Loja de armas alvo de operação da PF em Arapiraca vendia munição para facções criminosas
Esquema utilizava nome de CACs para burlar sistema; Empresário segue preso

A loja de arma localizada na cidade de Arapiraca, que foi alvo de uma operação da Polícia Federal na semana passada, vendia munições para facções criminosas e utilizava policiais militares da Bahia para facilitar as transações ilícitas.
Em entrevista a um portal de notícias da capital, o delegado da PF Rodrigo Motta de Andrade, informou que a investigação, realizada no âmbito da Operação Fogo Amigo, constatou que policiais militares adquiriam grandes quantidades de munições, muitas vezes excedendo o limite permitido, e as revendiam com lucro para membros de facções.
"Em regra, o que a investigação constatou é que policiais militares compravam muitas munições nas lojas, em quantidade superior à que poderiam adquirir e vendiam com margem de lucro para integrantes de facções", afirmou o delegado.
Na última sexta-feira (24), o juiz Eduardo Ferreira Padilha, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Juazeiro, na Bahia, negou o pedido de liberdade para o empresário Eraldo Luiz Rodrigues, proprietário da loja arapiraquense, baseado nas evidências coletadas durante a investigação.
O esquema de venda de armas e munições era sofisticado. As lojas investigadas vendiam munições de todos os calibres para indivíduos sem armas registradas, utilizando dados de terceiros para registrar essas transações no sistema do Exército Brasileiro (EB).
"Os lojistas estavam usando dados de terceiros que podiam comprar essas munições. Por exemplo, um indivíduo registrado como CAC (Colecionador, Atirador e Caçador) comprava 50 munições calibre .380 para sua pistola, mas pela norma vigente, poderia comprar até 1000 munições. A loja vendia 950 munições para qualquer pessoa e lançava em nome do CAC, que não tinha conhecimento do esquema criminoso", explicou Motta.
Estima-se que o grupo criminoso vendia em média 20 armas e 10 mil munições de variados calibres por mês. A equipe de investigação ainda trabalha para determinar os valores envolvidos, mas já foram bloqueados mais de R$ 7 milhões em contas dos investigados.
O delegado relatou que o esquema foi descoberto após a deflagração de outra operação em junho de 2023.
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