Agreste

Estudo aponta possível impacto das atividades de mineração em rachaduras na zona rural de Craíbas

Danos a imóveis são constantemente denunciados por moradores

Por 7Segundos 17/01/2024 11h11 - Atualizado em 22/01/2024 08h08
Estudo aponta possível impacto das atividades de mineração em rachaduras na zona rural de Craíbas
A Mineração Vale Verde opera na zona rural de Craíbas, Agreste alagoano - Foto: Reprodução

Um recente estudo conduzido pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB) revelou preocupantes constatações sobre a presença de intensas rachaduras em residências do município de Craíbas, localizado no agreste alagoano. Os pesquisadores Bruno Elldorf e Gilmar Pauli Dias conduziram a pesquisa, que ocorreu entre os dias 21 e 23 de novembro de 2023 e foram motivadas após constantes denúncias de moradores.

As fissuras, presentes há mais de um ano nas paredes, chão e outras partes das estruturas físicas das residências, inclusive em uma igreja da zona rural, foram o foco do estudo. A principal suspeita recai sobre as explosões periódicas da Mineração Vale Verde (MVV) no Povoado Serrote da Laje, situado a 160 km de Maceió, que estariam impactando as casas em pelo menos seis comunidades de Craíbas.

A investigação teve início após uma inspeção da Justiça Federal em Arapiraca, em 14 de novembro de 2023, em resposta a uma ação movida pela Defensoria Pública da União (DPU) em Alagoas. A visita contou com a participação de órgãos como a Agência Nacional de Mineração (ANM), Advocacia-Geral da União (AGU), Defesa Civil Nacional, Defesa Civil Estadual e Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA).

O levantamento de dados abrangeu 95 imóveis nos sítios Pichilinga, Lagoa do Mel, Torrões, Ipojuco, Umbuzeiro e Pau-Ferro, todos na zona rural de Craíbas. Segundo o relatório, as áreas mais afetadas foram os sítios Lagoa do Mel, Torrões, Umbuzeiro e Pichilinga, classificando os danos de acordo com a abertura e comprimento de fissuras, trincas e rachaduras.

Surpreendentemente, os danos afetaram imóveis de diferentes padrões estruturais, desde casas mais antigas de taipa até construções recentes de alvenaria. O estudo indicou que geologicamente, o município está em uma área com sistemas de falhamentos geológicos e atividades sísmicas de baixa magnitude. Contudo, o relevo da região não sugere movimentos de massa que justifiquem tais danos.

Contrariando as expectativas, o relatório concluiu que "os danos registrados nas moradias não estão relacionados às características geológicas e geotécnicas da região, não sendo possível correlacioná-los ao padrão construtivo dos imóveis".

Diante dessas constatações, a suspeita de ação humana ganha força. A Mineração Vale Verde (MVV), em notas recentes à imprensa, nega qualquer relação de suas atividades com as rachaduras, assegurando que mantém práticas ambientais rigorosas, em conformidade com a legislação brasileira e padrões internacionais de ESG (Environmental, Social and Governance).

Em nota, a MVV informa que todas as atividades seguem controles estabelecidos pelo Instituto do Meio Ambiente. Confira:

A Mineração Vale Verde (MVV) reitera o seu compromisso com o meio ambiente e com as comunidades anfitriãs de suas operações, bem como o respeito absoluto às regras impostas ao seu funcionamento.

A MVV esclarece que segue todas as diretrizes estipuladas pela legislação vigente e órgãos ambientais, não tendo sido identificada qualquer conduta que as violassem. Todas as atividades realizadas pela companhia seguem os controles estabelecidos no Plano de Monitoramento validado pelo Instituto de Meio Ambiente (IMA/AL), cujos resultados são periodicamente protocolados no órgão licenciador.

O estudo mencionado não deixa claro o que pode estar gerando as rachaduras, haja visto que não demonstra qualquer nexo de causalidade entre as operações da MVV e aos supostos danos aos imóveis que teriam sido vistoriados. Por esta razão, é preciso o máximo cuidado com especulações acerca do tema.

A MVV se mantém à disposição das autoridades competentes e da população para esclarecimento de eventuais dúvidas e para buscar um entendimento dos problemas registrados na região. Em tempo, a empresa reforça que continua a sediar encontros mensais com o Comitê Social Participativo de Mineração (CSPM), para o debate franco de pontos pertinentes a todas as partes interessadas, bem como encontros mensais com os poderes públicos de Craíbas e de Arapiraca.