Professor da Ufal/Penedo participa de operação de proteção à biodiversidade marinha na BA
Professor Cláudio Sampaio, do curso de Engenharia de Pesca em Penedo, foi convidado a participar da operação por sua expertise em ecossistemas marinhos
O professor Cláudio Sampaio, da Unidade de Penedo da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), participa de uma grande operação ambiental na Ilha de Itaparica, na Baía de Todos-os-Santos, em Salvador (BA), iniciada neste mês de janeiro, para combater o octocoral invasor Chromonephthea braziliensis e proteger a biodiversidade marinha da região. O coral invasor foi identificado pela primeira vez, na região de Itaparica, há cerca de um ano, por pescadores locais. Mas a presença desta espécie já foi detectada no Rio de Janeiro há 30 anos.
A iniciativa, que se estende até fevereiro, é fruto de uma parceria entre a Secretaria do Meio Ambiente (Sema), o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), a ONG Pró-Mar e instituições de pesquisa federais. A operação visa erradicar o coral invasor, que ameaça ecossistemas locais. Claudio Sampaio foi convidado a participar por sua expertise em ecossistemas marinhos e está contribuindo para o planejamento das estratégias de manejo.
Segundo ele, essas ações são inéditas, não havendo nenhuma outra iniciativa de controle dessa espécie. As ações de pesquisa visam determinar a melhor metodologia para a remoção do invasor. “Injetamos vinagre, sal azedo, água doce e realizamos remoção manual na região do píer de Itaparica. Associado a essa pesquisa, registramos imagens, fotos e vídeos, para melhor avaliar esses tratamentos, a área invadida e interações com espécies nativas”, destaca Cláudio Sampaio.
Segundo o professor, o octocoral, Chromonephthea braziliensis, apesar do seu nome científico fazer referência ao registro no Brasil, é na verdade uma espécie invasora, nativa do Pacífico, que chegou em Arraial do Cabo (RJ) há aproximadamente 30 anos. “Mas somente agora foi observada sua expansão, alcançando as águas tropicais do Atlântico, mais especificamente os recifes de coral, pilastras de piers, sinalizações náuticas e até no lixo submerso na maior baía do Brasil, a de Todos os Santos”, informa Sampaio.
Ele informa que a Pró-Mar, sediada na Ilha de Itaparica, foi a primeira entidade a ser alertada sobre a presença de um coral mole rosado, semelhante a um arbusto, fixado nas pilastras de um píer. Depois desse aviso, a equipe do Laboratório de Oceanografia Biológica (LOB-UFBA), Laboratório de Ecologia e Conservação (Ecolab-Ufal), Laboratório de Ecologia Bentônica (LEB-UFBA) e Laboratório de Ictiologia e Conservação (LIC-Ufal) redigiram uma nota técnica sobre essa bioinvasão na Baía de Todos os Santos, e encaminharam aos órgãos competentes, sugerindo medidas para o monitoramento e controle.
Esse octocoral, também chamado de coral mole, não apresenta esqueleto calcário como os outros corais, que formam recifes. “Essa espécie se espalha, na ausência de competidores e predadores nativos, atingindo um grande tamanho. Registramos corais com mais de 1,5 m de altura, colorido vistoso, com tons rosados, brancos, violetas e marrons, que fazem o Chromonephthea braziliensis se destacar na baía de Todos os Santos, competindo por espaço”, descreve o pesquisador da Ufal.
Cláudio alerta que, embora o Chromonephthea braziliensis ainda não tenha sido identificado no litoral alagoano, existe um risco real de sua introdução, especialmente com a ampliação das atividades de petróleo e gás na costa do estado. “A prevenção é essencial para evitar que essa espécie chegue a Alagoas e cause impactos graves. No Rio de Janeiro foram observados casos de necrose de tecido de espécies nativas, sugerindo a presença de compostos químicos poderosos que estão ainda sendo estudados”, ressalta.
Os pesquisadores e entidades ambientalistas solicitam que pescadores, marisqueiras e turistas avisem às autoridades ambientais se observarem a presença deste coral na costa brasileira. Para contribuir com a informação sobre a espécie invasora, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Salvador (BA), convocou uma reunião com a comunidade da Ilha de Itaparica. “Essa ação conjunta entre pesquisadores, gestores e comunidade vai ser necessária em todos os locais onde houverem registro da espécie, para conter os prejuízos ambientais”, finaliza o pesquisador.