R$ 16 mil para 'evaporar': japoneses pagam para sumir e começar nova vida
No Japão, milhares de pessoas optam por desaparecer todos os anos

Em um movimento feito por pessoas conhecidas como jouhatsu, japoneses optam por desaparecer e abandonar suas vidas, suas casas e suas famílias. A prática, que acontece discretamente no Japão há décadas, conta com empresas que auxiliam os interessados em "evaporar".
Desaparecer sem deixar rastros não é uma prática exclusiva aos japoneses. No entanto, no país asiático a prática conta até com um nome para aqueles que desejam começar uma nova vida. Os jouhatsu decidem seguir um novo caminho sem olhar para trás.
O termo dedicado a essas pessoas significa "evaporação". A definição de jouhatsu indica aqueles que somem propositalmente e escondem seu novo paradeiro até mesmo de suas famílias "antigas".
As motivações que levam à 'evaporação' geralmente são negativas. A pressão por um bom desempenho no emprego, uma desilusão amorosa, dificuldades financeiras ou o sentimento de insatisfação generalizada podem fazer com que a pessoa opte por desaparecer do cenário em que está vivendo e buscar uma nova realidade.
Não corresponder às expectativas de terceiros também pode provocar o movimento dos jouhatsu. Em entrevista à rede britânica BBC, Sugimoto [que solicitou anonimato parcial, não tendo seu primeiro nome divulgado] contou que não desejava tocar o negócio do pai. Para fugir da angústia que a situação causava, Sugimoto deixou sua cidade e não revelou a ninguém seu destino. " Fiquei farto das relações humanas. Peguei uma mala e desapareci. Eu simplesmente fugi", explicou.
Milhares de japoneses optam por desaparecer todos os anos. Segundo dados do Hopkins Training & Education Group, de Hong Kong, cerca de 100 mil pessoas fogem de suas casas sem deixar vestígios todos os anos.
O termo jouhatsu passou a ser utilizado na década de 1960. Segundo o sociólogo Hiroki Nakamori, que pesquisa o fenômeno há mais de dez anos, o desaparecimento voluntário passou a ser utilizado por aqueles que preferiam sumir do que precisar lidar com situações difíceis, como um divórcio. "No Japão é mais fácil desaparecer do que em outros países", explicou à BBC.
Segundo o sociólogo, a privacidade dos japoneses é um fator inegociável, o que dificulta eventuais buscas pelo jouhatsu. As pessoas desaparecidas podem, por exemplo, sacar dinheiro em caixas eletrônicos sem serem descobertas e os membros da família não podem acessar vídeos de câmeras de segurança que poderiam ter gravado seus entes queridos enquanto fugiam. As autoridades não se envolvem nestes casos, a menos que tenham suspeitas mais graves.
“A polícia não vai intervir, a menos que haja outro motivo, como um crime ou um acidente. Tudo o que a família pode fazer é pagar caro a um detetive particular. Ou simplesmente esperar”, disse Hiroki Nakamori.
Alto número de jouhatsu fez surgir um novo mercado no Japão
As pessoas que desejam abandonar suas vidas e buscar uma nova versão de si mesmas contam com apoio profissional. Conhecidas pela discrição que o processo de um jouhatsu exige, as empresas são responsáveis pelo planejamento da fuga.
A alta demanda por serviços do tipo fez com que um novo mercado surgisse no Japão. A indústria chamada Yonige-Ya, que significa "fugir à noite" em japonês, é especializada em ajudar as pessoas que desejam se esconder e se mover rapidamente para sair de suas vidas originais. Apesar do nome se referir a movimentações feitas durante a noite, a fuga pode acontecer em outros horários, conforme avaliação da empresa.
“A equipe da Yonige-Ya planejará primeiro um horário de mudança adequado. Certifique-se de que o tempo de movimentação não seja muito longo para evitar o perigo de ser descoberto”, explicou Hopkins Training & Education Group.
Como parte do pacote, as empresas ajudam o contratante a se retirar de sua vida atual. São oferecidos, por exemplo, serviços como transporte e hospedagens em lugares distantes.
Além de auxiliar os clientes com locomoção e acomodação, a indústria Yonige-Ya apaga todas as eventuais pistas para que o jouhatsu não seja encontrado. Para evitar que a pessoa que sumiu seja rastreada, as empresas lidam com os detalhes que podem ser atribuídos ao jouhatsu, como telefones celulares, contas de consumo e cartões de crédito.
Segundo dados do Hopkins Training & Education Group, os valores cobrados pelas empresas podem variar. Um levantamento feito pelo portal indica que o custo de um único serviço varia de US$ 450 a US$ 2.600 (cerca de R$ 2.700 e R$ 16.000 conforme cotação atual). O número de clientes, a idade dos interessados em desaparecer e os itens a serem levados são variáveis que podem alterar o valor final do pacote contratado.
Últimas notícias

Criado há três meses, 'Luau do Sipá' conquista multidão ao som de boa música na orla de Maceió

Prefeita Ceci marca presença no Workshop Masterop Travel 2025 para fortalecer o turismo em Atalaia

Deputada Cibele Moura volta a assumir presidência da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da ALE

Audiência mantém impasse sobre Faixa Verde na orla da Ponta Verde, em Maceió

Defeito no ar-condicionado causou mal-estar em crianças dentro de ônibus escolar

Motociclista derrapa em óleo na pista e colide contra carro no Centro de Maceió
Vídeos e noticias mais lidas

Alvo da PF por desvio de recursos da merenda, ex-primeira dama concede entrevista como ‘especialista’ em educação

12 mil professores devem receber rateio do Fundeb nesta sexta-feira

Filho de vereador é suspeito de executar jovem durante festa na zona rural de Batalha

Marido e mulher são executados durante caminhada, em Limoeiro de Anadia
