O Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região reconheceu a demissão por justa causa do treinador Hélio dos Anjos do Náutico, em 2022. A decisão saiu nessa quinta-feira (07) e aconteceu após o clube pernambucano entrar com recurso para reformar a sentença.

De acordo com o ge, o documento da decisão destaca uma mensagem enviada pelo ex-treinador do Náutico ao então presidente Diógenes Braga. O texto foi considerado como "determinante para a quebra de confiança na relação de trabalho".

Confira, abaixo, a mensagem:

"Atende, seu covarde".

A mensagem aconteceu após Hélio tentar contato para Diógenes após acontecimentos tensos nos bastidores do clube, que acabaram na demissão do filho do treinador, Guilherme dos Anjos, que era auxiliar técnico do alvirrubro.

Segundo o documento, os episódios teriam acontecido em fevereiro de 2022, logo após a partida entre Náutico e Retrô, quando um torcedor - que estava do lado de fora do vestiário - disparou ofensas a um atacante do clube na época. O atleta saiu do vestiário para confrontá-lo, seguido por membros da equipe, incluindo Hélio.

Naquela mesma noite, Guilherme - ainda como auxiliar técnico - foi à rede social alegar problemas como falta de segurança e atrasos salariais. Apesar de não ter citado o clube nominalmente, conforme consta no processo, o caso causou insatisfação na direção, que o demitiu por justa causa na manhã seguinte.

Ainda pela manhã, Hélio fez uma publicação em tom de desabafo (veja abaixo). À tarde, ele foi até o CT e se reuniu com a diretoria, sendo demitido. Ele entrou com o processo trabalhista contra o Náutico.

Minha palavra não tem curva…
Não negócio falsidade…
Pela minha honra vou até as últimas consequências!!!
Minha maior riqueza é a minha família e esse nome.
Hélio Cézar Pinto dos Anjos. pic.twitter.com/veqYIsTc2W

— Hélio dos Anjos (@Helio_dos_Anjos) February 11, 2022

De acordo com o Tribunal, a atitude do treinador foi considerada “gravemente ofensiva”, indo contra a honra do presidente e comprometendo a relação hierárquica.

- É incontroverso que após a demissão do filho, o acionante enviou mensagem de whatsapp ao então presidente do clube, em tom agressivo, realizando cobrança para que suas tentativas de contato fossem atendidas e lhe atribuindo o adjetivo de "covarde", em ofensa que extrapola os limites da respeitabilidade, a redundar em clara quebra da fidúcia que justifica a preservação da higidez contratual.

A decisão, então, reverteu a sentença anterior, que concedeu parte das verbas rescisórias ao treinador, entendeu a justa causa. Segundo o Tribunal, "independentemente de discordâncias sobre as circunstâncias da demissão, a conduta de Hélio foi incompatível com a manutenção do vínculo empregatício".

Hélio dos Anjos confirmou ao ge Recife que irá recorrer ao Tribunal Superior do Trabalho (TST), em Brasília.

*Com informações do ge Náutico