Política

Contas do governo têm déficit de R$ 1,5 bi em março; Tesouro não descarta novas medidas para elevar receitas

Segundo o Tesouro, receita líquida em março foi de R$ 163,8 bilhões; a despesa ficou em R$ 165,3 bi

Por G1 30/04/2024 09h09 - Atualizado em 30/04/2024 10h10
Contas do governo têm déficit de R$ 1,5 bi em março; Tesouro não descarta novas medidas para elevar receitas
Ministro da Fazenda Fernando Haddad - Foto: TON MOLINA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

As contas do governo federal registraram déficit primário de R$ 1,53 bilhão em março deste ano, informou nesta segunda-feira (29) a Secretaria do Tesouro Nacional.

O déficit primário ocorre quando as receitas com tributos e impostos ficam abaixo das despesas do governo (não são considerados os gastos com o pagamento de juros da dívida pública). Se as receitas superam as despesas, o resultado é de superávit primário.

De acordo com o Tesouro Nacional, em março:

A receita líquida foi de R$ 163,8 bilhões

A despesa total foi 165,3 bilhões


Segundo o governo, o déficit registrado em março é o maior, para o mês, desde 2022, quando o rombo somou R$ 6,97 bilhões (valor corrigido pela inflação).

O déficit registrado das contas do governo em março aconteceu apesar do bom desempenho da arrecadação – que somou R$ 190,6 bilhões, recorde histórico para o período.

"Em termos reais, a receita líquida [após as transferências aos estados e municípios] apresentou um acréscimo de R$ 12,6 bilhões (+8,3%), enquanto a despesa total registrou um aumento de R$ 6,8 bilhões (+4,3%), quando comparadas a março de 2023", informou o Tesouro Nacional.

Tesouro não descarta medidas para elevar receitas


Questionado se as receitas e despesas estão dentro da banda para atingimento da meta fiscal deste ano, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmou que os números mostram que “há um caminho para atingir os resultados previstos”.

“O primeiro trimestre mostrou que é possível ficar dentro do intervalo da banda, não muito fora dele”, acrescentou.

O secretário não afastou a necessidade de que sejam tomadas novas medidas para aumentar a arrecadação ainda em 2024, como forma de atingir as metas fixadas.

“Outras medidas podem ser anunciadas para compensar eventual frustração de algum item de receita, mas o global da arrecadação tem performado. Não estamos longe de um patamar para ficar dentro das metas estabelecidas”, concluiu.

Parcial do ano e meta fiscal


Ainda segundo o Tesouro Nacional, no acumulado dos três primeiros meses deste ano, as contas do governo registraram superávit primário de R$ 19,43 bilhões.

Com isso, houve piora em relação ao mesmo período do ano passado, quando foi registrado um superávit fiscal de R$ 31,2 bilhões nas contas do governo.

De acordo com o Tesouro Nacional, a receita líquida apresentou um aumento de R$ 44,9 bilhões (+9,1%) nos três primeiros meses deste ano, enquanto a despesa total aumentou R$ 58,2 bilhões (+12,7%), na comparação com o mesmo período de 2023.

O governo informou que busca zerar o rombo das contas públicas neste ano, meta que consta na Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) -- aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em 2023, o governo federal registrou um déficit primário (sem contar as despesas com juros) de R$ 230,5 bilhões. Foi o segundo pior resultado da série histórica.

O objetivo de zerar o rombo fiscal neste ano é considerado ousado pelo mercado financeiro, que projeta um déficit em torno de R$ 80 bilhões para 2024.

De acordo com o relatório de avaliação de receitas e despesas divulgado na semana passada, entretanto, as contas do governo deverão registrar um déficit de R$ 9,3 bilhões neste ano.

Pelas regras do arcabouço fiscal, há uma banda de 0,25 ponto percentual do PIB para cima e para baixo da meta fiscal.

Com isso, o governo pode registrar um rombo de até R$ 28,8 bilhões em 2024 sem que o objetivo seja descumprido.

Em busca da meta fiscal, o governo aprovou, no ano passado, uma série de medidas para aumentar a arrecadação federal. O objetivo é elevar a arrecadação em R$ 168,5 bilhões em 2024.