Exposição no Misa consagra Coco Ferrez no cenário da arte alagoana
Pintor maceioense fala sobre exposição, inspiração e trabalho voluntário
Ele era apenas uma criança quando descobriu o gosto pela arte, mas logo na adolescência o simples interesse ascendeu ao profissionalismo. Com o pseudônimo de Coco Ferrez, Geraldo Ferreira Junior, de 35 anos, mora e trabalha em um ateliê situado no conjunto José da Silva Peixoto, no bairro do Jacintinho, e é uma grata surpresa da arte alagoana.
Os amantes da boa arte podem conhecer o trabalho do artista em sua exposição “Raízes Baganas D’África”, no Museu da Imagem e do Som (MISA), em Jaraguá. As visitações são permitidas desde o dia 06 de março - e em razão do grande fluxo - foram prorrogadas até o dia 21 de abril.
O horário de visitação varia de acordo com os dias da semana. De terça à sexta, o MISA abre para visitação no intervalo das 8h às 17h. Nos sábados e feriados, das 9h às 14h. A entrada é gratuita e a escola moderna é a mais marcante nos trabalhos de Ferrez.
Coco Ferrez falou com exclusividade ao 7Segundos sobre sua relação com a arte: “Tento me dedicar somente a arte. Não gosto da ideia de tratar a arte como algo secundário ou um hobby. Trato como um ofício,” afirma o artista.
Quando perguntado sobre o que os visitantes devem esperar de Raízes Baganas D'África, Coco nos contou que além de expressões pictóricas, há em sua técnica a tentativa do encontro das formas, das cores, uma identidade de raízes e raças negras e uma ligação com Maceió, mas que a linguagem das formas é universal.
Seus quadros têm forte tendência da arte moderna, mas o surrealismo e a art brut (termo em Francês traduzido ao pé da letra como arte bruta) também são marcantes.
Sobre os preços dos quadros, o artista não revela, mas garante que são acessíveis e que alguns compradores se surpreendem quando decidem levar as obras para casa. “Compram sem se espantar,” brinca Coco, que relata não criar expectativas relacionadas às vendas antes de cada exposição. “Geralmente não ponho expectativa. Deixo acontecer,” conta Ferrez.
O artista também lamentou o modo como a arte é tratada pelas instituições públicas ligadas à cultura em Alagoas. Para Coco, a arte aqui foi ao longo dos anos ‘elitizada’ e artistas de fora têm mais espaço e prestígio do que os artistas locais. Coco acredita que os artistas da terra merecem maior incentivo e espaços públicos para apresentar seus trabalhos. "Eu acho que há pouco interesse e incentivo e que eles poderiam facilitar na liberdade artística", pontua.
Trabalho solidário
Coco Ferrez tem uma relação de proximidade com as comunidades. Seu mais novo projeto consiste em uma visita semanal ao Abrigo Acolhimento Mãe das Graças, localizado no Village Campestre, parte alta de Maceió. Todas as terças-feiras ele sai do Peixoto em direção ao abrigo, onde interage com idosos acolhidos pela instituição filantrópica. “O trabalho lá é uma terapia. A ideia é trabalhar o inconsciente das senhoras para que elas possam se expressar, melhorar a autoestima, sem se prender a fazer bem feito. Usamos elementos como colagem, pintura, material reciclado. Todas as terças, das 15h às 17h", detalha.
O trabalho voluntário só ajuda o artista em sua inspiração que anda ‘à flor da pele’. Coco revelou que tem trabalhado em novos quadros e que já se prepara para uma nova exposição no Teatro Deodoro, com abertura prevista para julho.
Serviço
Exposição Raízes Bagana D’África
Onde: MISA (Rua Sá e Albuquerque, 275, Jaraguá)
Quando: de terça à sábado e feriados
Contato: (82) 3315-7882
Entrada gratuita.