Operação da PF investiga esquema de desvio na merenda escolar em Roraima
Ex-secretário adjunto da Educação foi preso na ação batizada de Tântalo
A operação Tântalo da Polícia Federal prendeu o ex-secretário adjunto da Educação de Roraima Shiská Palamitshchece Pereira nesta terça-feira (4) em Boa Vista. A ação mira esquema de desvio de recursos da merenda escolar e cumpre cinco mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão.
De acordo com a PF, a quadrilha formada por servidores públicos e empresários desviou recursos do Programa Mais Educação entre os anos de 2016 e 2018. Nas investigações, a PF encontrou comida vencida e até ossos sendo servidos no lugar de carne aos estudantes da rede pública.
Shiská Pereira, que também já foi adjunto da Fazenda e da Casa Civil no governo de Suely Campos (PP), foi preso em casa no bairro Cidade Satélite, na zona Oeste da cidade, por volta das 6h (8h de Brasília). Os policiais que foram ao endereço tiveram de arrombar a porta da residência porque ninguém atendeu aos chamados. Ele foi levado à sede da PF.
Os mandados foram expedidos pela 4ª Vara da Justiça Federal em Roraima que concedeu também a quebra do sigilo fiscal e bancário dos envolvidos. A ação tem apoio do Ministério Público Federal.
O governo do estado foi procurado, mas ainda não se manifestou. A defesa de Shiská Pereira informou que só vai se manifestar após tomar conhecimento do teor das investigações.
Na apuração, a PF levantou que a quadrilha emitia atestados falsos sobre o recebimento de produtos adquiridos pelo estado e entregava só parte dos itens vendidos ou os substituía por itens mais baratos. Não foi divulgado o valor exato desviado no esquema.
"Depoimentos relataram que, no início da fraude, a empresa deixava de entregar por volta de 30% dos produtos faturados, mas nos últimos meses a situação se agravou a ponto de não entregar produto algum", informou a polícia em nota à imprensa.
Ainda nas apurações, a PF descobriu que não chegava carne às escolas e funcionários tiravam dinheiro do próprio bolso para incrementar a alimentação dos estudantes. Houve casos em que os investigadores constataram que ossos eram colocados no feijão ao invés de carne e o mesmo grão foi achado vencido em várias escolas.
A situação ocorria ao passo que o estado recebeu, só entre março e novembro deste ano, um total de R$ 5,7 milhões pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
O nome da operação é uma referência à mitologia grega. Tântalo é um personagem que foi castigado a nunca conseguir alcançar água e alimentos, apesar de viver cercado em abundância.
Outra operação
Na semana passada, outra operação da PF prendeu Guilherme Campos, filho da governadora Suely, derrotada nas últimas eleições ainda no primeiro turno. Ele é suspeito chefiar esquema que movimentou R$ 70 milhões do sistema prisional.
Segundo as investigações, Campos era o verdeiro dono da firma Qualigourmet que fornece alimentação nas unidades prisionais do estado.
A empresa, conforme a PF, era registrada em nome de "laranjas" e o esquema tinha participação de ex-secretários de justiça e de deputado eleito. Ao todo, 11 pessoas foram presas na operação batizada de Escuridão.