Novo presidente do BC quer inflação baixa e parcimônia ao intervir no câmbio
O novo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou nesta segunda-feira (13) que seu objetivo será perseguir uma inflação baixa e estável para garantir a recuperação da economia. Afirmou, no entanto, que a eficácia da política monetária dependerá da aprovação das medidas na área fiscal propostas pelo governo.
Durante discurso na cerimônia de transmissão do cargo de presidente do BC, Ilan afirmou que a instituição usará com parcimônia os instrumentos cambiais dos quais dispõem, podendo inclusive reduzi-los quando houver condições.
"Sem ferir o regime de câmbio flutuante, o Banco Central poderá utilizar com parcimônia as ferramentas cambiais de que dispõe. Nesse sentido, poderá reduzir sua exposição cambial em determinado instrumento em ritmo compatível com o normal funcionamento do mercado, quando e se estiverem presentes as adequadas condições", afirmou.
Ilan disse ainda considerar que há praticamente consenso de que é preciso substituir os efeitos ainda presentes da chamada "nova matriz econômica", referência à política da presidente afastada Dilma Rousseff até 2014, pelo "velho e bom tripé macroeconômico" formado por responsabilidade fiscal, controle da inflação e regime de câmbio flutuante.
A cerimônia contou com a presença de vários ex-presidentes e ex-diretores do BC, entre eles, Armínio Fraga, Gustavo Franco, Persio Arida, Pedro Malan e Carlos Langoni.
Também estiveram presentes representantes do setor bancário, como Murilo Portugal (Febraban), Lázaro Brandão (Bradesco), Luiz Carlos Trabuco (Bradesco) e Pedro Moreira Salles (Itaú-Unibanco).
NOVOS DIRETORES
Ilan Goldfajn também disse que pretende trocar quatro diretores da instituição e ampliar o número de integrantes do Copom (Comtê de Política Monetária), órgão responsável pelas decisões sobre a taxa básica de juros, de oito para nove pessoas.
Os novos indicados são Carlos Viana de Carvalho, para a diretoria de Política Econômica, Reinaldo Le Grazie, para Política Monetária, Tiago Couto Berriel, para Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos, e Isaac Sidney Menezes Ferreira, atual procurador do BC, para a diretoria de Relacionamento Institucional e Cidadania.
Deixam o BC os atuais diretores Altamir Lopes, Tony Volpon e Aldo Mendes.
O servidor de carreira Luiz Edson Feltrim aceitou continuar como diretor de Administração, mas não irá mais acumular a área de Relacionamento Institucional e Cidadania.
Também continuam no BC os servidores Anthero de Moraes Meirelles, diretor de Fiscalização, e Sidnei Corrêa Marques, diretor de Organização do Sistema Financeiro e Controle de Operações do Crédito Rural.
O diretor de Regulação, Otavio Ribeiro Damaso, também continuará no BC.
Os nomes dos quatro indicados ainda têm de ser enviados ao Congresso pelo presidente interino Michel Temer e precisam ser aprovados pelo Senado.
Com as mudanças, o Copom volta a ter nove integrantes, o presidente do BC mais oito diretores.
TOMBINI
Alexandre Tombini, que deixa o BC o vai para o FMI (Fundo Monetário Internacional), fez um discurso no qual criticou várias vezes a política fiscal do governo Dilma.
Segundo ele, a política fiscal, desde 2012, levou a um aumento significativo do prêmio de risco do país, que se transmitiu negativamente aos preços de nossos ativos, em particular na taxa de câmbio.
"Nesse período, na falta de uma política fiscal consistente no país, coube quase que exclusivamente à política monetária o custo do enfrentamento de fortes pressões inflacionárias", afirmou Tombini.
Disse ainda que "o crucial e imprescindível ajuste fiscal não se desenvolveu, até recentemente, na direção e na intensidade necessárias" e defendeu a aprovação de medidas que possam garantir uma trajetória de resultados primários que leve à estabilização e à posterior redução do endividamento público.