Trump admite que reembolsou advogado por silêncio de atriz pornô
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, admitiu nesta quinta-feira (3) que reembolsou os 130 mil dólares que seu advogado Michael Cohen pagou à estrela pornô Stormy Daniels por seu silêncio sobre um relacionamento com o magnata.
A afirmativa ocorre depois de o presidente ter negado algumas vezes que tivesse feito qualquer pagamento à atriz. O primeiro a confirmar que Cohen foi reembolsado foi Rudy Giuliani, ex-prefeito de Nova York e advogado de Trump, em entrevista à Fox News na quarta-feira.
A polêmica em torno do caso envolve a acusação de que Cohen poderia ter violado as leis de financiamento de campanha porque seu pagamento representava uma contribuição com o objetivo de evitar informações prejudiciais na imprensa.
Pelo Twitter, Trump confirmou o reembolso e disse que o dinheiro de sua campanha "não teve papel" na transação envolvendo o advogado e Stormy Daniels, cujo verdadeiro nome é Stephanie Clifford.
"O sr. Cohen, advogado, recebeu um pagamento mensal, não da campanha e nem relativo a ela, pelo qual ele entrou, por meio de reembolso, em um contrato privado entre duas partes, conhecido como acordo de confidencialidade. Esses acordos são comuns entre celebridades e pessoas ricas", escreveu Trump, dizendo que o acordo está válido.
"Ele foi usado para interromper as falsas e extorsionárias acusações que ela [atriz] fez sobre uma relação, apesar de já ter assinado uma carta admitindo que não houve relação. Antes dessa violação da srta. Clifford e seu advogado, esse era um acordo privado. Dinheiro da campanha, ou contribuições da campanha não tiveram papel nessa transação", disse o presidente.
130 mil dólares para que acusação de infidelidade não chegasse à imprensa
Cohen entregou à Stormy Daniels 130 mil dólares pouco antes da eleição presidencial de 2016, em troca de seu silêncio sobre uma relação que teria mantido há alguns anos com o atual presidente quando ele já estava casado com a primeira-dama, Melania.
"Este dinheiro pago pelo advogado (...) o presidente reembolsou ao longo de vários meses", disse Giuliani, que recentemente se uniu à equipe legal de Trump. Ele afirmou que o pagamento não violou as regras de financiamento de campanha, porque "não envolveu dinheiro de campanha". "Foi perfeitamente legal", declarou.
Giuliani também afirmou que possui documentos que demonstram que Trump reembolsou o advogado, o que, disse, "elimina a possibilidade de violação do financiamento de campanha".
Segundo ele, o reembolso foi feito por parcelas de 35 mil dólares mensais, "procedentes da conta pessoal de sua família [Trump]", disse Giuliani ao New York Times. O ex-prefeito explicou que Trump pagou a Cohen entre 460 mil e 470 mil dólares com este método, para reembolsar a quantia paga à atriz pornô, além dos "gastos adicionais".
Cohen enfrenta problemas legais. O FBI realizou uma operação em sua residência e em seu escritório no início de abril. Os agentes confiscaram documentos e outros materiais relacionados com uma investigação criminal. As autoridades não divulgaram detalhes sobre o suposto envolvimento do advogado.
Atriz busca anular acordo com Trump
A atriz busca que a Justiça anule o acordo de confidencialidade firmado com Cohen para manter em sigilo a relação com o magnata republicano.
Daniels diz ter tido uma relação com Trump em 2006 e 2007, quando ele já estava casado com Melania e o filho dos dois, Barron, era bebê.
No fim de março, a atriz revelou detalhes de sua suposta relação com Trump em uma entrevista à CNN, e disse que, em 2011, quando tentava vender sua história à revista Touch, foi ameaçada por um desconhecido em um estacionamento em Las Vegas.
Daniels apresentou uma ação contra Trump na segunda-feira por difamação, depois que ele negou que ela teria sido ameaçada por um homem que o representava em 2011.
"Havíamos advertido meses atrás que seria demonstrado que o povo americano foi enganado sobre o pagamento dos 130.000 dólares e sobre o que Trump sabia", reagiu no Twitter o advogado da atriz, Michael Avenatti.
"Todo americano, não importa quais as suas opiniões políticas, deveria sentir-se escandalizado", completou.