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Pelo elenco, diretoria do Corinthians precisou ‘colocar rabo entre as pernas’ ao contratar Mano Menezes

Presidente do Timão, Duílio Monteiro Alves precisou 'engolir' problemas passados com o treinador por acreditar que ele seria a melhor opção para o elenco neste momento

Por Lance! 29/09/2023 10h10
Pelo elenco, diretoria do Corinthians precisou ‘colocar rabo entre as pernas’ ao contratar Mano Menezes
Mano conversou com o elenco do Corinthians antes de comandar primeiro treinamento - Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians

Um técnico tarimbado e com aceitação do elenco. Esse foi o principal motivo da escolha da diretoria do Corinthians por Mano Menezes, contratado nesta quinta-feira (28) para assumir o lugar deixado por Vanderlei Luxemburgo, demitido na quarta-feira (27). Mas para que o negócio com o novo treinador fosse fechado, algumas arestas precisaram ser aparadas.

No início da gestão, o presidente Duílio Monteiro Alves deu mais de uma declaração pública afirmando que Mano não trabalharia no clube enquanto estivesse à frente. O assunto foi levantado no contato inicial entre as partes e rapidamente resolvido.

A mudança de ideia por parte de Duílio tem a ver principalmente com a saída de Roberto de Andrade da direção de futebol, que aconteceu em março. Roberto, que também já foi presidente corintiano, não possui boa relação com Mano desde a época em que era diretor e o técnico estava na primeira passagem pelo Timão, entre 2007 e 2010.

Em 2014, um mês após Mano Menezes acertar o seu primeiro retorno ao Corinthians, Roberto de Andrade pediu desligamento da diretoria. Duílio Monteiro Alves, que era diretor-adjunto, também pediu demissão na época. No fim daquele ano, Roberto venceu a eleição para ser presidente do clube alvinegro e como um dos primeiros atos da sua gestão demitiu Mano e promoveu a troca de Mano, trazendo Tite de volta.

Ainda que as diferenças maiores tenham sido, desde o princípio, entre Roberto e Mano, Duílio embarcava na ‘confusão’ pela proximidade com o ex-presidente e diretor corintiano.

Menezes, inclusive, não é o profissional que mais agrada o atual mandatário do Timão, mas o cartola entende que ele seja uma ‘bola de segurança’ no momento, onde há os objetivos de distanciar cada vez mais o Corinthians da zona do rebaixamento do Campeonato Brasileiro e, sobretudo, conquistar o único título da gestão, que é a Conmebol Sul-Americana, em que a equipe está na semifinal.

O grande sonho de Duílio era o retorno de Tite, mas, novamente, o técnico não sinalizou positivamente para voltar ao Parque São Jorge. Ainda analisando se voltará a trabalhar no Brasil nesta temporada, o profissional está em um momento diferente do que a equipe alvinegra, que tinha pressa para contratar um novo comandante a tempo do segundo jogo da semifinal da Sula, contra o Fortaleza, que acontece na terça-feira (3). O confronto de ida, realizado nesta semana, na Neo Química Arena, empatou em 1 a 1. O duelo decisivo será realizado na Arena Castelão, na capital cearense.

A situação atual não é a primeira em que Duílio Monteiro Alves recorreu a Mano Menezes como alternativa para assumir o clube. Em abril, após a saída de Cuca, o treinador gaúcho foi procurado, mas estava empregado no Internacional e preferiu permanecer em Porto Alegre. Ele foi demitido do Colorado em junho e, depois disso, ficou disponível no mercado.

No entanto, o enfoque das procuras do Corinthians nesses dois momentos são diferentes. Na primeira, o objetivo era, também, conduzir uma espécie de ‘limpa’ no elenco que possui alguns atletas históricos, mas que já estão com idade avançada e longe dos grandes momentos. Agora, a ideia é ter um profissional cascudo e experiente para conduzir o time, pelo menos, até o fim do ano – ainda que o contrato tenha validade até dezembro de 2025, mas com eleição prevista para o dia 25 de novembro.

Mano sabe que no caso da situação, que tem André Luiz de Oliveira, o André Negão, como candidato à presidência, uma vitória nas urnas significaria a manutenção do treinador, ao menos que o retrospecto não esteja agradando. Já no caso de triunfo de Augusto Melo, representante da oposição, a sequência do técnico seria repensada.