Alagoas

Em entrevista, Sinteal afirma ser previsível baixo desempenho dos estudantes alagoanos no Pisa

De acordo com pedagogo, participantes não se enquadram nos critérios do exame e estão atrasados

Por Anne Caroline Bomfim 07/12/2016 11h11
Em entrevista, Sinteal afirma ser previsível baixo desempenho dos estudantes alagoanos no Pisa

“Tristeza” e “indignação” foram as primeiras palavras ecoadas pela presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Alagoas (Sinteal), Maria Consuelo Correia, sobre o baixo desempenho dos estudantes alagoanos no Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes (Pisa, em inglês). Os dados foram divulgados ontem (6) e revelaram que o Brasil ainda precisa melhorar para alcançar bons índices.

Ascom/SintealEm Alagoas, o cenário também é desanimador. O Estado ficou em última posição no Brasil nas três áreas avaliadas neste ano: Ciências, Matemática e Leitura. Do ponto de vista nacional, o país foi ultrapassado por outras nações da América do Sul como México e Colômbia. Países como Japão, Cingapura, China e Vietnã, que pertencem ao continente aisático, mais uma vez de destacaram. Em entrevista ao portal 7 Segundos, Consuelo afirmou que, apesar de lamentar as estatísticas, o resultado é considerado “previsível”.

“É claro que recebemos com muita tristeza e indignação esse resultado, mas, sinceramente, não é surpresa. É até previsível. O que esperar de um estado que não investe em Educação?”, argumentou. Para ela, antes de qualquer coisa, é preciso melhorar a estrutura das unidades de ensino a fim de diminuir a desigualdade entre alunos das redes pública e privada. “Os professores trabalham porque precisam. A escola não consegue promover o aprendizado”, complementou.

“INVOLUÇÃO”

Atualmente, 21% da população de Alagoas é analfabeta, isto é, não consegue nem ler nem escrever. Os dados são do Sinteal, mas são contestados pelo governo. “Existem milhares de pessoas que nunca foram para a escola. O que temos percebido é uma involução, em todos os sentidos. É muita propaganda e mídia para pouco resultado”, disparou. 

A construção de escolas em tempo integral, uma das bandeiras da Secretaria da Educação e do governador Renan Filho (PMDB), na visão da presidente, ainda precisa ser mais bem estruturada porque o projeto não resolve, de fato, os gargalos e problemas da área.

“Existem inúmeras deficiências. O Sinteal defende escola de ensino integral e não escola em tempo integral. São propostas diferentes. O que adianta deixar o seu filho o dia todo na escola se, no período da tarde, eles ficam ociosos? Cadê o professor em sala de aula? É uma escola que, basicamente, só retém o aluno”, disse.

Márcio Ferreira/Correio dos Municípios

“EXISTE UMA DÍVIDA SOCIAL”, SETENCIA PEDAGOGO

O pedagogo e professor de língua portuguesa, Ademir Oliveira, explica que os estudantes alagoanos que participaram do Pisa não se enquadram no perfil do exame e estão atrasados. Isso acontece porque as pessoas avaliadas pela prova, que é aplicada no Brasil pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Aplicadas Anísio Teixeira (Inep), estão compreendidas na faixa etária média dos 15 anos de idade. 

Os alunos dos estados que obtiveram índices razoáveis como Paraná e Rio Grande do Sul, além de serem mais objetivos, organizados e imersos em outra realidade, já estão no ensino médio. “Aqui em Alagoas, os jovens avaliados sequer completaram o ensino fundamental. Na verdade, existe uma dívida social e educacional com eles”, explicou. 

“Conhecimento, todos temos. Estamos a todo o momento sendo expostos a diversas informações. Outro problema que vejo é que o processo de aprendizagem dos estudantes alagoanos ainda é muito conteudista. Ficou provado que os que obtiveram os melhores desempenhos foram aqueles que possuíam estratégias bem desenvolvidas”, falou. 

O OUTRO LADO

O portal 7 Segundos entrou em contato com a assessoria de comunicação da Secretaria de Estado da Educação de Alagoas. Por meio de nota, a Seduc limitou-se a informar que “não recebeu o resultado da pesquisa oficialmente”, mas que já solicitou todos os dados ao Inep, vinculado ao Ministério da Educação. A pasta reforçou, ainda, que, apenas depois da análise dos referidos dados e, principalmente, da metodologia da pesquisa, é que se pronunciará sobre o caso.