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Trump diz que protestos contra ele são 'injustos' e 'incitados pela mídia'

Há focos anti-Trump espalhados pelos EUA ?alguns resultam em incêndios e prisões, como na Califórnia

Por UOL - Folha de São Paulo 11/11/2016 07h07
Trump diz que protestos contra ele são 'injustos' e 'incitados pela mídia'
Trump diz que protestos contra ele são 'injustos' e 'incitados pela mídia' - Foto: UOL

O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, disse que os protestos contra ele são "muito injustos".

Desde que foi escolhido como sucessor de Barack Obama, várias cidades do país foram tomadas por manifestações contra ele. Nelas, "not my president" (não meu presidente) é um dos gritos de guerra mais populares.

"Acabei de passar por uma eleição muito aberta e presidencial. Agora, manifestantes profissionais, incitados pela mídia, estão protestando. Muito injusto!", tuitou na noite de quinta-feira (10).

Há diversos focos anti-Trump espalhados pelo país –alguns resultam em incêndios e prisões, como na Califórnia, outros são mais pacíficos, como o que reuniu opositores do empresário e um caubói pelado fã dele, na frente do edifício onde mora, a Trump Tower de Manhattan.

Diretora da campanha de Trump e provável membro em seu gabinete, Kellyanne Conway também reclamou das manifestações, em entrevista à Fox News. "Pode imaginar como seria se ele tivesse perdido e as pessoas [que votaram nele] carregassem cartazes dizendo sobre Hillary Clinton: 'Não minha presidente'?".

O presidente eleito também foi ao Twitter para elogiar o encontro que teve com Barack Obama, com quem já trocou várias farpas no passado. A reunião que deveria durar dez minutos mas acabou se estendendo por uma hora e meia.

"Um dia fantástico em Washington. Conheci o presidente Obama pela primeira vez. Reunião muito boa, ótima química. Melania [sua mulher] gostou muito da sra. O [a primeira-dama Michelle Obama]!"

UNIVERSIDADES EM 'LUTO' PELA ELEIÇÃO CONSOLAM ALUNOS

Algumas das mais conceituadas universidades americanas vivem clima de luto pela vitória de Donald Trump. Aulas foram canceladas e provas, adiadas por causa do estado emocional de alunos e professores.

 

Em reação ao comportamento nos campi, dirigentes das universidades Harvard, Columbia, MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), Stanford e de Nova York (NYU) enviaram comunicados oferecendo ajuda.

Os emails, aos quais a Folha teve acesso, disponibilizam até serviços médico e psicológico para tratamento de ansiedade, raiva e tristeza.

"O clima está sombrio, parece que morreu uma avó querida de todos", disse o estudante de administração pública de Harvard Paul Antonio Ochoa, 24, mexicano.

Em Cambridge, onde fica a instituição, 89,2% dos eleitores votaram na democrata Hillary Clinton.

Desde que Trump foi eleito, todas as aulas de Ochoa tiveram discussões sobre o assunto. E, com o apoio de Harvard, foram organizadas "sessões de cura", para que todos expusessem sentimentos.

Na Columbia, em Nova York, desde quarta-feira (9) alunos e professores se abraçam e choram pelo campus e nas salas de aula. A reportagem presenciou cenas assim no Teachers College (escola de educação ligada à universidade). Alunos relataram o mesmo nas escolas de Artes, Direito, História, Ciências Sociais e Administração.

Provas e entregas de trabalho foram adiadas, aulas foram substituídas por debates emocionados.

"Não dá para eu simplesmente sentar e começar a discutir o prédio que vou construir", disse a americana Monica Wojnouiak, 22, estudante de arquitetura.

Outros estudantes nem sequer foram às aulas no dia seguinte às eleições, como Bing Guan, 24, que nasceu na China, mas é naturalizado americano. "Estou devastado e sem ânimo, foi um tapa.

TOLERÂNCIA

Em carta à comunidade acadêmica, o presidente da Columbia, Lee C. Bollinger, pediu que todos mantenham firmes os valores de liberdade de expressão, tolerância e respeito à diversidade, "princípios que muitos temem que estejam sendo violados".

"Na minha vida toda, não houve uma escolha (...) que tenha causado sentimentos de apreensão e vulnerabilidade em tantas pessoas, incluindo estudantes, professores e funcionários da nossa comunidade acadêmica", afirmou, no comunicado.

Em texto dirigido aos alunos e professores, o presidente da NYU, Andrew Hamilton, disse que, encerrada a campanha, "nossa tarefa é encontrar uma maneira de seguir mos em frente com as nossas vidas, a nossa comunidade, o nosso país".

Hamilton ofereceu o atendimento do centro médico e psicológico da universidade. na cara que doeu demais, ainda estou tentando entender."

Em Manhattan, 10% dos eleitores escolheram Trump.

"Neste momento histórico, nós vemos que professores, alunos e funcionários estão sentindo incerteza, raiva, ansiedade e medo", diz o comunicado da Universidade Stanford, na Califórnia, que também disponibilizou seu serviço psicológico. "O mais importante é cuidarem de vocês mesmos e darem apoio para aqueles que precisam."

A universidade está organizando palestras sobre o resultado das eleições, uma delas com o título "O que importa para mim e por quê".

Depois de reunir-se com alunos para ouvir suas incertezas, a reitora da Kennedy School (a escola de administração de Harvard), Karen Jackson-Weaver, divulgou email em que se disse esperançosa, mas lembrou "a importância do cuidado com a saúde e o bem-estar neste momento pós-eleição".

"Quem estiver vivendo estresse mental e emocional e quiser conversar com alguém urgentemente contate os serviços de saúde da universidade", disse ela, na carta.