Croácia 3 x 0 Argentina: a culpa é mesmo de Messi?
Derrota que complicou a seleção sul-americana na Copa está na conta do técnico Sampaoli, que limitou seu craque taticamente, e do goleiro Caballero
O que um atacante com mais de seiscentos gols na carreira faz embolado no meio de campo, tentando dar lançamentos para seus colegas? Foi a essa função que Lionel Messi se limitou em boa parte da catastrófica atuação da Argentina na derrota para a Croácia, por 3 a 0, pelo Grupo D da Copa do Mundo da Rússia. O craque do Barcelona esteve apático, é verdade, mas somente de suas tentativas depende a bicampeã do mundo.
Ele tenta, esse é seu álibi. Foi buscar a bola no meio exatamente porque não há outro atleta criativo por ali — o técnico Jorge Sampaoli, mais uma vez, ignorou o habilidoso Dybala. Com estilo parecido ao de Messi, o jogador da italiana Juventus poderia dividir as preocupações da marcação croata e liberar o colega para ficar mais perto do gol. Quando entrou, tardiamente, não foi essa a solução proposta pelo técnico.
O gesto da cabeça baixa durante o hino nacional, imagem que instantaneamente rodou o mundo como profecia, foi repetido por Messi quando o goleiro Caballero piorou a situação platense aos oito minutos do segundo tempo. Ao tentar um passe de cavadinha, ele presenteou o grandalhão Rebic no primeiro gol croata. A posição de ‘portero’ é um drama histórico na Argentina, que desde Fillol (campeão do mundo em 1978) não tem um nome incontestável na posição.
Com a derrota iminente, Messi tentou mais. Recorreu a suas habituais arrancadas, mas foi barrado em todas. Numa delas, irritou-se com Strinic. Nervos à flor da pele do camisa 10 do Barcelona contrastando com a tranquilidade com que o camisa 10 do Real Madrid, Modric, limpou a defesa alviceleste e fez o segundo gol, aos 35. Chute a gol de Messi, durante todo o jogo, apenas um, numa raríssima vez em que pisou na grande área.
Sampaoli, o badalado estrategista contratado para salvar a Argentina de um vexame nas Eliminatórias, chegou à Rússia sem esquema tático definido. Foi de quatro defensores contra a Islândia para três contra a Croácia. Criou uma peneira, humilhada no terceiro gol, quando Rakitic escolheu o canto e deixou um saldo negativo pesadíssimo para o time de Messi decidir sua sobrevivência na terceira rodada.