesse em um perfil específico de crianças, o que pode gerar demora na fila de adoção.
“O que demora não é a fila, mas o perfil que você escolhe. Não faça sua escolha baseada em mitos, pois quando a gente baixa a guarda, a gente se permite vivenciar a realidade. Estamos aqui enfatizando a importância de se conhecer a realidade de outros perfis de crianças”, enfatizou a psicóloga.

Denise Barros explicou que a demora às vezes advém do perfil escolhido pelos pretendentes. Foto: Adeildo Lobo.
Felizmente, cada vez mais pessoas estão abrindo seus corações para a adoção tardia. Governos, organizações e instituições de justiça têm trabalhado incansavelmente para incentivar e facilitar esse tipo de adoção. Programas de conscientização, eventos especiais e ações educativas são realizados para informar e sensibilizar a sociedade sobre a importância e as necessidades das crianças e adolescentes que aguardam por uma família.
Em meio a esses esforços, destacam-se as ações do Tribunal de Justiça de Alagoas, que promove encontros estaduais de adoção, capacitação dos pretendentes e proporciona espaços de diálogo e reflexão sobre a adoção tardia. Essas iniciativas têm o objetivo de criar um ambiente favorável para a aproximação entre famílias adotivas e crianças à espera de um lar, construindo uma sociedade mais solidária e acolhedora.
Adoção legal
Durante o 12º Encontro Estadual de Adoção, a juíza titular da 28ª Vara da Infância da Capital falou sobre a importância da adoção legal para proteger a família e a criança.
“Sabemos que infelizmente há uma cultura de adoções de entrega direta, mas isso tudo é um risco, pois não é seguro nem para quem faz a adoção nem para a mãe que entregou essa criança. Não se deve formar uma família através de um caminho ilegal”, enfatizou a juíza.
A magistrada destacou ainda a importância de seguir o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA) do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para a formação das novas famílias.
“O Sistema Nacional de Adoção foi pensado para proteger a criança, que vai para um casal ou para uma pessoa que está devidamente habilitada, preparada, investigada e capacitada para ser pai e mãe, que é uma função tão importante”.

Magistrada enfatizou a importância de se formar uma família de modo legal e seguro para todos. Foto: Adeildo Lobo.
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