Estátua de padroeira amanhece com máscara e capa do Batman

A estátua de Nossa Senhora da Conceição, santa padroeira da cidade de São Leopoldo (a cerca de 40 km de Porto Alegre) e representação da Mãe Oxum para religiões africanas, amanheceu nesta terça-feira (12) vestida com uma máscara e uma capa do Batman. Autoridades e moradores do município repudiaram o episódio, classificado como uma manifestação de intolerância.
A imagem fica localizada na praça do Imigrante, no centro da cidade, desde o final da década de 1940, e é vestida com uma pequena capa amarela. Na última sexta-feira (8), ela recebeu oferendas e uma nova capa em comemoração ao dia da padroeira – data que é feriado municipal em São Leopoldo.
Quatro dias depois, porém, a estátua acabou sendoalvo do que o secretário de Turismo e Cultura de São Leopoldo, Pedro Vasconcellos, classificou como vandalismo. "A hipótese é de intolerância religiosa. A imagem é um símbolo do sincretismo, sendo cultuada por católicos, umbandistas e pelo candomblé. No dia 8 eles fizeram oferendas, colocaram homenagens, e a gente suspeita que o ato seja em protesto a este sincretismo. O povo está muito chateado", disse ele ao UOL.
Nas redes sociais, o prefeito Ary Vanazzi (PT) também repudiou o incidente. "Uma sociedade mais justa e humana se constrói com respeito à diversidade", escreveu. "Nossas diferenças de visão de mundo são naturais e fazem parte de uma sociedade democrática. Mas para que possamos trilhar um caminho mais seguro e tranquilo é fundamental o respeito à convivência".
A prefeitura se apressou a retirar a fantasia da imagem ainda na manhã desta terça. Pedro Vasconcellos, que foi ao local coordenar o processo, disse que câmeras de segurança serão usadas para tentar identificar os responsáveis e evitar que episódios como este voltem a acontecer. "Crime não há porque não houve depredação do patrimônio público e histórico. É mais uma contravenção que crime."
Ato de repúdio
A população de São Leopoldo reagiu com indignação ao episódio envolvendo a estátua e organizou um ato de repúdio a ser realizado às 19h desta terça. Seguidores das mais diversas religiões pretendem ir à praça do Imigrante dar um abraço simbólico na imagem.
"Não podemos acusar, mas se nota que foi atingido um monumento sagrado, uma representação de carinho e da fé de muitas pessoas do município. Várias pessoas se sentiram ofendidas", afirmou ao UOL o babalorixá Dejair Haubert, integrante do Conselho Municipal de Povos Tradicionais de Matriz Africana e do grupo interreligioso de diálogo da Unisinos (Universidade do Vale do Rio dos Sinos).
Para a publicitária Daniela Affonso, também moradora da cidade, o autor do vandalismo quis classificar a imagem como uma "bruxa ou feiticeira". "É um absurdo. Não dá para aceitar. Do feriado, que foi quatro dias atrás, todo mundo gosta. Agora respeitar a religião já é outra coisa", lamenta ela à reportagem.
O episódio com a estátua da padroeira de São Leopoldo remeteu a outro semelhante que aconteceu no início deste ano na própria cidade. O busto de Jacobina, uma líder religiosa e camponesa local, teve parte da estrutura queimada e foi vestido de presidiário. "Há quem diga que ela era uma bruxa. Houve uma certa polêmica em torno de sua instalação. Mas já recuperamos o busto. As pessoas precisam respeitar as diferenças", afirmou o secretário Pedro Vasconcellos.
Ainda nesta terça, a prefeitura de São Leopoldo emitiu nota contra o vandalismo e a intolerância. "Defendemos uma sociedade mais democrática e tolerante. Tanto o discurso de ódio quanto os atos que vilipendiam a fé alheia devem ser repudiados e combatidos para que possamos conviver nos melhores valores civilizatórios de humanidade, igualdade e fraternidade", diz o comunicado.
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