Preso por estupro, ex-secretário de cidade baiana apanha de companheiros de cela
Alexsandro Souza Sena foi agredido com socos e pedaços de pau
Um ex-secretário de administração da cidade de Juruçu, na Bahia, foi espancado por companheiros de cela no Conjunto Penal de Teixeira de Freitas, onde cumpre pena de 11 anos por estupro.
Segundo informações do site Correio24horas, Alexsandro Souza Sena, 38 anos, apanhou com socos e um objeto semelhante a um pedaço de pau, que estava enrolado em um pano. O espancamento se tornou público esta semana, através de um vídeo que circulou em redes sociais, gravados pelos próprios colegas de cela, que se revezaram nas agressões.
O vídeo do espancamento, segundo a Polícia Civil, foi gravado em dezembro de 2018, quando Sena voltou ao regime fechado, depois de beneficiado com o regime semiaberto – ele foi preso novamente no dia 11 de dezembro, também por estupro.
A condenação de Sena é referente a um estupro que ele cometeu em 2015 a uma jovem de 18 anos, em Itamaraju, onde tentou ainda estuprar duas adolescentes de 14 anos. Ele foi preso pela segunda vez após estuprar uma mulher de 25 anos, no ano passado, em Teixeira de Freitas.
Em todos os relatos, Sena, que ocupou o cargo de secretário entre 2009 e 2012, em Jucuruçu, invadiu a casa das vítimas pulando o muro. No caso de uma das jovens de 14 anos, ele realizou cinco tentativas de invasão e, em uma delas, foi perseguido e atropelado pelo pai da garota, mas conseguiu fugir.
Em Jucuruçu, de acordo com a polícia, ainda no cargo de secretário, Sena tinha fama de “voyer”. Ou seja, ele gostava de espionar mulheres em trajes íntimos, principalmente vizinhas.
De acordo com o delegado Ricardo Amaral, da Delegacia Territorial de Teixeira de Freitas, o ex-secretário passou por exame de corpo de delito, depois das agressões, e os detentos identificados nos vídeos foram ouvidos. O caso está sendo apurado como lesão corporal leve.
“Apesar disso, na conclusão das investigações, os autores podem ser indiciados pelo crime de tortura. Isso porque para se configurar o crime de tortura não se exige que a lesão corporal seja grave ou gravíssima, bastando que o sofrimento físico tenha sido imposto à vítima como forma de obter informação ou confissão, como ficou demonstrado na parte final do vídeo divulgado”, afirmou o delegado.
De acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária da Bahia (Seap), “desde o acontecimento, o interno Alexsandro está em cela de seguro e não mais divide cela com os demais internos do pavilhão”.
A Seap informou que “as causas do espancamento já estão sendo apuradas pela comissão disciplinar através de Portaria exarada pela Direção do CPTF sob número 106 de 17/12/2018.”
“Quando os agentes identificaram que o interno Alexsandro fora espancado por outros internos, de imediato foi retirado do pavilhão e conduzido à enfermaria para os primeiros atendimentos e, posterior, para a Coordenadoria da 8ª Coorpim de Teixeira de Freitas, para confecção de boletim de ocorrência e exames de corpo e delito”, diz a Seap.
“De imediato, foi instaurada portaria para apuração da agressão e identificação dos internos envolvidos, ressaltando que não tínhamos conhecimento do vídeo que está circulando na mídia. O que facilitará na identificação e punição dos envolvidos”, completa a nota.
Nem a Seap, nem a Polícia Civil, informaram se já foi feita revista nas celas ou se ainda será, para apreensão de celular com acesso à internet.
Segundo dados da Seap, atualizados na quarta-feira (9), o presídio de Teixeira de Freitas está com excedente de 380 presos – são 696 no local, construído para abrigar 316.
Este é o segundo caso de agressão entre presos, em presídios da Bahia, nesta semana. No domingo passado, num intervalo de 5 horas, três detentos do Conjunto Penal de Eunápolis sofreram facadas durante brigas entre facções. O caso está sendo investigado pela Seap.