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Atriz pornô lança livro que conta detalhes de sua relação com Donald Trump

A mulher falou ainda sobre sua vida pessoal e o valor recebido para não falar nada sobre o encontro com o presidente

Por O Globo 04/12/2018 09h09
Atriz pornô lança livro que conta detalhes de sua relação com Donald Trump
A atriz pornô teria aceitado o silêncio, às vésperas da eleição de 2016, em troca de US$ 130 mil - Foto: MANDEL NGAN / AFP

A noite de segunda-feira (03) foi de estreias para muitas pessoas na capital americana: foi a primeira vez que Stormy Daniels — atriz pornô que acusa Donald Trump de ter pago ilegalmente pelo seu silêncio — lançou na cidade seu livro com detalhes picantes sobre o suposto caso com o presidente americano. E, para a grande maioria da plateia, foi um contato inédito com uma stripper, atriz e diretora pornô. Ela não pôde ficar para a tradicional noite de autógrafos, pois iria se apresentar em uma "casa adulta" de Washington.

Na Politics and Prose, livraria aberta ao debate no elegante e progressista bairro de Chevy Chase, dezenas de pessoas, a maior parte idosa, se deliciaram com as opiniões de alguém que, na segregada sociedade americana, não faz parte de seu mundo. Mas o que une a atriz pornô — acompanhada todo o tempo por dois seguranças — e parte da elite da capital do país é a rejeição a Donald Trump.

“Foi a primeira vez que ouvi e vi uma atriz pornô pessoalmente e me surpreendi”, afirmou a aposentada Ellen Jones, de 76 anos. “Achei impressionante a honestidade dela, que, apesar de ter uma profissão mal vista, tem mais crédito que o presidente e seus assessores. Eles atacaram esta mulher, acusaram-na de mentir, mas sentimos verdade nela, autenticidade e segurança”.

Em um raro debate sobre seu livro "Full Disclosure" (Revelação Total), Stormy Daniels foi além dos detalhes picantes sobre a sua suposta relação com o homem mais poderoso do planeta. Se no livro chama a atenção a descrição que fez do pênis de Trump (de que parece um cogumelo), e do sexo com ele "menos que razoável", na palestra comandada pela premiada jornalista Sally Quinn o que fez o público dar sua maior risada foi a revelação de que Trump transou com ela, segundo a autora, de meias.

A sete quilômetros da Casa Branca, Stormy, cujo nome de batismo é Stephanie Gregory Clifford, criticou o presidente e sua equipe. A revelação de que ela teria aceitado o silêncio, às vésperas da eleição de 2016, em troca de US$ 130 mil, pode criar dor de cabeça para Trump. Se for provado que este dinheiro foi uma espécie de doação ilegal de campanha, feita pelo então advogado de Trump, Michael Cohen, isso poderá ser base até mesmo para um pedido de impeachment do presidente.

Ela voltou a afirmar que não sabe, honestamente, porque aceitou transar com Trump, e reafirmou que ele nem sequer pensou em usar camisinha com ela em 2006, quando seu filho mais novo tinha poucos meses de vida. Stormy Daniels negou que o valor que recebeu tenha sido uma compensação pelo sexo com o atual presidente.

“Se isso fosse verdade eu seria uma prostituta. E pior, uma prostituta barata”, disse ela, que já vendeu mais de um milhão de cópias de seu livro.

Na conversa com Quinn, Stormy Daniels tratou de temas espinhosos de seus 39 anos de vida, como quando foi violentada quando tinha 9 anos. Contou sobre seu amor por animais ("quando era criança eu não brincava com Barbies, mas com cavalos") e que, para tratá-los melhor, entrou para o mundo do striptease. Ela afirmou que sempre encarou seu trabalho com naturalidade, embora tenha deixado a plateia comovida com frases de efeito.

Rejeitando o título de feminista, por não querer ficar presa a um rótulo, criou uma empatia direta com a plateia ao afirmar que não mente para a sua filha de 8 anos. Ela diz que vai contando à criança aos poucos sobre sua profissão, e que caberá a ela entender os detalhes à medida que for crescendo.

“Eu não afirmo para ela que sou uma enfermeira, uma pilota de avião ou qualquer outra coisa, embora algumas vezes até me passe por pessoas dessas profissões”, disse a atriz, aos risos.

Ao ser questionada sobre o que pensaria se sua filha seguisse seus passos, foi direta:

“Ela tem a vida dela, o corpo dela, as decisões dela. Só acho que, com a internet e a pirataria, não há mais tanto dinheiro na indústria pornô”.