Duvivier posa entre pés de maconha; tudo indica ser ele um produtor agrícola; ainda assim, seu jardim das delícias mata crianças
Sei que a coisa parece de uma irrelevância danada, mas merece um pouco do nosso tempo nos dias que correm. Critiquei aqui o vídeo contra a intervenção no Rio produzido por artistas e assemelhados, reunidos no tal Coletivo 342, que tem em Caetano Veloso a sua expressão mais eloquente. A peça é moralmente dolosa porque, na prática, ataca a polícia e as Forças Armadas, atribuindo-lhes práticas violentas e homicídios, mas não solta um pio contra os traficantes.
O deputado estadual Marcelo Freixo, do PSOL, num formidável ato falho — que os de má vontade seriam tentados a tomar como confissão —, chega a dizer que, para diminuir o número de homicídios, “é preciso controlar as armas legais”. Talvez o buliçoso psolista disponha de alguma estatística evidenciando que a maior parte dos 5.300 homicídios havidos no Rio em 2016 foi praticada com o uso de… armas legais. Este senhor é patético.
Mas nada se iguala à estupidez e ao infantilismo político de Gregório Duvivier, que passa a ser uma piada até como humorista. Escrevi em meu blog e afirmei no programa “O É da Coisa” que, notório consumidor e propagandista da maconha, chega a ser escandaloso, embora muito coerente, que ele participe de um vídeo contra a intervenção, conclamando os que pensam como ele a fazer “alguma coisa”. Ele não diz o quê. Escrevi e afirmei também que ele, na condição de consumidor, não tinha mesmo como criticar o narcotráfico, que vende o produto do qual ele faz propaganda.
Não sei se respondendo ou não à minha crítica — e não me interessa saber —, o rapazola publicou nas redes sociais uma foto em meio a vistosos pés de maconha, afirmando que ele não sustenta o narcotráfico. Segundo dá a entender, é um produtor da droga e consome o que ele mesmo planta.
Notem: defender o consumo de maconha e pregar a sua descriminação se insere no capítulo da liberdade de expressão. O Supremo já decidiu que não faz apologia do crime quem marcha em favor dessas causas. Produzir, no entanto, a substância é crime tipificado no Inciso II do Parágrafo 3º do Artigo 33 da Lei 11.343, a chamada “lei antidrogas”. A lei prevê pena de “detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa”.
E, bem, dou de barato que, sendo um produtor, como parece ter confessado, Duvivier não seja também um vendedor. Aí pode ser enquadrado por tráfico. A pena é um pouco mais pesada: reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.
Chamo a atenção para a fato objetivo — a lei —, mas não vou aqui pedir persecução penal para a óbvia confissão de um crime. Não sou da Polícia. Notem que, nesse particular, não vou além de sua própria confissão. Meu ponto é outro. Ainda que Duvivier consuma apenas o que produz, permanece o que chamei de sua “aliança objetiva” com o narcotráfico. A “aliança objetiva” é uma expressão própria da análise política, terreno em que ele começa a dar os primeiros e trôpegos passos.
Afinal, nessa área, Duvivier é conhecido como um propagandista da maconha, não como um empreendedor de produtos orgânicos. Se a sua pregação for bem-sucedida, os que partilharem de seu hábito e de seu vício terão de comprar a droga vendida pelo narcotráfico.
A propósito: quando Duvivier, Caetano e os demais membros do 342 farão um vídeo com críticas aos narcotraficantes? Se não o fizerem, cabe a pergunta: é medo, conivência ou aliança?
Não há por onde o humorista que virou piada moral escapar do óbvio: o seu jardim das delícias mata crianças.
PS: O governo Temer não poderia ter um melhor propagandista em favor da intervenção. Acho que a foto tem se se multiplicar e chegar a cada fluminense pobre.
PS2: Nunca critico comediantes ou respondo a suas diatribes. Duvivier já fez piadas infames. Sob o pretexto de fazer graça, já propagou asneiras asquerosas. Sempre deixei pra lá. Agora, escrevo sobre um militante político.