Quem é Johny Bravo, traficante 'chefe' da Rocinha que viralizou nas redes após festa de luxo
Criminoso é acusado de crimes como tráfico de drogas, homicídio, comercialização de 'gatonet' e outras cobranças ilegais nas comunidades que ele comanda
Considerado atualmente pela polícia como um dos nomes mais importantes do Comando Vermelho (CV), o nome do traficante John Wallace da Silva Viana, conhecido como Johny Bravo, veio a tona novamente após um vídeo viralizar nas redes sociais em uma festa realizada no último domingo em comemoração aos seus 36 anos.
O chefe do tráfico local das favelas da Rocinha e do Vidigal, na Zona Sul do Rio, aparece nas imagens usando camisa preta e colares grandes dourados. Mas essa não é a primeira vez que o nome dele está em foco.
Após a publicação do vídeo, o Disque Denúncia fez uma postagem reforçando o pedido de informações sobre o criminoso. Ligado ao Comando Vermelho (CV), Johny Bravo é foragido da Justiça — contra ele há seis mandados de prisão em aberto por uma série de crimes, como tráfico de drogas e homicídio.
O traficante também controla a comercialização de sinais de TV clandestinos, além de outras cobranças ilegais nas comunidades que controla, como assinaturas de internet e por gás encanado. Além disso, de acordo com informações recebidas pela polícia, Johny Bravo também cobra uma taxa de R$ 300 pelo uso de um campo de futebol público no alto do Vidigal.
Articulador de invasão
Segundo investigações, Johny Bravo foi o principal articulador e mentor da invasão ao Morro da Mineira, no dia 26 de agosto de 2020.
A maior parte das armas usadas na ocasião foram fornecidas por ele. Traficantes partiram da Rocinha, para a Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana. Nesse caminho, criminosos trocaram tiros com policiais e agentes do Segurança Presente na Lagoa e no Humaitá.
No fim da tarde do dia 26, após se reunirem no Morro Fallet-Fogueteiro, em Santa Teresa, os bandidos tentaram invadir a Mineira. Houve um intenso tiroteio que durou até a madrugada.
Durante o confronto, Ana Cristina da Silva, de 25 anos, que estava indo para o bar onde trabalhava com o filho, foi ferida e acabou morrendo. Ela se curvou sobre a criança, de 3 anos, para protegê-la. Ana foi atingida por um tiro de fuzil na cabeça e outro na barriga. Johny Bravo foi um dos indiciados pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) pela morte da mulher.
Fluente em inglês
Johny Bravo já chegou a ir para a Suíça, em 2014, após desavenças com outros criminosos. Segundo o Disque Denúncia, fluente em inglês, ele viaja com frequência para o exterior. Ele assumiu o controle da Rocinha em 2017 quando Antônio Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha, e Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, se desentenderam. Ambos estão em presídios federais.
Receberia 47 fuzis ano passado
No final do ano passado, investigações revelaram que Johny Bravo se transformou em um dos homens de confiança Wilton Carlos Rabelo Quintanilha, o Abelha, integrante da cúpula da maior facção criminosa do Rio. Uma das informações recebidas pela Polícia Civil dizia que o próprio Abelha, além de bandidos de outros estados, estariam usando a Rocinha como esconderijo. Em outubro, Polícia Federal apreendeu 47 fuzis e munição calibre 556, em uma mansão da Barra da Tijuca, na Zona Oeste. O imóvel estava alugado por homens vindos de Minas Gerais.
Não gosta de aparecer nas redes
Apesar de ser extremamente vaidoso, a ponto de receber o apelido de Johny Bravo — personagem de desenho animado de compleição física avantajada, cabelos grandes, calças pretas apertadas e paquerador inveterado — o chefe do tráfico na Rocinha tem pavor de fotografias e vídeos, além de ser extremamente vingativo. Tanto que, em 2020, ameaçou matar o autor das imagens que o flagraram no baile funk em que aparece com uma escolta armada e, pelo menos, 22 fuzis diante de uma multidão — da qual participavam inclusive crianças:
“Quem gravou a equipe do Bravo na Rocinha, no baile, vai morrer. Quem estava do lado de quem estava gravando vai ser cassado para falar como a pessoa era, entendeu?”, diz a mensagem postada em redes sociais pela quadrilha à época.
Em uma de suas fotos obtidas pela polícia, ele aparece de roupa preta ao lado de criminosos armados e com roupas camufladas. O traficante também ostenta um fuzil, um colar de ouro e anéis que formam o nome Rogério 157 — referência ao traficante Rogério Avelino da Silva, ex-chefe do tráfico da Rocinha, preso em 2018 e condenado a 32 anos de prisão.
Rogério 157 destituiu do poder José Carlos de Souza Silva, o Gênio, e colocou em seu lugar Jhony Bravo e Leandro Pereira da Rocha, o Bambu, acusado de ser o pivô da morte do soldado Filipe Santos de Mesquita em 22 de março de 2018. Mesquita abordou Bambu, mas não o identificou na hora. Passados alguns instantes, seguranças do bandido foram socorrê-lo e mataram o militar com quatro tiros.
Agressão e homicídio
Em fevereiro de 2023, a Polícia Civil abriu um inquérito para apurar se o traficante Johnny Bravo espancou a esposa na favela da Rocinha. As agressões teriam sido motivadas por suspeitas de traição.
Informações de inteligência da Polícia Civil indicam, ainda, que Johnny Bravo matou um integrante de sua quadrilha, identificado como Patrick, por suspeita de estar se relacionando com a sua esposa. A Delegacia de Homicídios (DH) informou que não foi acionada para o homicídio, por isso o caso ainda não está sendo investigado. O corpo teria sido levado para uma área de mata no alto da favela.
Patrick, comparsa de Johny Bravo, já foi responsável por comandar o tráfico na Chácara do Céu, pequena comunidade vizinha ao Vidigal, mas perdeu o posto depois de se relacionar com a filha de um traficante da cúpula do tráfico na Rocinha. Ele continuava com envolvimento com o tráfico, mas tinha perdido o cargo que possuía.