Economia

Tarifa de Trump contra o Brasil faz parte de estratégia global da extrema direita, diz especialista

Republicano enviou carta a Lula em que anuncia a aplicação de tarifas de importação e cita ações no STF sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro e sobre as big techs

Por G1 13/07/2025 10h10
Tarifa de Trump contra o Brasil faz parte de estratégia global da extrema direita, diz especialista
Presidente dos EUA, Donald Trump - Foto: Reprodução/Internet

Na carta enviada a Lula anunciando tarifas de 50% a produtos brasileiros, o presidente Donald Trump atacou ações no STF sobre Jair Bolsonaro e as empresas de redes sociais, as chamadas big techs.

O movimento de Trump faz parte de uma estratégia global de fortalecimento da extrema direita, segundo avaliação de Guilherme Casarões, professor da FGV-SP. Pesquisador do Observatório da Extrema Direita, Casarões explica que essa estratégia é um movimento que vem desde o primeiro mandato do republicano e que ganha força agora. Ouça, no player acima, a partir de 28:57.

"Desde a primeira passagem do Trump pela Casa Branca já se falava na construção de uma espécie de frente internacional da extrema direita, que o Steve Bannon, que foi um estrategista importante do Trump na primeira passagem pela Casa Branca, chamava de internacional conservadora ou internacional nacionalista", diz o cientista político em entrevista a Julia Duailibi no podcast O Assunto.

"A ideia de usar o peso político da maior potência econômica e política do mundo para garantir a eleição de aliados de extrema direita em vários outros lugares do mundo não é exatamente nova", relembra.

Isso, segundo Casarões, pressupõe a ideia de que os Estados Unidos cumprirão seus interesses políticos e ideológicos caso consigam eleger uma série de aliados ao redor do mundo.

"Mas existe uma outra dimensão, que é a dimensão da chamada liberdade de expressão. A gente não pode esquecer que um dos temas aglutinadores da extrema direita nesses últimos anos tem sido a defesa de um tipo muito particular de liberdade de expressão, que diz respeito à maneira como a Constituição americana interpreta liberdade de expressão e que fala de uma liberdade incondicional e restrita."

Segundo Casarões, essa liberdade não é compatível com a maioria das legislações nacionais existentes no mundo, mas é de interesse de grandes empresas de tecnologia, detentoras de plataformas de redes sociais.

Nesse contexto, Trump tem apoiado campanhas contra a regulamentação das redes sociais em países que a buscam, como o Brasil e a Austrália.

Ouça a íntegra do episódio aqui.