Por crise interna, Rogério Caboclo pode ser derrubado da presidência da CBF
Presidente vem enfrentando resistência na política da entidade
Há pelo menos três semanas a CBF atravessa uma grave crise. Isso começou quando uma funcionária da entidade se licenciou por motivos de saúde. No entanto, pessoas com conhecimento da situação em questão declararam que ela tem provas de desvios de comportamento do presidente Rogério Caboclo, que corre o risco de ter o mandato interrompido. A informação da ameaça ao mandato de Caboclo foi publicidade inicialmente pela ESPN.
O ge noticiou na tarde desta quarta-feira que ouviu críticas à conduta de Rogério Caboclo por parte de presidentes de clubes, presidentes de federações estaduais, de dirigentes da CBF e também de outras pessoas com acesso à cúpula da entidade. Segundo o site, a postura do presidente Rogério Caboclo foi descrita como "errática" e "inapropriada para o cargo".
As pessoas ouvidas pelo ge citaram a reunião do dia 10 de março deste ano como exemplo para ilustrar melhor. Neste encontro, que foi realizado de maneira virtual para debater a continuidade ou não dos jogos em meio à pandemia provocada pelo novo coronavírus, o presidente da CBF se exaltou, usou um palavrão para pressionar os clubes e também bateu na mesa.
Ainda de acordo com os relatos feitos, uma conduta ainda mais grave, na verdade, teria provocado o pedido de afastamento, há três semanas, de uma funcionária que lidava diretamente com Caboclo. A licença teria sido solicitada por problemas de saúde e, desde então, ela está incomunicável.
Nesta mesma semana do afastamento da funcionária, inclusive, o próprio presidente da CBF se afastou da entidade. Oficialmente se tratou de uma semana de férias que já estava programada. No entanto, as fontes ouvidas na reportagem tanto de dentro, quanto de fora da Confederação, disseram que a saída de cena de Caboclo foi abrupta.
No dia 4 de maio, Caboclo voltou a trabalhar presencialmente no prédio da CBF, que fica localizado na Barra da Tijuca. Segundo interlocutores do presidente, este seria um esforço para demonstrar aos funcionários da entidade que a situação estaria sob controle.
Na semana passada, a crise na Confederação foi tema de conversas inclusive em círculos que estão distantes do futebol. Abaixo, veja estes exemplos:
– É dura a vida do presidente da CBF, Rogério Caboclo. Seu segundo problema é que alguns clubes grandes estão insatisfeitos com o modelo de organização de algumas competições - publicou o colunista do jornal "O Globo" Ancelmo Gois.
– Para tentar estancar uma crise de muitos megatons que o assola há quase dois meses na CBF, o presidente Rogério Caboclo recorreu na terça-feira passada a Ricardo Teixeira, que nem seu aliado é. Bateu no apartamento de Teixeira para pedir ajuda - publicou o colunista do jornal "O Globo" Lauro Jardim, que também noticiou uma reaproximação entre Caboclo e Marco Polo Del Nero, presidente da CBF entre 2015 e 2018, quando foi banido pela FIFA de todas as atividades relacionadas ao futebol.
A reportagem segue e revela que nas últimas semanas, tanto Ricardo Teixeira, quanto Marco Polo Del Nero começaram a discutir a sucessão de Rogério Caboclo. Assim, o nome que aparece mais forte aqui é o de Castellar Modesto Guimarães Neto. Ele é um dos oito vice-presidentes da CBF e ex-presidente da Federação Mineira de Futebol.
SOBRE TEIXEIRA E DEL NERO
Marco Polo Del Nero foi indiciado pela Justiça dos EUA por cometer crimes de corrupção relacionadas ao futebol, mas ele nega as acusações. Tais supostos crimes são os meses pelos quais José Maria Marin, presidente da CBF entre 2012 e 2015, foi condenado pelo Tribunal Federal do Brooklyn.
Por sua vez, Ricardo Teixeira renunciou a todos os cargos que ocupava no futebol em março de 2021, quando já era investigado não só dentro, como também fora do Brasil. Como Del Nero, ele nega todas as acusações. Embora estejam formalmente afastados do futebol, Teixeira e Del Nero ainda exercem grande influência sobre o futebol nacional.
Segundo o estatuto da CBF, em caso de vacância do cargo de presidente, o vice mais velho deve assumir e convocar uma nova eleição dentro do prazo de 30 dias. Dessa eleição, contudo, apenas vice-presidentes podem participar. Assim, o eleito comandaria a entidade até o fim do mandato atual, que se encerra em abril de 2023.
Dessa maneira, caso Rogério Caboclo deixe o cargo de presidente da CBF, Antonio Carlos Nunes teria que convocar uma eleição entre os seguintes nomes: Antônio Aquino (Acre), Ednaldo Rodrigues (Bahia), Castellar Guimarães (Minas Gerais), Fernando Sarney (Maranhão), Francisco Noveletto (Rio Grande do Sul), Marcus Vicente (Espírito Santo) e Gustavo Feijó (Alagoas), além, claro, do próprio Nunes.