Médicos cubanos oferecem ajuda no atendimento às vítimas de MG
Tragédia deixou ao menos 37 pessoas mortas e cerca de 250 desaparecidos

Médicos cubanos que ficaram no Brasil após o fim da parceria com o programa Mais Médicos oferecem ajuda no atendimento às vítimas do desastre de Brumadinho (MG).
O rompimento da barragem da mineradora Vale nesta sexta-feira (25) deixou ao menos 37 pessoas mortas e cerca de 250 desaparecidos. Após a tragédia, dezenas de profissionais cubanos se colocaram à disposição do governo brasileiro e marcaram o presidente Jair Bolsonaro (PSL) em postagens nas redes sociais.
"Na faculdade juramos ajudar as pessoas que precisam, e a tragédia de Brumadinho foi muito triste", diz a doutora cubana Griela Tirse. Ela participou do programa Mais Médicos e hoje espera a revalidação do diploma no Brasil.
Griela reuniu 82 médicos cubanos em Minas Gerais dispostos a ajudar. A maioria dos profissionais é clínico geral, afirma, mas há profissionais com diferentes especialidades, como cardiologistas, oftalmologistas e ginecologistas. Todos aguardam algum chamado do governo.
"Os médicos cubanos ajudaram em áreas de desastre como Paquistão e na África, durante a epidemia do ebola. Cuba é caracterizada por ciclones e furacões. Portanto, nosso trabalho também é direcionado para situações de tragédia", afirma Griela.
A médica diz que a maioria dos voluntários participou do Mais Médicos. Há, entretanto, profissionais que não participaram do programa, mas que entraram com processo de refúgio e hoje vivem no Brasil.
Segundo o doutor Yuledis Legra, a comunidade médica cubana começou a se organizar na sexta-feira, logo após o rompimento da barragem. Primeiro, conta, localizou os profissionais mais próximos a Brumadinho. Depois, juntaram alimentos e roupas para doações.
"A defesa civil e a empresa responsável pela catástrofe dizem que tem atendimento médico garantido. Mas temos visto muitas reportagens sobre pessoas que ainda precisam do atendimento", afirma Legra, que é clínico geral e tem especialidade em oftalmologia.
Legra não participou do programa Mais Médicos. Ele chegou no Brasil em setembro de 2017 e solicitou refúgio. Enquanto acompanha o processo e não consegue a revalidação do diploma, ele sobrevive com marketing multinível e bicos em famárcias.
"Estamos prontos e aguardando ordens para ir a Brumadinho. Não queremos fazer algo sem autorização para que não sejamos mal interpretados depois", afirma Legra. "Nós cubanos temos o espírito de ajuda no sangue."
Chamados de "escravos" durante o programa Mais Médicos, cubanos se manifestaram pelas redes sociais e afirmaram que agora estão "livres" para ajudar.
"Ainda estamos presentes no Brasil. Agora para trabalhar de forma livre e ajudar o povo brasileiro. Não esqueçam: ainda somos médicos e o povo necessita", disse pelo Twitter Omar Ramos Martinez.
Diferentemente do que acontece com os médicos brasileiros e de outras nacionalidades, os cubanos do Mais Médicos recebiam apenas parte do valor da bolsa paga pelo governo do Brasil. Isso porque, no caso de Cuba, o acordo que permite a vinda dos profissionais é firmado com a Opas (Organização Panamericana de Saúde), e não individualmente com cada médico.
Pelo contrato, o governo brasileiro pagava à Opas o valor integral do salário, que, por sua vez, repassava a quantia ao governo cubano. Havana pagava uma parte aos médicos (cerca de um quarto), e retinha o restante.
Dois meses após o anúncio da saída de Cuba do Mais Médicos, cubanos que ficaram no Brasil buscam meios de se manter e se regularizar. O número de pedidos de refúgio de cubanos no Brasil dobrou após saída do Mais Médicos.
Em nota divulgada pelo Ministério da Saúde do país caribenho, a decisão pelo fim da parceria foi atribuída a questionamentos feitos pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), à qualificação dos médicos cubanos e ao seu projeto de modificar o acordo, exigindo revalidação de diplomas no Brasil e contratação individual.
Nesta sexta, o rompimento da barragem liberou 13 milhões de metros cúbicos de rejeitos, que entraram no rio Paraopeba. A estimativa é a de que esse volume represente um quarto do que foi liberado no acidente com a barragem de Fundão, em Mariana, que pertencia à Samarco, empresa controlada pela Vale e pela BHP Billiton.
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